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8 impossibilidade – ou incapacidade – de as empresas investirem o que foi aplicado na cobertura da Amazônia pela revista. Qual seria o valor atual? Seria bom fazer um cálculo exato. Mas nunca ficaria abaixo do milhão de reais. Em segundo, pela qualidade da equipe comandada com maestria por Raimundo Rodrigues Pereira. O trabalho levou o tempo de um parto, nove meses, para ser finalizado. Nesse período, os repórteres contaram com todos os meios de transporte disponíveis, incluindo numerosos fretes de pequenos aviões, para ir onde fosse necessário para documentar ‘de maneira definitiva o momento mais dramático da Amazônia’”. Um dos grandes nomes na cobertura das agressões à região amazônica, tendo inclusive acumulado diversas ameaças e ataques pessoais e jurídicos ao longo de sua carreira, Lucio Flavio explica que a revista documentou o período de “ocupação agressiva” da Amazônia, com estradas e exploração de diversos tipos: “Foi uma felicidade para mim ter integrado a equipe. Aprendi com Raimundo um tanto do que apenas dois outros jornalistas me ensinaram: Cláudio Augusto de Sá Leal, em Belém, e Raul Martins Bastos, em São Paulo. No final da jornada eu tinha certeza de que minha tarefa não era olhar para a Amazônia de um promontório paulistano, mas varejando por suas trilhas, à cata dos fatos, de uma verdade, da história”. De volta à floresta Três anos após perder uma perna ao pisar em uma mina no Vietnã, enquanto realizava a cobertura da guerra para a mesma Realidade, José Hamilton Ribeiro de repente se via novamente desbravando uma floresta desconhecida, ainda que em outro contexto histórico: “O acesso era muito difícil, tinha muita mata e dificuldade de comunicação e transporte interno. Naquela época, foi um desafio muito grande fazer um retrato tão rico daquela região. Foi uma experiência editorial ímpar até aquele momento”. Ele explica que, para produzir a revista, a equipe precisou superar muitos desafios inéditos e momentos cruciais ao longo de nove meses. “A Realidade, por natureza, oferecia aos leitores cerca de 12 a 15 reportagens por edição, cada uma voltada para um assunto diferente. No caso da edição sobre a Amazônia, todas as reportagens eram sobre diferentes aspectos da mesma região. A ideia era fazer com que elas fossem únicas, cada uma com seus aspectos singulares e que pudessem ser aproveitadas em sua unidade, mas de modo que elas também não se encavalassem umas com as outras. Cada reportagem tinha um olhar específico”. “A sucessão de reportagens criou um caleidoscópio que causou deslumbre na época”, lembra. “Pode-se dizer que imprensa brasileira jamais fez alguma coisa do nível da Realidade-Amazônia, e muito se deve ao trabalho do Raimundo Pereira. Ele foi o homem que teve a ideia da edição, pensou na pauta e acompanhou toda a execução. Durante a concepção do especial, ele foi repórter de campo, editor e chefe de reportagem, tudo ao mesmo tempo, e concebeu todas as reportagens de forma a fazer um mostruário da Amazônia como nunca se vira até então, um feito da imprensa brasileira que não se repetiu”. Para ele, já está na hora de fazer um novo trabalho sobre a Amazônia atual, tão grandioso e complexo como a da Realidade, atualizando o panorama apresentado pela revista na época: “Seria extraordinário poder refazer aquele especial com o olhar de hoje, um retrato atual que tivesse aquela edição da Realidade de fundo para mostrar o que mudou na Amazônia de lá para cá, o que permaneceu igual, e fazer um documento nesse sentido”. José Hamilton Ribeiro TV Cultura/YouTube

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