No 1 – Pág. 9 meninas de baixa renda’. Absorvente não tem gênero, gente!”. [Nota da Redação: Depois de alertada sobre o erro, a redação do G1 alterou o título para um formato inclusivo]. “Dá pra gente falar de pobreza menstrual, de aborto, de gravidez, de menstruação no geral sendo inclusivo, usando o termo ‘pessoas’, porque no fim das contas mulheres são pessoas, assim como homens trans também são. Meu corpo não é o corpo de uma mulher, é o corpo de um homem trans, que tem útero e menstrua. E nem todos os corpos que tem útero menstruam. Quantas mulheres cis não têm útero mais, porque tiveram que fazer cirurgias ou por alguma doença, por exemplo. Elas deixam de ser mulheres por causa disso? Essa é uma conversa que daria muito pra gente incluir, mas a galera ainda quer excluir”. Na dúvida, pergunte, mas há outras formas de se manter informado Durante a última edição do BBB, uma frase do ator Douglas Silva ganhou destaque na mídia. Em um papo sobre questões raciais, um dos participantes do reality show mencionou que queria aproveitar a oportunidade do programa, e de estar perto de uma pessoa como Douglas, para “aprender” coisas que não aprende em sua “bolha”. De forma atenciosa, o ator disse que “ensinar não era uma responsabilidade sua”, e que cada pessoa, sobretudo com acesso, tem que buscar por si as informações que lhe faltam. O jornalismo é uma carreira que exige constante atualização de seus profissionais, então falta de conhecimento não pode servir como desculpa para eventuais abordagens equivocadas ou preconceituosas em uma reportagem. “No celular dá pra gente ‘dar um Google’ e entender as coisas”, argumenta Caê. “Eu mesmo tenho vários textos, artigos explicando como não ser transfóbico, e não reproduzir transfobias no jornalismo. Infelizmente, acho que muitas pessoas não querem realmente escrever da forma correta. Porque a gente entra no Instagram e tem ummonte de gente fazendo conteúdo de graça, didático, e tem gente que ainda erra”. Como dica, ele recomenda acompanhar o trabalho de algumas entidades que contam com ações didáticas nas redes sociais, entre elas a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transgêneros) e a Fonatrans (Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negros e Negras). Além delas, perfis de locais de acolhimento, como a Casa Chama e a Casa 1, e de pessoas trans, também são sugestões básicas que podem auxiliar a todos. “E é claro que é importante também entender a individualidade de cada pessoa”, acrescenta. “Na dúvida, pergunte como ela prefere ser tratada e quais são seus pronomes. E algumas atitudes, em geral, devem ser evitadas, como querer saber o ‘nome morto’ da pessoa, ver imagens dela antes da transição ou saber se fez alguma cirurgia íntima. A não ser que seja para uma pauta relacionada a procedimentos cirúrgicos − e olhe lá! −, não há justificativa para que alguém queira saber como eu era antes ou se eu fiz alguma intervenção cirúrgica no meu corpo. Se eu passei por um processo tão difícil e muitas vezes doloroso, é porque não me via do jeito que era, então porque eu teria interesse em seguir sendo retratado daquela maneira. O nosso papel, enquanto jornalistas, é escutar as histórias e retratá-las, mas é possível fazer isso sem invalidar a luta e nem machucar aquela pessoa”. Professora, filósofa e integrante dos Panteras Negras na década de 1970, Angela Davis é hoje uma das principais referências para Caê na luta contra a discriminação social e racial. Para ele, a máxima de que não basta não ser racista, é preciso ser antirracista, defendida por Davis, também se aplica à causa LGBT. “Não fui eu que criei a transfobia, não foi nenhuma pessoa trans, foram as pessoas cis. Então, é preciso que os jornalistas realmente se engajem nesse tema. Alguns se questionam por não ser o seu lugar de fala. Tudo bem, você pode não dar uma palestra sobre a questão trans, mas pode ser sensível em seus textos. É muito estranho pensar que tem jornalista que não é sensível para as pautas”. Muito além da pauta LGBT Respeito, integração, acolhimento, isonomia. Todas estas são características fundamentais para um bom trabalho de inclusão dentro de um ambiente de trabalho, mas um outro aspecto essencial, e que muitas vezes passa despercebido, é o de permitir que esses profissionais não sejam lembrados apenas pelas suas lutas. Assim como acontece com pessoas de classes historicamente Apoio temático:
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