Jornalistas&Cia 1492

Edição 1.492 - 16 a 19 de dezembro de 2024 A próxima edição de J&Cia, a última de 2024, circulará na sexta-feira (20/12). A primeira de 2025 estará no ar em 8 de janeiro. cottonbro studio: www.pexels.com/pt-br Império midiático de Assis Chateaubriand é tema de musical Chatô e os Diários Associados – 100 anos de uma paixão, de Eduardo Bakr e Fernando Morais, estreia em 2025. Pág. 32 104 jornalistas assassinados em 2024 Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), mais da metade das mortes ocorreu em Gaza. Pág. 13 Confira nesta edição conteúdo especial sobre a segunda fase da pesquisa A inteligência artificial para jornalistas brasileiros, realizada pelo grupo de pesquisa Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas da ESPM, formado por professores do curso de Jornalismo da ESPM-SP, com apoio e divulgação deste J&Cia. Pág. 2 IA é aliada na otimização do trabalho, mas apenas com supervisão humana, aponta pesquisa Chytomo.com

Edição 1.492 - pág. 2 Pesquisa ESPM / J&Cia A inteligência artificial para jornalistas brasileiros Por certo, jornalistas em atividade já têm algumas ou muitas noções sobre o impacto da Inteligência Artificial no fazer e mesmo no pensar jornalismo. Por certo, também, já há (aí não se sabe se muitos ou não) aqueles que conseguiram um amplo domínio das ferramentas de IA generativas que se apresentaram à sociedade e aos profissionais. Só que as certezas só serão efetivamente certeiras quanto mais entendermos e avaliarmos como essa disruptiva e revolucionária ferramenta vai mudar nossas vidas, nossas profissões, nossos empregos, nossas velocidades de trabalho, nossas criatividades, nossos pensamentos, a precisão do que produzimos. E foi muito com esse espírito que a ESPM, por meio grupo de pesquisa Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas, pôsse a pesquisar, com o apoio deste J&Cia, o impacto real da IA nos jornalistas brasileiros, fossem eles de redação ou mesmo das assessorias de comunicação. Um trabalho meticuloso, cuidadoso, feito em duas etapas, que agora chega novamente até você, leitor e leitora, para que possa entender melhor a teoria na prática. Um presente de Natal de J&Cia e da ESPM para os jornalistas brasileiros. Boa leitura! Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli

Edição 1.492 - pág. 3 Pesquisa ESPM / J&Cia Segunda fase da pesquisa Jornalismo ESPM e Jornalistas&Cia mostra que jornalistas incorporam e veem inteligência artificial como aliada na otimização do trabalho, mas apenas com supervisão humana; ausência de treinamento e de parâmetros, necessidade de transparência e falta de originalidade do conteúdo produzido são preocupações Nuvem feita com as palavras mais mencionadas pelos respondentes da segunda fase da pesquisa Jornalistas brasileiros estão incorporando ferramentas de inteligência artificial em sua rotina de trabalho para tarefas mais automatizadas, como revisão de textos, pesquisa de dados e transcrição de áudios. Na avaliação dos profissionais, a IA tem se mostrado uma boa aliada na otimização do tempo e na melhoria da qualidade do conteúdo jornalístico produzido. Eles destacam a necessidade de supervisão humana permanente. Os jornalistas consideram baixo seu conhecimento sobre essa tecnologia, e há uma percepção de falta de treinamento oferecido pelas empresas de comunicação. Preocupações sobre a importância de respeitar os direitos autorais e de manter a transparência sobre o uso de IA, além da falta de originalidade do material produzido, são recorrentes. Os profissionais destacam ainda a importância da definição de parâmetros para o uso responsável da IA no jornalismo, porém apontam a carência de manuais organizados pelos meios de comunicação em que atuam, com regramentos nesse sentido. Estas são algumas conclusões da segunda fase da pesquisa A inteligência artificial para jornalistas brasileiros. O estudo, realizado pelo grupo de pesquisa Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas − ESPM, formado por professores do curso de Jornalismo da ESPM-SP, tem parceria, apoio e divulgação do Jornalistas&Cia. Os objetivos do estudo são identificar o nível de conhecimento da inteligência artificial generativa por jornalistas no País e conferir o grau de conhecimento e de utilização de suas ferramentas na produção e nos negócios jornalísticos, bem como as preocupações que envolvem seu uso na atividade profissional. Os nomes dos participantes são mantidos em sigilo. Os dados obtidos são utilizados para trabalhos acadêmicos e para a produção de notícias sobre o tema no Jornalistas&Cia. Metodologia Na primeira fase do estudo, realizada de 19 de dezembro de 2023 a 24 de fevereiro último, 423 jornalistas responderam a um questionário online com 13 perguntas em escala Likert (com alternativas de concordância a discordância total com as perguntas). Entre os respondentes, há profissionais das cinco regiões do País, de 21 das 27 unidades da federação, de diferentes faixas etárias, áreas de atuação, funções e

