#diversifica

No 1 – Pág. 16 particularidades que variam de inúmeras maneiras, de acordo com a condição de cada indivíduo, e por isso abrem um leque muito grande de aprendizado e possibilidades. Vamos tomar como exemplo as competições de natação nos últimos Jogos Paralímpicos de Verão, realizados no ano passado em Tóquio. Para cada estilo (livre, costas, borboleta e medley), distância (50, 100, 200 metros etc.) e gênero (masculino, feminino e misto), a competição ainda previa a divisão dos atletas em até 13 categorias, de acordo com o grau de suas limitações. O resultado foi um grande esforço inclusivo e 146 competições diferentes realizadas. Entender o debate sobre pessoas com deficiência e suas possibilidades é olhar para esse quadro complexo de variações e perceber que não há uma resposta simples e única para o todos. “O que percebo é que as pessoas têmmuita pressa para relatar determinadas coisas”, explica Jairo. “Elas não ouvem e de repente lançammão do que acham que sabem e por isso podem escorregar. Você precisa ter a humildade de dizer que não compreende aquele universo e que gostaria de compreender mais. E se não conseguiu de uma Patrícia dos Santos, Daniel Dias, Joana Neves e Talisson Glock no pódio do 4x100 livre 20 pontos, durante a Paralimpíada de Tóquio maneira definitiva, mergulhe ainda mais, procure outros mares, pegue um escafandro e busque maneiras de estar de fato dentro daquela nova realidade”. O próprio Jairo, mesmo commais de duas décadas de cobertura de temas relacionados à inclusão, relembra de uma reportagem recente com pessoas com dificuldade de fala: “Para mim, foi um desafio muito interessante, porque você precisa mudar o tempo. É uma dinâmica bem diferente, pois são pessoas que precisam de um outro tempo para pensar, para elaborar suas frases. Essa reportagemme transformou muito, porque tive que ouvir mais atentamente, com mais calma, e deixar de lado a minha ansiedade pelas próximas perguntas para dar o espaço que aquela pessoa precisava para falar”. “Vamos errar, é natural do nosso trabalho, mas gosto de lançar mão de uma expressão de um dos meus primeiros chefes − e que acho que muita gente já ouviu: diante de um entrevistado, você deve pedir para ele fazer de conta que você é uma criança de cinco anos, pois precisa entender profundamente as questões. Essa é uma dica preciosa, pois você precisa ouvir as demandas e informações de maneira bem atenta, e ter a humildade de entender que não sabe tudo sobre aquele universo”, conclui. Confira a íntegra da entrevista com Jairo Marques no YouTube, e em podcast, em Spotify, Orelo, Google Podcasts e Amazon Music.

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