8 fotografar, editar, revelar, ampliar, até conseguir vender o peixe para o editor. Cheguei a cobrir a Guerra da Bósnia, no começo dos anos 1990, por uma outra agência, cobertura essa que também foi uma grande escola de aprendizado para mim. Aí chegou um ponto em que achei que era a hora de voltar ao Brasil, um país muito rico, com muitas histórias para contar. Mas quando cheguei não conhecia ninguém. Trabalhei alguns meses no Estadão e na revista Veja, mas as coisas não estavam fluindo. Foi então que um editor da Folha de S.Paulo me ligou e me convidou para trabalhar lá. Fui pensando que não ia durar muito, com a ideia de ficar no máximo um ano, e olhe lá. E o que era para ser apenas um ano acabou virando 30. Estou perto de completar 31 anos de Folha. E não me arrependo. É um lugar incrível, que tem um ambiente que exala vontade de criar, de contar histórias. Foi justamente na Folha que fiz alguns dos melhores projetos da minha carreira. Acredito que o jornal me possibilitou fazer trabalhos que em poucos lugares do mundo eu conseguiria. J&Cia/PJ – O seu interesse em cobrir questões socioambientais surgiu por causa de suas viagens ou algum outro fator te deu aquele “estalo”? Lalo – Acho que um pouco dos dois. Sinto que tive um retorno às minhas raízes no sentido de que gosto muito de fotografar no meio da natureza, prefiro fotografar em ambientes afastados, rurais, estar no meio desses lugares remotos. Sinto que consegui juntar no meu trabalho hoje aquele desejo de estar fotografando no meio da natureza, e ao mesmo tempo colocando o jornalismo nisso tudo, contando as histórias, as ameaças que rondam esses biomas. Mas creio que teve um momento muito importante na minha carreira, que considero uma virada de chave em vários sentidos, que foi o trabalho sobre Belo Monte. Esse trabalho me fez entender essa ocupação predatória na Amazônia, e foi a partir dele que comecei a fazer muitos projetos especiais multimídia para a Folha. J&Cia/PJ – Sobre o projeto Um Mundo de Muros, como foi vivenciar e cobrir essas divisões entre as populações de países e regiões tão distintos? Lalo – Foi um projeto fantástico. Trabalhei ao lado de Patrícia Campos Mello, uma das melhores jornalistas do Brasil [N. da R.: Patrícia também foi a +Premiada Jornalista do Ano nas edições 2019 e 2020 do Lalo durante a cobertura das queimadas no Pantanal em 2020 Foto de capa do projeto A Batalha de Belo Mon
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