Edição 1.492 - pág. 4 Pesquisa ESPM / J&Cia vínculos empregatícios. A primeira fase mostrou que a maioria dos jornalistas participantes (56%) usa a IA no trabalho, porém sem receber treinamento (69,2%). Uma parcela significativa dos respondentes (um de cada quatro) diz não usar IA de nenhuma forma no seu trabalho. Sete em cada dez jornalistas responderam que nunca tiveram treinamento para o uso da IA no jornalismo. Os resultados gerais da primeira fase podem ser conferidos aqui. A segunda etapa da pesquisa foi feita de 19 de julho a 25 de outubro de 2024. Essa fase procurou aprofundar as respostas relativas ao uso de ferramentas de inteligência artificial no trabalho. Os jornalistas foram selecionados por representatividade de perfil na amostra inicial. Ao todo, 254 profissionais (60% do total de respondentes) manifestaram interesse em participar da segunda etapa. Foram convidados 100 jornalistas para as entrevistas da segunda fase. Cada profissional selecionado foi chamado duas vezes para responder ao questionário da segunda etapa. No final, 19 profissionais responderam às questões, em entrevistas realizadas por e-mail. A segunda fase do estudo consistiu em 13 perguntas semiestruturadas, que buscam compreender melhor como os jornalistas estão incorporando a IA em suas rotinas de trabalho, os desafios enfrentados e as percepções sobre o impacto dessa tecnologia no jornalismo. Entre os aspectos abordados estão o conhecimento dos profissionais sobre IA, o treinamento recebido para o uso dessa tecnologia, impactos de questões socioeconômicas no conhecimento e uso de IA, parâmetros éticos para utilização das ferramentas, além de regulação e supervisão em sua aplicação. A leitura e análise das respostas foi feita com a ajuda da inteligência artificial. As respostas dos 19 jornalistas às 13 questões geraram uma base de dados com 247 unidades informativas. Com a ajuda da ferramenta Copilot, da Microsoft, os pesquisadores inseriram prompts (comandos para a inteligência artificial) específicos, para identificar padrões nas respostas a cada uma das 13 perguntas e variações nas respostas de acordo com características sociodemográficas (faixa etária, gênero, raça/etnia, região de atuação, vínculo empregatício, área de atuação, função). Entre as respostas, a partir de solicitações dos pesquisadores, foram selecionadas frases mais significativas dos jornalistas participantes. Também a partir de prompts feitos pelos pesquisadores, a IA identificou emoções presentes nas respostas, bem como expectativas/pontos positivos e temores/pontos negativos nas afirmações dos jornalistas sobre suas percepções acerca do uso de IA na atividade profissional. Por fim, foram produzidas considerações gerais sobre as respostas. Em todas as etapas foram selecionadas frases representativas. O material produzido pelo Copilot sobre as respostas dos entrevistados foi analisado, revisado e complementado pelos pesquisadores até chegar ao resultado apresentado nesta segunda fase do estudo.

Edição 1.492 - pág. 5 Pesquisa ESPM / J&Cia Responsáveis pela pesquisa Organizador do estudo, o grupo de pesquisa Tecnologias, Processos e Narrativas Midiáticas − ESPM é formado pelos jornalistas Antonio Rocha Filho, Cicelia Pincer, Edson Capoano, Maria Elisabete Antonioli e Patrícia Rangel, professores do curso de Jornalismo da ESPM-SP. A segunda fase da pesquisa teve o apoio de Luiza Vezzá, estudante de Jornalismo da ESPM-SP e participante do Programa de Iniciação Científica da faculdade. No Jornalistas&Cia, a coordenação dos trabalhos referentes à pesquisa é dos jornalistas Eduardo Ribeiro e Wilson Baroncelli. Visão geral dos resultados Curiosidade e iniciativa Partindo da leitura das respostas, podese afirmar que os jornalistas participantes demonstram curiosidade e iniciativa em aprender sobre IA, buscando conhecimento por conta própria, por meio de leituras e pesquisas. “Penso que preciso estar permanentemente atualizada. E quero estar preparada para uso da IA no Jornalismo. E espero acompanhar essa revolução no exercício da profissão”, afirma uma jornalista que atua como coordenadora na área de audiovisual, na região Centro-Oeste do Brasil. “Tive iniciação pela empresa e também busquei. Porque se trata de atualizar o modo de fazer da profissão”, diz uma assessora de comunicação no Nordeste do País. Conhecimento Os jornalistas participantes consideram-se iniciantes no conhecimento da inteligência artificial. Tiveram contato com a IA por meio de matérias jornalísticas e publicações na internet. O lançamento do ChatGPT pode ser considerado um marco para o início da exploração dessa tecnologia pelos profissionais. “Acompanho a IA desde o início do ChapGPT: novembro de 2022”, conta uma assessora de comunicação que trabalha na região Sudeste. “Há cerca de um ano. A primeira ferramenta que tentei utilizar foi o Google Docs para fazer transcrição de áudios para textos. Depois, ocasionalmente utilizei o ChatGPT para pesquisas e revisar textos”, lembra uma jornalista que trabalha como produtora de conteúdo em mídia escrita na região Sudeste. Alguns profissionais expressam satisfação com seu nível de conhecimento e uso de IA e sentem-se confiantes e competentes na aplicação da tecnologia em seu trabalho diário. “Utilizo muito intuitivamente”, diz um jornalista que atua como editor-chefe em audiovisual no Nordeste do País. “Acho que é ainda um conhecimento básico, mas já estou resolvendo isso com leituras e cursos. Falta um envolvimento maior no uso, e não só no conhecimento das ferramentas”, aponta uma coordenadora em audiovisual na região Centro-Oeste. Falta de treinamento A falta de treinamento em IA oferecido pelas empresas é uma fonte de frustração para os jornalistas. Eles sentem que há uma lacuna na formação profissional que precisa ser preenchida. A ausência de suporte institucional pode dificultar a adoção eficaz da tecnologia. Dos 19 respondentes na segunda fase, apenas dois disseram ter passado por treinamento de forma institucional. Alguns buscaram treinamento por conta própria.

Edição 1.492 - pág. 6 Pesquisa ESPM / J&Cia Em algumas empresas há troca de experiências entre os colaboradores e ações isoladas para aplicação do uso das ferramentas. “A troca é feita entre colegas de equipe. Uso muito ferramentas de transcrição, legendagem, ChatGPT para me ajudar a resumir grandes documentos, como decisões judiciais”, diz uma produtora de conteúdo da área de assessoria de comunicação da região Sudeste. Ao explicar a iniciativa em buscar treinamento por conta própria, os jornalistas deixam claro que entendem a importância e as oportunidades que a IA pode oferecer na prática profissional. “Lendo artigos, matérias e relatos de outros colegas, entendo que há um universo de possibilidades que a IA pode oferecer aos jornalistas, sobretudo para tornar nosso trabalho mais ágil”, reflete um produtor de conteúdo em mídia escrita da região Sul. Preocupações éticas As preocupações éticas são um tema recorrente nas respostas dos jornalistas. Eles enfatizam a importância de respeitar os direitos autorais e de manter a transparência no uso de IA. A ética no jornalismo é fundamental para garantir a integridade e a credibilidade das informações. Os profissionais entrevistados esperam que a IA seja usada de maneira responsável e transparente. A necessidade de supervisão humana é destacada. “Precisa respeitar os direitos autorais e respeitar a verdade de cada conteúdo produzido, seja em áudio ou em imagem”, afirma uma coordenadora na área audiovisual no CentroOeste. “Checagem profunda do que é entregue pela ferramenta”, ensina um produtor de conteúdo em assessoria de comunicação no Sudeste. “Frisamos muito a importância da confidencialidade dos dados internos ou de clientes lançados nas plataformas e reforçamos a necessidade de checagens das informações obtidas em outras fontes”, alerta um diretor em assessoria de comunicação no Sudeste. Aplicação e expectativas Os jornalistas têm grandes expectativas em relação à capacidade da IA de melhorar a eficiência e a qualidade do trabalho. Eles esperam que a tecnologia possa agilizar processos, otimizar tarefas repetitivas e melhorar a precisão das informações. A IA é vista como uma ferramenta valiosa para aumentar a produtividade e elevar o padrão do conteúdo jornalístico. Os respondentes indicam já utilizar a IA para tarefas como transcrição de áudios, resumos de textos, elaboração de pautas, sempre como ferramenta auxiliar. “Utilizamos ferramentas com funções de transcrição de áudios, resumos e até a composição de vinhetas”, afirma coordenadora em audiovisual no Centro-Oeste. “Para resumir tópicos, auxiliar na construção de perguntas para entrevistas, sugerir outras possibilidades de escrita ou abordagem”, indica uma coordenadora na área de mídia sonora na região Sul. Os jornalistas esperam que a tecnologia continue evoluindo e oferecendo novas soluções para os desafios enfrentados. A IA é vista como uma ferramenta capaz de transformar o jornalismo, tornando-o mais ágil, preciso e inovador. As expectativas incluem a melhoria na qualidade

