Jornalistas&Cia 1522

Edição 1.522 - pág. 35 ANOS Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected] – 11-99689-2230) • Editor executivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-0777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Ana Laura Ayub ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-99915-1295 (cvc@ jornalistasecia.com.br) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected]. br – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro (silvio@jornalistasecia. com.br – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539) no jornalismo informatizado, a partir da digitação de textos em terminais de vídeo. Conheci o equipamento jurássico em 1992, depois que, numa dessas reviravoltas da vida, fui trabalhar em Brusque, Santa Catarina. Já havia visto uma máquina de linotipo no prédio da Gazeta (avenida Paulista, 900, onde funciona a faculdade de comunicação), mas como peça de museu, silenciosa e imóvel como um jacaré no zoológico. A diferença é que, em Brusque, ela estava ativa. Era lá que o tradicional semanário O Município, pertencente na época à tecelagem Buettner, era composto. Não que ali ela não fosse anacrônica. Era quase uma peça de museu já ao chegar. Ninguém saberia operá-la. Tanto que, quando foi adquirida, tiveram de “adquirir” junto o operador, o gaúcho Jones, que conhecia todos os macetes da paquidérmica estrutura. Com ele aprendi que, para dar um espaço entre as palavras, a gente usava o joelho direito. Era interessante ver o chumbo derretido escorrer por uma canaleta e formar blocos com linhas de texto, que depois eram montados na rama pelo chefe Padoani. Era ele também quem montava os títulos, letra a letra, e distribuía os poucos – e quase sempre repetidos – clichês, as fotos que quebravam a monotonia e a crueza do texto. (Digo que os clichês eram quase sempre repetidos porque sua confecção, fora do jornal, era demorada e só aprovada em casos especiais; Clésio, zagueiro do Brusque F.C., que naquele ano foi campeão catarinense, reclamava que sua foto era do tempo em que cumprira o serviço militar, cinco anos antes). Fiquei apenas cinco meses em O Município, apenas o suficiente para viver a experiência de ver meus textos serem compostos em linotipo e passados para o papel, quase em baixo relevo, numa impressora plana, tão jurássica quanto a máquina da composição. Em 1993, a linotipo foi aposentada de vez e passou a ser efetivamente peça de museu. O jornal passou a ser rodado em off-set. Não sei com o que Jones passou a trabalhar a partir de então. De novo a linotipo Acompanhei com divertido interesse o Memórias da Redação com que Luiz Roberto Souza Queiroz nos brindou na edição 1.171 deste Jornalistas&Cia. Aos que não se lembram ou não leram, um pequeno resumo: ele narra os primórdios de nosso jornalismo impresso – mas, claro, a partir da época em que ele próprio era jornalista, na década de 1960, no “Estadão de antanho” – e conta das antigas máquinas de linotipo, do chumbo derretido, da calandra, da rama e do flan, a massa de papelão que se transformaria num negativo da página montada na rama e era meio caminho para a versão cilíndrica da matriz para impressão. Digo que acompanhei com interesse porque, apesar de não ser tão antigo quanto o Bebeto – e ele há de perdoar esta minha indiscrição –, também encarei profissionalmente uma máquina de linotipo, o cheiro de chumbo derretido e a rama. Só não tive contato com o flan, porque a impressora era plana. Mas o detalhe é que essa minha experiência foi anacrônica, porque aconteceu 15 anos depois de eu ter-me iniciado no jornalismo. Nos anos 1960, época do “Estadão de antanho” mencionada pelo Bebeto, estava eu ainda na aurora da vida, cursando o ginásio – no mesmo colégio que o Edu Ribeiro, por sinal, coisa que vim a saber mais tarde. Ao jornalismo, passei a dedicar-me em 1977, após formar-me na Cásper Líbero. Entrei na Folha nesse ano e em 1982 o jornal começou a engatinhar Ao fundo, a linotipo; em primeiro plano, uma rama pronta

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