#diversifica

No 2 – Pág. 8 Olhar para a diversidade em redações, ou até mesmo no ambiente corporativo, vai muito além de contar com profissionais diversos nas equipes. Sem uma política que lhes garanta liberdade, acolhimento e garantias de que suas demandas e pautas serão ouvidas, este movimento jamais será efetivo e seus benefícios, dificilmente percebidos. Cofundadora da Agência Amazônia Real, Elaíze Farias é um exemplo claro dessa realidade. De origem indígena, ela nasceu em Parintins, no Amazonas, e é jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas. Emmais de 25 anos de carreira, passou por veículos consagrados em sua região, entre eles os jornais A Crítica, Diário do Amazonas e Amazonas em Tempo. “Mesmo sendo de origem indígena, e atuando em uma região em que a presença e o impacto destes povos no cotidiano são claros, cansei Redações diversas... Fontes diversas... Conteúdos diversos... Públicos diversos... de não conseguir publicar reportagens onde este público pudesse ser ouvido de forma igual, e não desigual como é a cobertura tradicional”, relembra. Para tentar mudar essa realidade, em 2013, ao lado de Katia Brasil, ela fundou a Amazônia Real, agência de notícias que tem em sua missão a “busca de grandes histórias da Amazônia e de suas populações, em especial daquelas que não têm espaço na grande imprensa”. “Criamos um canal onde a gente falasse de populações que raramente teriam vozes, como protagonistas daquela narrativa”, explica Elaíze. “Pra mim, jornalismo local tem uma perspectiva muito ampla, muitas vezes mais significativa de maneira global do que o chamado jornalismo criado pela imprensa nacional. A Amazônia Real sempre teve um posicionamento claro de dar espaço para essa população excluída, marginalizada, e que tem pouco foco nas pautas que são mais predominantes na chamada grande imprensa”. Segundo ela, o fato de a Amazônia Real ter sido criada por duas mulheres, uma indígena e outra negra, para falar sobre assuntos da Amazônia Legal, faz com que a questão da diversidade no cotidiano da publicação seja tão natural que quase passe despercebida. É essa normalidade que ela espera ver em todo o jornalismo, e que faz com que Elaíze seja muitas vezes crítica em relação à forma como o movimento vem se desenvolvendo. “Eu nunca pensei na questão de diversidade”, explica. “Eu não gosto e faço críticas porque há muita iniciativa criada só pra dizer que ela existe. Está muito forçado hoje em dia. Não basta Elaize Farias

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