Edição 1.492 - pág. 7 Pesquisa ESPM / J&Cia do conteúdo, maior eficiência nas operações e novas oportunidades para experimentação narrativa. “Temos usado muito o ChatGPT 4 e o Gemini na área de produção de conteúdo, mas como um recurso para gerar insights. Temos trabalhado muito internamente a habilidade de criar bons prompts. Entendemos que aprender a fazer prompts eficazes é uma habilidade que pode ser desenvolvida com a prática e é fundamental. Estamos também usando muito o Gamma para apresentações, o Capcut, o RunwayML e o SEO Writing na área de digital. Um dos próximos passos é fazer uma imersão nas ferramentas que fazem cruzamento de dados”, revela um diretor na área de assessoria de comunicação no Sudeste. Potencial para crescimento As respostas à pesquisa indicam ainda que, apesar de adotarem ferramentas de IA em atividades mais automatizadas, o uso ainda é pequeno em algumas áreas, indicando um potencial de crescimento. A familiariedade com as ferramentas de IA varia entre os profissionais, refletindo diferentes níveis de conhecimento e experiência. “ChatGPT para fazer resumos, ter ideias sob um novo ponto de vista, transcrição de áudio e vídeo, produção de tutoriais”, revela uma produtora de conteúdo em assessoria de comunicação na região Sudeste. “Apenas pesquisa no ChatGPT, mas tem muitos outros concorrentes, como o próprio Gemini, Apple, Microsoft, Oracle, muitas empresas têm suas próprias IAs, para se contrapor à Open AI. Ferramentas de criação de imagens e vídeos raramente são utilizadas pelos órgãos midiáticos, também por questões éticas, e mesmo gigantes das redes começam agora a rotular produções de IA em suas páginas, tudo ainda é muito experimental e incipiente. Poucas são as empresas de comunicação que utilizam esses recursos mais amplamente. Eu gosto do Stable Diffusion, Dalle-E 2 e Midjourney (ainda o melhor), mas existem dezenas, senão centenas de outras atualmente. Novas IAs de criação de vídeos começam a proliferar com o Sora e essa nova geração”, aponta um editor que atua com mídia escrita na região Sudeste, com maior familiaridade com diferentes ferramentas. Variações sociodemográficas Embora os dados da primeira fase da pesquisa indiquem que há diferenças quantitativas com relação a conhecimento, acesso a treinamento e uso da inteligência artificial de acordo com questões sociodemográficas como faixa etária, gênero e raça/etnia, a maior parte dos respondentes na segunda etapa não acredita em impacto significativo nesse aspecto. Alguns jornalistas, porém, manifestam preocupação. “Treinamentos sobre IA com profissionais renomados no mercado são caros e exigem investimento e tempo. Somente uma camada privilegiada da população, sem citar aqui raças e gêneros, possui tempo e condições para investir em treinamentos e plataformas de IA. Geralmente, empresas de tecnologia saem na frente quando o assunto é IA”, pensa uma assessora de comunicação, branca, de 24 anos, que atua na região Sudeste. Impactos sobre o jornalismo As percepções sobre o impacto da IA no jornalismo variam entre os profissionais. Alguns jornalistas veem a tecnologia como uma ferramenta para aumentar a eficiência e a produtividade, enquanto outros expressam preocupações sobre a autenticidade e a falta de humanidade do material produzido. “Os textos seguem uma lógica única, um padrão, que tira toda a humanidade do texto jornalístico”, diz uma produtora de conteúdo em assessoria de comunicação no Sudeste. “Copiar e colar emburrece. Não tem checagem”, critica uma produtora de conteúdo em assessoria de comunicação da região Sul, ao refletir sobre o que considera ser proibido em produção jornalística com uso de IA. Diretrizes e limites A importância de diretrizes éticas para o uso da IA é um tema recorrente nas respostas. Os jornalistas destacam

