#diversifica

No 2 – Pág. 14 Uma das principais barreiras que muitos gestores ainda colocam como impeditivas para contratar profissionais com perfis diversos está na qualificação curricular. A falta de políticas públicas voltadas à formação de pessoas periféricas, a impossibilidade de investir em treinamentos, intercâmbios e até mesmo a necessidade de dividir com trabalhos fora da área o tempo que deveria ser de estudos, uma vez que programas de estágio em geral não pagam o suficiente, criam um abismo muito grande comparado a pessoas que contaram com investimento financeiro de suas famílias durante seu período de formação. Como criar ambientes de trabalho mais inclusivos? “Infelizmente, o mercado de Comunicação ainda é muito elitista”, reclama Ellen Bileski. “Em geral, gestores fazem questão de contratar pessoas só com fluência em inglês, mesmo quando o trabalho não exige. Todo mundo quer pessoas prontas, das quatro ou cinco principais faculdades do mercado. Isso impossibilita que qualquer tentativa de criar um ambiente diverso e inclusivo seja efetiva. A inclusão pelo trabalho, até pelo ponto de vista socioeconômico, é muito importante para a sociedade brasileira funcionar melhor”. Ainda que muitos estudos mostrem que a diversidade é lucrativa para as empresas, esse resultado não virá sem investimento e capacitação, ou seja, políticas focadas em equidade, que visem a eliminar as desigualdades e barreiras que a sociedade historicamente impôs aos grupos minorizados. É preciso que, dentro de suas políticas de diversidade, as empresas tenham ações claras voltadas à aceleração de carreira e aperfeiçoamento profissional. É o que está acontecendo dentro do Grupo InPress, afirma Sheila Farah: “Além do processo de recrutamento e seleção de vagas afirmativas, nós percebemos que também é fundamental investir na formação dessas pessoas. Por isso a gente vem desenvolvendo um programa de aceleração de pessoas negras e outro de jovem aprendiz também voltado pra diversidade”, explica. “A discussão da diversidade passa por vários campos e ummuito importante é o da formação”, acrescenta Sanara Santos, da Énois. “Mesmo o jornalista formado não chega numa redação já pronto. Ele precisa ser treinado, ter um plano de carreira. Funciona da mesma maneira com profissionais diversos. Infelizmente, essas pequenas barreiras fazem o jornalismo continuar sendo visto do jeito que ele é, um espaço de pessoas brancas, falando sobre um monte de coisa que em geral afetam apenas suas vidas, e sem enxergar e viver a realidade da periferia”. Mas a formação não é a única barreira para uma política de diversidade mais inclusiva. Preparar equipes para receber e acolher da melhor maneira possível profissionais diversos

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