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14 J&Cia/PJ – Quais são suas referências no fotojornalismo? Lalo – Acho que não tenho uma ou algumas referências específicas. Creio que é muito mais um processo em que você vai “pescando” uma coisa ou outra de vários colegas, de trabalhos que você vê, tudo vai te fazendo pensar, e você vai criando aquele “caldo” na sua cabeça e aí sai a inspiração, o jeito que você enxerga as coisas. Mas para citar alguns, aqueles que considero os “mestres” da fotografia, trabalhos referências na história, falo sobre Eugene Smith, fotógrafo americano fantástico. Teve seu auge nos anos 1950-1960, tem trabalhos incríveis. E o admiro pela persistência, pela obstinação de tentar contar histórias do melhor jeito possível, a forma como se doava pelas histórias. Admiro muito também o Sebastião Salgado, não só pelas fotografias, mas como ele conseguiu viabilizar os projetos, é um cara que pensa grande, que pensou fora da caixa e conseguiu fazer trabalhos sobre os grandes temas da humanidade. É um cara que, quando comecei a estudar fotografia, no começo dos anos 1990, ele já estava na história da fotografia. E continuou trabalhando depois de mais 30 anos, produzindo que nem um louco, trabalhos importantes, então admiro também essa longevidade. J&Cia/PJ – Quais dicas você daria para jornalistas que querem ingressar no fotojornalismo? Lalo – Acredito que o mais importante é encontrar um tema em que você tenha um interesse genuíno, que você não esteja fotografando só por trabalhar. Isso faz toda a diferença no trabalho final, e você consegue fugir de estereótipos. Em termos de carreira, de fato, é uma carreira dura. Eu peguei muitas transições, do preto e branco para o colorido, depois para o digital, depois a chegada da internet e das redes sociais. E eu tentei sempre me adaptar a essas realidades que foram aparecendo. A indústria do fotojornalismo deu uma derretida. Mas tento ver o lado bom das coisas. Com a internet e os avanços tecnológicos, conseguimos publicar hoje com muito mais qualidade, e temos espaços quase infinitos para expor nossos trabalhos. O grande desafio é viabilizar tudo isso em termos econômicos, mas em relação a possiblidades criativas, vejo muitos caminhos hoje em dia. J&Cia/PJ – E o que vem de novo por aí? Novos projetos, grandes reportagens multimídia? Lalo – Eu consegui recentemente uma bolsa incrível da National Geographic Society, um financiamento. Com isso, vou fazer um trabalho sobre os impactos das mudanças climáticas nas populações amazônicas, principalmente indígenas e ribeirinhas. A ideia é falar sobre como as mudanças climáticas mudam os modos de vida dessas populações, que são pessoas que estão muito conectadas aos ciclos naturais, e de repente encontram uma nova realidade climática, e como eles estão se adaptando (ou não) a essas novas realidades. E tem um outro trabalho, com financiamento de uma fundação norueguesa, em parceria com Vinicius Sassine, sobre grandes obras na Amazônia. É um trabalho que vai sair na Folha, e não posso adiantar muitas coisas. Mas é um projeto que vai durar pelo menos um semestre. Só nesse ano de 2025, tenho pelo menos umas 12 viagens marcadas para a Amazônia.

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