Edição 1.492 - pág. 8 Pesquisa ESPM / J&Cia a necessidade de estabelecer normas claras para garantir o uso responsável da tecnologia. Os profissionais esperam que as organizações jornalísticas adotem políticas que promovam a transparência e o respeito aos direitos autorais. Porém a prática ainda é restrita nas empresas. Dos 19 respondentes, apenas quatro disseram haver algum tipo de diretriz para uso da IA no trabalho jornalístico. Destes, apenas dois trabalham sob regras específicas de um manual. Outros dois centralizam pessoalmente esse regramento, por trabalharem em empresas menores. De toda forma, os profissionais destacam a necessidade de definição de diretrizes específicas. “Informalmente foram estabelecidos critérios, de acordo com a visão da empresa. Esses critérios são sempre baseados em questões éticas”, conta uma coordenadora na área de mídia sonora na região Sul. Dicas para uso Ao comentar seus próprios cuidados para o uso responsável da IA em jornalismo, os jornalistas destacam a transparência no uso junto ao público e, principalmente, a necessidade de checagem humana do conteúdo produzido pela IA. “Checar a veracidade de tudo que é produzido pela IA”, recomenda um editor-chefe em audiovisual no Nordeste. “Checagem e mais checagem, revisão atenta, desconfiômetro, paciência”, aponta uma produtora de conteúdo em mídia escrita na região Sul. “Mesmo utilizando inteligência artificial, costumamos pedir fontes das informações para verificar veracidade e os termos de uso. Quando não é possível fazer essa verificação ou quando se trata de um conteúdo que não é de acesso livre, evitamos utilizar”, conta uma coordenadora na área de mídia sonora na região Sul. Dados das respostas pergunta por pergunta RESPOSTAS ÀS QUESTÕES Como e quando você conheceu ou teve contato com os recursos de IA na sua profissão QUESTÃO 1 Frase em destaque: “Assim que houve o burburinho do CHATGPT (no final do ano de 2022) logo fiquei interessada em saber quais eram as possibilidades práticas para uso de IA no jornalismo.” (Jornalista mulher, de 55 a 64 anos, parda, coordenadora na área de audiovisual, contratada com carteira assinada, região CentroOeste) Padrão principal de resposta: Contato por meio de matérias jornalísticas e pela internet, em especial a partir do lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022.

Edição 1.492 - pág. 9 Pesquisa ESPM / J&Cia Questões de idade, gênero, raça, etnia, área de atuação, vínculo empregatício impactam na oferta de treinamento sobre IA? Como e por quê QUESTÃO 5 Frase em destaque: “Acredito que não, já que as informações estão à mão de todos.” (Jornalismo homem, 65 anos ou mais, branco, editor-chefe em mídia escrita, outros vínculos empregatícios, região Sudeste) Padrão principal de resposta: Não impactam. Você procurou por iniciativa própria treinamento em IA? Por quê QUESTÃO 4 Frase em destaque: “Sim, por entender que era uma tendência, para me atualizar e para ver se, de fato, seria algo que me auxiliaria e como isso se daria.” (Jornalista mulher, de 45 a 54 anos, branca, assessora de comunicação, contratada com carteira assinada, região Nordeste) Padrão principal de resposta: Sim, para atualização profissional e para uso ético e inteligente. A empresa ofereceu treinamento em IA? Quando e como QUESTÃO 3 Frase em destaque: “Não. Nesses últimos meses, fui repórter freelancer, trabalhei em agência e agora mais diretamente com redes sociais. A troca é feita entre colegas de equipe. Uso muito ferramentas de transcrição, legendagem, ChatGPT para me ajudar a resumir grandes documentos, como decisões judiciais.” (Jornalista mulher, de 45 a 54 anos, branca, produtora de conteúdo em assessoria de comunicação, contratada como PJ, região Sudeste) Padrão principal de resposta: Não. Como você define o seu grau de conhecimento sobre IA no jornalismo QUESTÃO 2 Frase em destaque: “Muito pouco, mas utilizo muito intuitivamente.” (Jornalista homem, de 55 a 64 anos, branco, editor-chefe na área de audiovisual, outros vínculos empregatícios, região Sul) Padrão principal de resposta: Básico.

Edição 1.492 - pág. 10 Pesquisa ESPM / J&Cia Como você utiliza os recursos de IA para aprofundamento, qualificação do conteúdo e experimentação narrativa no jornalismo? Cite exemplos. QUESTÃO 7 Frase em destaque: “Eu uso IA para revisar textos, auxiliar na pesquisa aprofundada de dados para qualificar meu trabalho. Exemplo: eleições no Brasil, pesquisei a atualização das regras de propaganda eleitoral em 2024.” (Jornalista mulher, de 55 a 64 anos, branca, assessora de comunicação, contratada por job, região Sudeste) Padrão principal de resposta: Revisão de textos, pesquisa de dados, ponto de partida para novas ideias. Quais princípios e ferramentas da IA no jornalismo são priorizados por você ou por sua empresa. QUESTÃO 6 Frase em destaque: “Entre os princípios, fazer o uso como algo complementar, que amplie horizontes, mas potencializando nossas capacidades. Quanto a ferramentas, as mais utilizadas são as que auxiliam na decupagem de áudios para posterior uso de texto em matérias a serem utilizadas no portal on-line de notícias.” (Jornalista mulher, de 25 a 34 anos, branca, coordenadora na área de mídia sonora, contratada com carteira assinada, região Sul) Padrão principal de resposta: Ética e transparência. Quais recursos/ ferramentas de IA você utiliza em cada etapa da produção jornalística (apuração, produção de conteúdo, distribuição e operação comercial)? Como e por quê QUESTÃO 8 Frase em destaque: “Costumo utilizar na produção de conteúdo, seja resumindo informações, buscando sugestões que possam ampliar a gama de possibilidades em um texto.” (Jornalista mulher, de 25 a 34 anos, branca, coordenadora na área de mídia sonora, contratada com carteira assinada, região Sul) Padrão principal de resposta: Produção de conteúdo, com pesquisa de dados e revisão.

Edição 1.492 - pág. 11 Pesquisa ESPM / J&Cia O que é proibido no uso de IA na produção de conteúdo jornalístico? Por quê QUESTÃO 10 Frase em destaque: “O uso de IA levanta uma série de questões éticas, legais, filosóficas e sociais. Para discutir essas questões com profundidade, é essencial compreender como a tecnologia funciona e como ela pode ser aplicada de maneira ética e responsável. Por exemplo, a capacidade da IA de criar deep fakes e automatizar crimes como estelionato levanta preocupações significativas, especialmente dada a falta de regulamentação clara nesse campo. Além disso, vieses nos dados de treinamento podem perpetuar discriminações existentes na sociedade, como mostrado por sistemas de reconhecimento facial que têm taxas de erro mais altas para pessoas de pele mais escura. Um outro assunto que requer atenção é a segurança de dados e privacidade. É fundamental lembrar que o uso que fazemos dessas tecnologias estão sujeitos às leis de proteção de dados, no nosso caso, a LGPD. Ou seja, colocar na ferramenta dados pessoais de terceiros sem autorização, por exemplo, seria uma infração segundo a LGPD.” (Jornalista homem, de 45 a 54 anos, branco, diretor em assessoria de comunicação, outros vínculos empregatícios, região Sudeste) Padrão principal de resposta: Plágio e falta de checagem de informações. O que é aceitável no uso de IA na produção de conteúdo jornalístico? Por quê QUESTÃO 9 Frase em destaque: “O uso de IA na produção de conteúdo. Pode ajudar a organizar as ideias, enriquecer com pesquisas de determinados assuntos, agilizar na criação de infográficos, pode acelerar o processo de criação de conteúdo com mais qualidade. Mas vai sempre depender do jornalista em continuar revisando e checando os dados para não cair em erros e uso de informações equivocadas.” (Jornalista mulher, de 55 a 64 anos, parda, coordenadora em audiovisual, contratada com carteira assinada, região CentroOeste) Padrão principal de resposta: Uso complementar ao trabalho humano.

