#diversifica

No 2 – Pág. 2 A discussão sobre a adoção de práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) no mundo corporativo, seja envolvendo o próprio ambiente de trabalho ou o relacionamento de marcas com seus públicos-alvo, vem ganhando espaço cada vez mais destacado no planejamento estratégico de empresas em todo mundo. Consciência social, potencial econômico, pressão popular e até mesmo para se adaptar às chamadas práticas ESG (abreviação em inglês para Ambiental, Social e Governamental), outra política que recentemente se tornou mantra no ambiente empresarial, estão entre alguns dos motivos que ajudaram a virar essa chave. Seja a razão dessa mudança nobre ou estritamente comercial, a verdade é que a sociedade como um todo tende a se beneficiar desse movimento, que cria oportunidades e traz paras as discussões grupos tradicionalmente marginalizados. Mas se no papel esse movimento é tão louvável, como tem sido a sua adoção na prática? As empresas estão sabendo se preparar para receber, acolher e atender às demandas desses grupos tão heterogêneos e com demandas tão específicas? E o mercado de Comunicação, em especial o Jornalismo, responsável muitas vezes por ditar a narrativa que pauta a sociedade e influenciar o pensamento coletivo, tem oferecido um espaço justo e saudável na adoção de práticas de diversidade, equidade e inclusão, seja para acolher profissionais diversos ou para mudar a chave elitista que invariavelmente pautou seu conteúdo ao longo da história? A resposta não é simples. Enquanto algumas operações mais recentes já nasceram na onda desse movimento, muitas vezes inclusive para dar espaço a profissionais e públicos que não eram encontrados na chamada grande imprensa, outras tantas mais tradicionais, que carregam décadas e até mesmo mais de um século de existência, ainda vivem dominadas e sob a batuta de tomadores de decisão com o tradicional perfil “homem, branco e heterossexual”. E geralmente são esses veículos mais tradicionais os responsáveis por falar com a maior parte do público. Um exemplo dessa dominância pode ser percebido no Perfil Racial da Imprensa Brasileira, levantamento publicado em novembro de 2021 pela newsletter Jornalistas&Cia e pelo Portal dos Jornalistas, que apontou que apenas 20% dos jornalistas nas redações do País declaram-se negros. O número é quase dois terços menor do que a efetiva representação desta população no Brasil, que é de 56,2%, segundo projeções da PNAD/IBGE 2019. O levantamento não levou em consideração outros grupos minorizados, como públicos LGBTQIA+, pessoas com deficiência e populações periféricas, por exemplo, mas quem frequenta esses ambientes de trabalho sabe que a realidade não é tão diferente. Novos tempos, novas práticas!

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