#diversifica

No 2 – Pág. 15 é outro ponto crucial para esse movimento. A criação de comitês de diversidade, como o que foi criado por Sheila no Grupo InPress, ajudam a desmistificar e romper com alguns preconceitos do racismo estrutural que afeta toda a sociedade. “A gente passou muitos anos no Brasil negando machismo, negando racismo, mas a verdade é que nós somos uma sociedade racista e machista”, afirma Ellen Bileski, da Ecomunica. “Foi difícil pra mim reconhecer o racismo estrutural e entender que essa estrutura precisava ser mudada. A dica que eu daria para outros gestores é começar contratando uma consultoria, porque não é um trabalho que será feito da noite pro dia. Não é só contratar, é um trabalho muito mais profundo, de mudança cultural. Claro que colocar vagas afirmativas é importante, mas é importante criar uma jornada, commetas, e que os funcionários entendam que isso mudou”. Além disso, dar condições dignas de trabalho é outro ponto que não pode ser descuidado. No caso da Amazônia Real, por exemplo, que atua na cobertura de uma área que corresponde a quase 60% do território brasileiro, mas sem a mesma estrutura do resto do País, o investimento para garantir o trabalho de sua equipe em segurança é muito alto. Apesar da sede da agência ser em Manaus, a publicação conta com repórteres em todos os estados da Amazônia Legal, exceção apenas ao Tocantins, onde a cobertura ainda é remota. “Fazer reportagem na Amazônia é muito complicado e exige um investimento muito alto”, explica Elaíze. “Não tem como deixar a equipe desassistida. Dependendo da onde ela vai, precisa de recurso até pra segurança. A gente precisa ter muito cuidado pois é uma realidade completamente diferente da que a maioria das pessoas está acostumada. E esse cuidado não deve ser apenas com os jornalistas, mas também com as fontes”. Ela acrescenta ainda que, para não arcarem com esses custos, algumas publicações ainda adotam práticas de exploração de mão de obra, em especial a indígena, em troca de “visibilidade”: “Acontece muito por aqui de chamarem um indígena pra escrever algo sobre sua comunidade e esperar que isso seja voluntário, só porque ele teoricamente está ajudando seu povo”. Na contramão dessa política, a Amazônia Real criou o projeto Jovem Cidadão, coordenado por Katia Brasil. Ele é o resultado de duas oficinas realizadas em 2018 e 2019 para capacitação de comunicadores indígenas – uma terceira edição, direcionada a comunidades quilombolas, estava prevista para 2020, mas acabou cancelada por causa da pandemia. “São jovens que escrevem para nós a partir de sua aldeia. Quando não podiam escrever, eles relatavam e a gente escrevia, Katia Brasil, cofundadora da Amazônia Real

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