#diversifica

No 2 – Pág. 4 Apesar de ainda distante de uma realidade minimamente aceitável e esperada para um país tão diverso como é o Brasil, muitas iniciativas de diversidade direcionadas ao conteúdo publicado, às fontes consultadas ou à formação de equipes já podem ser percebidas mesmo nas publicações mais tradicionais. Ainda assim ainda são muito grandes as barreiras para romper com o racismo estrutural, que muitas vezes impede que grupos minorizados tenham acesso a vagas responsáveis pelas tomadas de decisões. No jornalismo brasileiro, a Folha de S.Paulo, com seus erros e acertos, é um exemplo interessante dos desafios que a discussão sobre diversidade traz a uma publicação centenária. Em nome de manter intacto o chamado “Projeto Folha”, que “defende a pluralidade e a defesa intransigente da liberdade de expressão”, o jornal enfrentou uma crise de imagem no ano passado após a publicação de um texto em que o antropólogo e colunista Antônio Risério acusava negros de racismo contra brancos. Além de muitas críticas, o artigo resultou em uma carta assinada por 208 jornalistas criticando a postura do veículo, que estaria buscando “audiência às expensas da população negra”, algo incompatível com a missão do jornal de “estar a serviço da democracia”. Como resposta às críticas, a Folha criou pouco depois um Comitê de Inclusão e Equidade para Diversidade, com 17 jornalistas, entre eles 12 negros, um transgênero e uma travesti. Curiosamente, o jornal é uma das poucas publicações tradicionais brasileiras que conta com ações claras de diversidade em sua gestão. Destaque para sua editoria de Diversidade, comandada por Flávia Lima, e pelo Programa de Treinamento em Jornalismo Diário, que neste ano está em sua 67ª edição, a terceira exclusiva para profissionais negros. “Romper com práticas coloniais de se fazer jornalismo ainda é muito difícil”, explica Sanara Santos, produtora-chefe de formação da Énois Conteúdo. “A cultura de uma empresa é o que define se uma pessoa com perfil diverso vai conseguir se manter lá ou não. Contratar uma pessoa preta ou trans é muito fácil, mas comprar suas questões e criar um ambiente acolhedor é um desafio que nem todos estão dispostos a assumir. Isso contribui para que as redações ainda sejam pouco diversas, e quanto maior o cargo menor a diversidade”. Referência na formação de profissionais diversos e na criação de políticas, ferramentas e materiais para auxiliar a Superando barreiras por um jornalismo mais diverso e inclusivo Turma da 66ª edição do Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha de S.Paulo

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