Edição 1.492 - pág. 12 Pesquisa ESPM / J&Cia Quais os cuidados que você, independentemente do seu vínculo empregatício, toma para garantir um uso transparente e responsável da IA no seu trabalho O uso de conteúdo produzido via IA, independentemente do seu vínculo empregatício, passa por uma supervisão jornalística? Quais conteúdos, por exemplo QUESTÃO 13 QUESTÃO 11 Frase em destaque: “Checagem e mais checagem, revisão atenta, desconfiômetro, paciência.” (Jornalista mulher, de 45 a 54 anos, branca, produtora de conteúdo em mídia escrita, colaboradora free-lancer, região Sul) Frase em destaque: “Até o momento, é impossível fazer jornalismo com IA sem supervisão humana. Você pode fazer conteúdo para ser acessado, mas isso não é jornalismo. Não existe jornalismo sem verdade ou verdade relativa.” (Jornalista homem, de 55 a 64 anos, branco, editor-chefe em audiovisual, outros vínculos empregatícios, região Nordeste) Padrão principal de resposta: Checagem do conteúdo produzido pela IA Padrão principal de resposta: Sim. O veículo que você trabalha ou para o qual presta serviço possui normas para regulação ética do uso de IA na produção jornalística QUESTÃO 12 Frase em destaque: “Ainda não. Mas em breve uma área de estudo sobre IA será criada. O que tem por enquanto é o interesse em conhecer e a partir daí ter um código de ética contemplando o assunto.” (Jornalista mulher, de 55 a 64 anos, parda, coordenadora em audiovisual, contratada com carteira assinada, região Centro-Oeste) Padrão principal de resposta: Não

Edição 1.492 - pág. 13 Últimas n Um relatório divulgado pela Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) sobre ataques à imprensa nas eleições municipais de 2024 revelou que a maioria foi direcionada a mulheres. Segundo a pesquisa, elas sofreram 50,8% dos ataques, com maior incidência no Instagram (68,3%). O estudo também considerou fatores como raça, mostrando altos índices de ataques a profissionais negros. Além das agressões digitais, 11 casos de violência física ou verbal foram registrados, muitos promovidos por agentes políticos. O relatório ainda recomenda ações para proteger jornalistas e fortalecer a liberdade de imprensa. Leia o material aqui. n A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) divulgou seu relatório anual sobre jornalistas assassinados e presos ao redor do globo. Segundo os dados do levantamento, até 10 de dezembro, 104 profissionais de imprensa foram assassinados no mundo inteiro. Em 2023, foram registradas 129 mortes de jornalistas. u A região mais letal para jornalistas foi pela segunda vez seguida a do Oriente Médio e do Mundo Árabe, que contabilizou 66 dos 104 assassinatos em 2024. Os números evidenciam a gravidade da guerra entre Israel e o Hamas. Só em Gaza, na Palestina, 55 profissionais perderam a vida no exercício de seu trabalho. Segundo a FIJ, desde o início da guerra, em outubro de 2023, o número de jornalistas palestinos mortos chega a pelo menos 138. u Em 2024 foram registrados também 520 jornalistas presos, o que representa um aumento grande em relação a 2023, que contabilizou 427 prisões, e 2022, com 375 presos. A China contabilizou 135 jornalistas presos, tornando-se o país com o maior número de profissionais de imprensa atrás das grades, à frente de nações como Israel (59 jornalistas palestinos) e Mianmar (44). Só na região Ásia-Pacífico há 254 jornalistas presos. u Leia mais no Portal dos Jornalistas. Relatório revela que mulheres jornalistas foram as mais atacadas nas eleições de 2024 104 jornalistas foram assassinados em 2024, mais da metade deles em Gaza, diz relatório da FIJ

Edição 1.492 - pág. 14 Nacionais n O Farol Jornalismo lançou o Especial Jornalismo no Brasil em 2025, que reúne dez textos sobre temas essenciais para o jornalismo no ano que vem, sob a perspectiva de autores e autoras convidados. Os temas incluem crise climática e suas consequências, influenciadores digitais na comunicação, inteligência artificial e saúde mental dos jornalistas. u A edição tem textos de Amanda Miranda, Bibiana Maia, Elane Gomes, Elizabeth Saad, Eloisa Loose, Izabela Moi, Juliana Albuquerque, Mariana Alvim, Moisés Costa Pinto e Thiago Borges. O projeto, realizado há nove anos, é feito em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com o apoio do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor). u Leia o especial na íntegra aqui. n Germano Oliveira, diretor de Redação da revista IstoÉ, lançou na última semana, em caráter experimental, seu novo projeto paralelo, o site Brasil Confidencial. “Diferentemente de grande parte da mídia brasileira, que fez opções editoriais ou abraçou teses de poder, à esquerda ou à direita, Brasil Confidencial se propõe a ser um veículo independente e com grande penetração, a partir do uso intensivo da tecnologia e do acesso direto aos principais líderes políticos e empresariais do País”, explica Germano. u Até o momento, integram o conselho editorial da plataforma Ricardo Guedes, sócio da empresa de pesquisa Sensus, Zé Schiavoni, executive chairman da Weber Shandwick Brasil, e Guido Orlando Júnior, especializado em tecnologia, podcasts e videocasts. n O Grupo Silvio Santos anunciou em 13/12 Ana Karina Bortoni como sua nova CEO. A holding compreende SBT, Jequiti Cosméticos, Hotel Jequitimar, Liderança Capitalização, Sisan Empreendimentos Imobiliários e TQJ (de jogos online), entre cerca de 40 empresas. u Desde 2023 Bortoni faz parte do Conselho de Administração que reestrutura a holding, e antes, em 2015, como consultora, trabalhou com as acionistas no modelo de gestão do Grupo. Renata Abravanel continua como presidente do Conselho. u Depois de ser sócia da consultoria McKinsey, foi a primeira mulher brasileira CEO de um banco, o BMG. Foi também capa da revista Forbes Mulheres de Sucesso 2022. Substitui agora a Marcelo Barp, CFO do Grupo SS, que atuou interinamente como CEO nos últimos meses, permanece na casa e volta às suas funções. Farol Jornalismo lança especial sobre projeções para o jornalismo em 2025 Germano Oliveira lança site Brasil Confidencial Germano Oliveira Ana Karina Bortoni é a nova CEO do Grupo Silvio Santos Ana Karina Bortoni

