#diversifica

No 2 – Pág. 11 Mas apesar dessa relação intrínseca entre a história de vida de jornalistas e as histórias que eles estão contando, Elaíze alerta para um outro problema que se tornou extremamente comum, principalmente em projetos mais recentes de diversidade no jornalismo: a tendência de dar espaço para perfis diversos apenas para abordarem as realidades em que estão inseridos. “Devemos ouvir negro o ano inteiro e não só em novembro”, contrapõe. “Como se negro só pudesse falar de si mesmo e não de outras áreas. Nos últimos anos eu vi muitas vagas que abriram para pessoas diversas. Mas sobre o que eles vão falar? Só sobre sua realidade? Indígena também tem conhecimento universal e pode falar sobre vários assuntos, não somente a questão indígena”. Entrevistado na primeira edição do #diversifica, publicada em setembro de 2022, Caê Vasconcelos, na época editor do programa SportsCenter, da ESPN Brasil, alertava para essa questão. Homem trans, formado dentro de um jornalismo mais focado em Direitos Humanos, em especial quando retratavam realidades próximas à sua, ele viu-se de repente dentro de um ambiente completamente diferente, atuando em uma publicação com foco em esportes, algo que sempre foi sua paixão. “Assim como acontece com pessoas de classes historicamente privilegiadas, profissionais LGBT, ou negros, indígenas ou com deficiência, por exemplo, também anseiam por escrever sobre Esportes, Política, Economia e Automóveis, entre outras editorias. Pressupor que eles só devam cobrir questões relacionadas a suas condições é mais uma maneira velada de alimentar preconceitos dentro de uma redação”, destacou Caê, que no período em que esteve na emissora do Grupo Disney, além de ajudar a ampliar o espaço para cobertura de futebol feminino, também participou de alguns conteúdos emblemáticos como as séries Atletrans e Reflexões. Mais uma prova que, com liberdade e suporte, profissionais diversos podem acrescentar novos conteúdos que antes não eram explorados, mas também participar da pauta do cotidiano, sempre com um olhar diferente que apenas a diversidade entre pessoas permite. Diversidade para falar do que também não é diverso Caê Vasconcelos e Luana Ibelli na primeira temporada do #diversifica

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