Edição 1.499 - pág. 7 Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Oferta hostil de US$ 97,4 bi de Musk pela OpenAI vira troca de insultos com CEO do ChatGPT: ‘Vigarista!’ Leia mais Suspensão de ajuda internacional por Trump lança jornalismo independente em ‘caos de incerteza,’ alerta RSF. Leia mais Pulitzer Center oferece bolsas a jornalistas e ONGs para projetos sobre temas na pauta da COP30. Leia mais Há cinco anos o mundo começava a enfrentar a pandemia da Covid-19, uma crise sem precedentes. O coronavírus alterou drasticamente o comportamento das pessoas, a forma de trabalhar e colocou o jornalismo sob risco de uma quebradeira geral − que não se confirmou em um ambiente em que notícias confiáveis ganharam valor. Hoje, com as medidas de impacto de Donald Trump, os sinais cada vez mais evidentes da mudança climática e problemas globais como guerras e migração, muitos parecem ter esquecido a profundidade da crise que enfrentamos há tão pouco tempo − e personagens importantes desse enredo dramático. Um símbolo dessa época turbulenta é a jornalista chinesa Zhang Zhan, que permanece detida, sem muita atenção do mundo. Advogada que se tornou jornalistacidadã, ela foi presa pela primeira vez em 14 de maio de 2020, enquanto cobria os estágios iniciais da pandemia de Covid-19 em Wuhan. Antes de sua prisão, compartilhou mais de 100 vídeos nas redes sociais revelando o drama de uma doença desconhecida em um país em que informações são censuradas. Em dezembro de 2020, Zhang Chan foi condenada a quatro anos de prisão, sob a acusação de “provocar brigas e causar problemas”. Durante os primeiros meses de sua detenção, ela quase morreu após uma greve de fome. Mas o calvário não acabou com o fim da pena, em maio de 2024. Três meses depois ela foi novamente presa e segue privada de contato com o mundo exterior, pela mesma acusação. A sombra esquecida da pandemia: uma jornalista na prisão enquanto o mundo segue em frente De acordo com a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a jornalista está sendo mantida no Centro de Detenção de Pudong, em Xangai, por “provocar brigas e causar problemas”. Esta nova detenção pode resultar em mais cinco anos de prisão. A RSF se disse “consternada e chocada” com as novas acusações criminais contra Zhang, criticando o regime chinês pela sua “perseguição implacável a jornalistas independentes” e exigindo a sua libertação imediata. A China é a maior prisão do mundo para jornalistas e defensores da liberdade de imprensa, com pelo menos mais de 120 deles atrás das grades. No Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024 da RSF, o país ocupa a 172ª posição entre 180 nações. O caso de Zhang Zhan é um lembrete da importância da liberdade de imprensa e da necessidade de proteger jornalistas que buscam a verdade em tempos de crise − sejam formados em universidades ou jornalistas-cidadãos, freelancers ou empregados em veículos de mídia. O esquecimento do caso de Zhang Zhan enquanto o mundo enfrenta outras crises demonstra a facilidade com que a memória de eventos impactantes pode se dissipar. A sua persistência na prisão, mesmo depois de pagar um preço tão alto, simboliza a opressão da liberdade de expressão na China. O caso da corajosa chinesa é um lembrete dos perigos que os jornalistas enfrentam e da importância de não esquecermos as lições do passado, especialmente em meio às atuais crises globais.
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