Edição 1.492 - pág. 15 Por Plínio Vicente (pvsilva42@ gmail.com), especial para J&Cia (*) Plínio Vicente é editor de Opinião, Economia e Mundo do diário Roraima em tempo, em Boa Vista, para onde se mudou em 1984. Foi chefe de Reportagem do Estadão e dedica-se a ensinar aos focas a arte de escrever histórias em apenas 700 caracteres, incluindo os espaços. Tuitão do Plínio A arte de escrever histórias em exatos – nenhum a mais, nenhum a menos – 700 caracteres, incluindo os espaços Seu Levindo ficou rico vendendo para grandes empresas joalheiras do Rio e São Paulo os diamantes que garimpava no leito do Rio Uailã. Um dia resolveu bancar os estudos do filho Raul e o mandou cursar Geologia numa faculdade carioca. Assim poderia montar sua própria empresa de mineração no território federal que estava nascendo, sem arriscar a vida no mato como ele fazia. Anos depois, quando voltou, em vez de corresponder aos desejos do pai, decidiu mesmo foi faceirar, virando um janota que vivia na noite sem se importar com o dia de amanhã. Não deu outra. O velho cortou sua mesada e o rapaz teve mesmo que se contentar com a vida solitária e as velhas roupas que deixara na corrutela do Uailã. Faceirar – [De faceiro + -ar2.] – Verbo intransitivo. Bras. – 1. Ostentar elegância, no vestuário como nas maneiras: (...); 2. Enfeitar-se, adornar-se, ataviar-se. (Aurélio) EM AÇÃO A Rede JP é uma rede de jornalistas negros, indígenas e periféricos do Brasil e do exterior focados em tornar a comunicação social mais diversa e representativa em toda a sua estrutura. Atuamos com os pilares de representatividade, educação e oportunidade. Conheça o nosso banco de talentos e acesse as nossas redes: @RedeJP | Linktree. Construir vínculos e inspirar as pessoas: é para isso que existimos. Faça parte da nossa rede: [email protected] R E D E Esta coluna é de responsabilidade da Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação No fechar das cortinas do ano de 2024, a Rede Jornalistas Pretos buscou compreender os rumos do jornalismo perguntando para especialistas e profissionais: quais apelos e tendências eles percebem para a área em 2025? Das mais distintas áreas, com nomes do Brasil e exterior, eles responderam. Confira aqui! Rede JP O janota do Rio Uailã A família +Admirados da Imprensa cresceu Quer saber mais? Vinicius Ribeiro – (11) 9.9244.6655

Edição 1.492 - pág. 16 Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. O jornalista ambiental cambojano Chhoeung Chheng, de 63 anos, morreu no dia 7 de dezembro em consequência de ferimentos a bala sofridos dois dias antes. Ele foi alvejado quando cobria uma operação de transporte ilegal de madeira. O governo da província de Siem Reap prendeu um suspeito, que admitiu ter atirado no jornalista depois de ter sido fotografado duas vezes removendo madeira de uma reserva natural. Chheng entra para a lista de vítimas de ataques contra profissionais de imprensa que tentam defender o meio ambiente e acabam sendo vítimas de violência, uma lista que não para de crescer. O Brasil contribuiu com ela há dois anos, quando o inglês Dom Philips foi assassinado na Amazônia junto com o indigenista Bruno Pereira. Jornalistas ambientais estão cientes dos riscos envolvidos em seu trabalho, e dados mostram que o perigo é real. Um estudo da Universidade Deakin, na Austrália, revelou que 39% dos mais de 800 profissionais entrevistados em 102 países já sofreram ameaças relacionadas à cobertura ambiental. Entre as formas de violência relatadas destacam-se agressões verbais, mencionadas por mais da metade dos entrevistados, seguidas pela violência física, que afetou 10% dos jornalistas. Além disso, quase um terço deles (29%) enfrentou assédio jurídico, uma estratégia cada vez mais usada para dificultar investigações e reportagens. Embora as ameaças não sejam exclusivas de países com menor liberdade de imprensa, contextos repressivos agravam a situação. No Camboja, por exemplo, a repressão à mídia é comum, como aponta a organização Repórteres sem Fronteiras. A impunidade dos agressores intensifica o problema, forçando muitos jornalistas a abandonar pautas importantes. O estudo da Universidade Deakin revelou que 45% dos profissionais entrevistados engavetaram reportagens na última década devido a temores relacionados à segurança. Quando relatar a verdade custa caro: pesquisa mostra o risco de ser jornalista ambiental no mundo e no Brasil O cenário no Brasil: desafios locais No Brasil, o índice de jornalistas ameaçados por matérias ambientais é equivalente à média global, com 39% relatando algum tipo de intimidação. Uma constatação preocupante no país anfitrião da COP30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém. O assédio online é a forma mais comum de intimidação enfrentada pelos profissionais de imprensa no País, de acordo com a pesquisa da universidade australiana. Além disso, 22% dos jornalistas ameaçados relataram terem sido abordados diretamente por pessoas envolvidas em atividades ilegais sobre as quais estavam reportando. Apesar de o índice brasileiro ser inferior ao registrado em países como o Sri Lanka, onde 80% dos jornalistas enfrentaram ameaças diretas, a situação está longe de ser tranquila. Comparado à Alemanha, onde nenhum jornalista entrevistado relatou ameaças relacionadas à cobertura ambiental, o Brasil ainda enfrenta um longo caminho para garantir a segurança de seus profissionais de imprensa. Leia mais sobre os desafios do jornalismo ambiental na edição especial MediaTalks COP29 Austrália anuncia imposto para Big Techs que se recusem a pagar por notícias exibidas nas plataformas após impasse com a Meta. Leia mais Repórteres Sem Fronteiras quer que Assad seja processado pelo assassinato de 181 jornalistas na Síria desde 2011. Leia mais Guatemala emite mandado de prisão contra jornalista exilado que denunciou ameaças a juíza anticorrupção. Leia mais

