9 Ranking]. Nós pensamos nesse projeto numa época em que vários “muros” e divisões estavam sendo erguidos pelo mundo, o assunto era bem pertinente. Foram viagens incríveis, todas únicas. Visitamos zonas de conflito, com muita tensão, entre Estados Unidos e México, Quênia e Somália, Sérvia e Hungria, além de muros internos no Peru e Brasil. Passamos então por África, Europa, América e Oriente Médio. Nessa viagem foi a primeira vez que eu usei um drone. Foi um projeto supermultimídia, com imagens em 360 graus. Foi um projeto incrível e que, no começo, parecia inviável e impossível. Era muita grana para as viagens. Tentamos patrocínio por fora, mas não conseguimos. E no fim, a Folha bancou tudo e esse trabalho acabou sendo um dos mais premiados do jornal. J&Cia/PJ – E sobre a série Pantanal em Chamas, o que você sentiu ao ver toda aquela destruição e ao tirar a foto emblemática do macaco carbonizado? Lalo – Esse trabalho foi muito marcante para mim. Na época, estávamos fazendo um projeto chamado Amazônia sob Bolsonaro. Então, nosso foco estava 100% na Amazônia. Eu estava trabalhando com meu amigo Fabiano Maisonnave, que na época era correspondente em Manaus. E a gente começou a receber notícias de que os focos de incêndio no Pantanal estavam crescendo, lá perto de junho, julho. E aí já tínhamos viagem marcada para Amazônia, mas decidimos ir para o Pantanal antes da Amazônia. E, sendo sincero com você, estávamos meio desinformados. Para falar a verdade, a gente sabia que a situação estava feia, mas não tínhamos noção do quão grave estava. Quando chegamos lá, foi um grande susto. O céu estava lindo e azul, achávamos que não tinha tanto fogo assim, mas conforme fomos chegando perto do Sesc Pantanal, na região de Poconé, que era o lugar onde estavam concentrados os incêndios, de repente surgiu um muro de fumaça, era fogo por todo lado. Não tínhamos noção do tamanho dos incêndios. Na Amazônia, o que ocorre normalmente com os incêndios é o seguinte: o pessoal derruba as árvores pois não consegue colocar fogo com elas em pé, pois são muito úmidas. Então, primeiro derrubam árvores, esperam a vegetação secar e colocam fogo quando a vegetação já está nte, publicada no final de 2013 Muro entre México e Estados Unidos, destacando parte dele dentro d’água, da série Um Mundo de Muros (2017)
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