Jornalistas&Cia 1502

Edição 1.502 - pág. 24 ANOS Nã o havia muito que eu chegara à Redação do Estadã o, em novembro de 1979, e pouco tempo depois, já no começ o de 1980, Eduardo Martins, meu editor na Política, indicou-me ao editorchefe, Miguel Jorge, para dividir a chefia de Reportagem com Moacyr Castro. Aos poucos minha vida na Paulicé ia se estabilizou e pela primeira vez em anos pude gozar fé rias decentes com a família em viagens pelo interior e litoral. Tudo porque, sem poder usar meu velho Maverick 75, descobri de repente que havia a facilidade de poder ter em mã os um carro moderno, do ano, à minha disposiç ã o. Tudo aconteceu assim: Fran Augusti, com quem matinha contato diá rio por conta da proximidade de nossas mesas, ainda era o editor de Geral (depois trocou com Luiz Carlos Ramos, o “Barriga”, indo para o Esporte). Contei-lhe do meu problema durante um almoç o no “bandejã o” do restaurante do 7º andar e ele me deu a dica: Plínio Vicente da Silva Luiz Carlos Secco n Recebemos de nosso colaborador Plínio Vicente ([email protected]) um relato envolvendo Luiz Carlos Secco, que faleceu em São Paulo em 30/1, aos 90 anos (Ver J&Cia 1.498). Eu, Secco e o Ford Galaxie “Vai lá na Ford, em Sã o Bernardo do Campo, fale com o Secco e diga que está precisando de um carro para viajar. Ele tem um esquema que disponibiliza veículos da Ford para os jornalistas por no má ximo 30 dias. Vou ligar pedindo para ele atendê -lo”. Era justamente o que eu queria: um carro para levar minha família com seguranç a a Sã o Sebastiã o, onde alugara uma casa com ajuda da Priscila, correspondente do jornal no litoral Norte. E depois, conforme planejara, passar alguns dias no interior do estado. Entã o, fui lá numa manhã , na portaria mostrei minha credencial do Estadã o e pedi para falar com o senhor Luiz Carlos Secco, acrescentando que ele estava à minha esfera. Confesso que esperava encontrar um executivo “seco” (me perdoem o trocadilho), empertigado, burocrata. Para minha surpresa, me deparei com um ser humano extremamente gentil, cordial e que me recebeu com um afetuoso abraç o. Foi entã o que, olhando bem para seu rosto, sabia que o conhecia de outros tempos. Ele refrescou minha memó ria: “Um domingo eu estava na Redação do Jornal da Tarde e vi você chegar empunhando sua bengala e soube que vinha de Jundiaí junto com Ademir Fernandes e Sidney Mazzonni para fazer frila na edição de Esportes”. Resultado: pouco mais de meia hora depois ele ligou para algué m e assim que assinei um termo de responsabilidade me levou até o carrã o que colocara à minha disposição. Quando Salete e as crianç as viram nã o acreditaram que por um mê s nó s poderíamos ter aquela belezura na garagem, fazendo inveja ao vetusto e amarfanhado Maverick. E assim foi. Depois de voltar de Sã o Sebastiã o, em seguida viajamos de novo. Agora ao encontro do meu passado. Quando cheguei à pequena vila de Guatapará e fui ao encontro dos meus parentes senti-me um rei desfilando pelas ruas ainda de terra pilotando um Ford Galaxie azul como se fosse o rei da cocada. Tudo graç as a um extraordiná rio colega de profissã o, Luiz Carlos Secco, de quem acabaria me tornando amigo e seu freguê s pelo menos até vir embora para Roraima. Muita saudade dele e que Deus proteja e ilumine sua alma por toda a eternidade.

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