Edição 1.492 - pág. 17 Vaivém das redações Nacional n Galvão Bueno, depois de 43 anos e inúmeras despedidas, deixa definitivamente a Globo. Ele assinou contrato com o serviço de streaming da Amazon Prime Video até 2029. A Amazon vai transmitir 38 jogos do Campeonato Brasileiro 2025 e Bueno será o narrador. Ele tem também contrato com a plataforma Play9, de Felipe Neto. Brasília n Rute Moraes deixou a revista Oeste, em São Paulo, onde era estagiária e repórter de Política, e de mudança para Brasília começou no portal R7 e Record TV, também como repórter. Minas Gerais n Guilherme Reis começou em novembro na Rede Minas, como repórter na cobertura policial e esportiva, e na rádio Inconfidência, como narrador esportivo dos clubes de Belo Horizonte. Ele antes passou por rádio Itatiaia, Webrádio SCA e Assembleia Legislativa de MG. n Wilson Kirsche, repórter da RPC TV, afiliada da Globo no Paraná, deixou a emissora após 28 anos de casa. Ele fazia entradas em jornais como o Bom Dia Brasil e o Jornal Nacional. No Instagram, comentou que sai “sem rancores nem remorso”, e que sua dispensa já era esperada: “Não dá para alegar surpresa. Havia um climão e dezembro é o mês em que, tradicionalmente, a firma sempre chacoalha o cajueiro. Não falha um. E, dessa vez, quem caiu fui eu”. Confira mais detalhes no Portal dos Jornalistas. Rio Grande do Sul n Guilherme Gonçalves, que nos últimos dois anos e meio vinha atuando na apuração da coluna Acerto do Contas, de Giane Guerra, em GZH, Zero Hora e Rádio Gaúcha, foi promovido a repórter do Grupo RBS. n Luís Magno informou em suas redes sociais que está de saída da Rádio Guaíba. Na postagem, o radialista afirmou que, antes de participar do programa Ganhando o Jogo, foi avisado do seu desligamento. “Eu sequer pude me despedir da audiência”, explicou. “A direção optou pelo fim de meu vínculo empregatício. Foram sete anos e três meses de parceria, onde pude mostrar meu trabalho como locutor esportivo e apresentador”. Galvão Bueno Rute Moraes Guilherme Reis Paraná Wilson Kirsche deixa a Globo após 28 anos Wilson Kirsche Guilherme Gonçalves Luis Magno n A NSC anunciou na última semana a saída de Ângela Bastos, após 30 anos de casa. Segundo comunicado da emissora, a decisão já vinha sendo costurada há cerca de um ano e atende ao desejo da jornalista de se dedicar a projetos especiais. Ao longo de sua trajetória − inicialmente no Grupo RBS, que em 2017 vendeu sua operação em Santa Catarina, surgindo então a NSC −, Ângela atuou como repórter especial e assinou um blog e uma coluna sobre o carnaval catarinense. Uma das mais premiadas jornalistas do Estado, com mais de 30 prêmios, incluindo Vladimir Herzog, Tim Lopes e Gabo, durante essas três décadas produziu conteúdo para impresso, digital, tevê e rádio. Mais informações no Portal dos Jornalistas. Santa Catarina Após 30 anos, Ângela Bastos deixa a NSC Ângela Bastos

Edição 1.492 - pág. 18 Vaivém das redações Mudou de emprego? Teve alguma movimentação ou novidade recente em sua redação? Envie a sugestão para nós pelo [email protected]. n A Record contrata, para o esporte, Cléber Machado, exSBT; Maurício Noriega, ex-Globo, e Paloma Tocci, ex-Band. Felipe Andreoli deixa o Globo Esporte SP e vai para a apresentação do programa Power Couple Brasil. u A última quinta-feira (12/12) foi de dispensas em São Paulo. O nome mais importante é o do premiado repórter Leandro Stoliar, com participação, nos últimos 15 anos, em Jornal da Record e Domingo Espetacular. u Lúcio Sturm é mais um que deixou a Record TV, onde esteve por quase 20 anos. Ele era repórter especial do Jornal da Record, atuando eventualmente no Domingo Espetacular, e fez parte do rodízio de apresentadores do JR 24h. u Também na lista estão os chefes de Reportagem Rosana Simões e Cristina Scaff; o chefe de Produção Mateus Munim; o editor do Jornal da Record Kiko Ribeiro; Laís Dapper, editora do Fala Brasil; Luanna Barros, repórter investigativa e pauteira; os repórteres Eric Klein e Cleisla Garcia. No Rio de Janeiro, foram 19 demitidos, como a apresentadora Larissa Erthal. Mais detalhes no Portal dos Jornalistas. u Ainda por lá, Fabíola Corrêa deixou a casa após 18 anos. Nesse período, atuou como estagiária, produtora, editora de texto e desde 2019 era repórter. Ela chega ao SBT para reforçar o time de reportagem do novo programa Tá na Hora, comandado por José Luiz Datena. E mais... n Eduardo Castro apresentador do canal BandNews e da rádio Bandeirantes, deixou a empresa, em que esteve por quatro anos. n Eduardo Saraiva começou em outubro na CNN Brasil como editor. Ex-editor-chefe do BM&C News, seguirá colaborando paralelamente com produção de conteúdo sobre futebol americano para o site The Playoffs n No processo de reestruturação do SBT, após a morte de Sílvio Santos, Paulo Mathias foi desligado do canal em 10 de dezembro. Durante um ano, ele apresentou o programa diário Chega mais, que foi extinto. n Vinícius Novais, após curta passagem pela Forbes Brasil, está de volta ao Grupo Estado como repórter do Broadcast da Agência Estado. Trainee da 34ª edição do Curso de Focas do Estadão, até novembro ele vinha atuando como repórter do Núcleo de Produção Rápida da editoria de Política na cobertura das eleições municipais de 2024. São Paulo Record TV prossegue com a movimentação em São Paulo Felipe Andreoli Leandro Stoliar Lúcio Sturm Fabiola Corrêa Eduardo Castro Eduardo Saraiva Paulo Mathias Vinícius Novais

Edição 1.492 - pág. 19 Comunicação Corporativa I CONHECA A NOVA QUE UNE TECNOLOGIA, REDE GLOBAL DE PR I I INOVACAO E CRIATIVIDADE. IDEAL AXICOM. Brasília n Catarina Boechat integrouse em novembro ao time de comunicação institucional da Presidência da República. Ali chegou após jornada de 4 anos e 3 meses como assessora de imprensa na GBR Comunicação. Teve ainda rápidas passagens por Oficina Consultoria e pela Secretaria de Turismo do DF. Antes, esteve por pouco mais de 4 anos na Máquina. Ceará n Carol Kossling, ex-jornalista do Sistema Fiec e que foi editora de projetos do Grupo de Comunicação O Povo por 1 ano, até novembro, mas continua como colunista de ESG, está agora também como assessora na FSB Comunicação. Minas Gerais n Natália Manfrin Dias, coordenadora de comunicação institucional no Grupo EcoRodovias, deixou a organização em novembro, após 5 anos de casa. Ela já foi analista de marketing e comunicação na MGO Rodovias e assessora de comunicação na Serra do Facão Energia (Sefac). Rio de Janeiro n Camila Dias, ex-Escola Politécnica na UFRJ e Jangada Comunicação, deixou em novembro a Agência Oliver Press e começou como consultora de comunicação externa no Grupo Carrefour. Paralelamente, atua como assessora de imprensa do projeto social Aromeiazero. Rio Grande do Sul n Alexandre Elmi começou em dezembro na Invest RS, contratado para o cargo de assessor executivo. Suas duas experiências anteriores foram na área pública, no Governo do Estado do Rio Grande do Sul, respectivamente como secretário de comunicação adjunto e diretor de jornalismo, ambos na Secom. Catarina Boechat Carol Kossling Natália Manfrin Dias Camila Dias Alexandre Elmi São Paulo Mariana Passos deixa a Samsung e começa na chinesa Oppo Brasil n Mariana Passos despediu-se em novembro da coreana Samsung, onde era gerente de PR e estava há pouco mais de 7 anos e meio, e seguiu logo na sequência para a Oppo do Brasil, empresa de origem chinesa que há 20 anos atua no mercado global de tecnologia e inovação. Antes, ela esteve em Máquina, Giusti, Pimenta Comunicação e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Mariana Passos

Edição 1.492 - pág. 20 Comunicação Corporativa E mais... n Aline Castro despediu-se em dezembro do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, onde por quase 16 anos foi diretora de comunicação social e em que atuou por 19 anos e meio, e na sequência assumiu a Chefia da Seção de Apoio aos Serviços de Comunicação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Paralelamente, integra a Diretoria da ABCPública, como VP de Relações com os Associados. n Bianca Goes Gravalos, que foi por 1 ano assessora de imprensa na BRZ Content, em São José dos Campos, até agosto, transferiu-se na sequência para a Alameda Comunicação, no mesmo cargo e na mesma cidade. n Daniel Rela, que foi por pouco mais de 4 anos executivo sênior na Burson, deixou a agência em dezembro. Nesse período, atendeu a clientes como Accenture, Abracom, Abichama, Coca-Cola, Hospital Israelita Albert Einstein, 99 e Pague Menos. Antes, esteve na CDN e no Grupo Printer. Também foi por um período assessor de imprensa na Câmara Municipal de São Caetano do Sul. n Emellyn Alves despediu-se em novembro da Imagem Corporativa, agência em que iniciou como estagiária e onde, na sequência, ocupou o cargo de assistente de comunicação e marketing. n Gabrielle Moreto, ex-Moreto Comunicação, deixou em outubro a Sherlock Communications, após ali atuar por 2 anos e 3 meses. n Isabella Bonito, que estava em sua segunda passagem pela Giusti Creative PR, agora na função de analista de comunicação, deixou a agência em outubro seguindo para a Motim, na função de especialista sênior. n Letícia Lacevicius Maia concluiu estágio de 2 anos na FSB Holding e foi efetivada como assistente de comunicação na Loures, uma das agências que integram a organização. n Maira Pinheiro, gerente sênior de Comunicação Corporativa, Reputação e DE&I, despediu-se em novembro da Alpargatas, após 5 anos de casa. Antes, esteve em Triunfo Participações, Grupo Confidence e Máquina CW. Em seu Linkedin, afirmou: “Chegou a hora de voar, sempre com a Alpa no coração e Havaianas nos pés!”. n Natália Moreno do Amaral começou em dezembro como gerente de conteúdo na Betc Havas. Chega após quase 1 ano e meio à frente do mesmo cargo na MRM Brasil. Antes, gerenciou a área de conteúdo da África, organização em que atuou por 2 anos e 8 meses. n Raíssa do Vale, especialista de marketing, branding e PR, despediu-se em outubro do Grupo FCamara, após quase 2 anos e meio de casa, e começou como coordenadora de marketing na act digital. Aline Castro Bianca Goes Gravalos Daniel Rela Emellyn Alves Gabrielle Moreto Isabella Bonito Letícia Lacevicius Maia Maira Pinheiro Natália Moreno do Amaral Raíssa do Vale

Edição 1.492 - pág. 21 Comunicação Corporativa Dança das contas n O Grupo Trama Reputale passa a contar, em sua carteira, com a B.Braun, empresa alemã de tecnologia médica, que fornece ao mercado de saúde mundial mais de 5 mil produtos, abrangendo as áreas de infusão, anestesia, medicina intensiva, cardiologia, hemodiálise e cirurgia; e que está presente no Brasil há 57 anos. No atendimento, Luana Bárbara da Silva e Jéssyca Souza Caires, com gestão de Lori Moscatelli e direção de Leila Gasparindo. n A Bendita Imagem também tem clientes novos em carteira. Conquistou as contas de Bisutti, que atua em eventos sociais, atualmente com presença também em Punta Cana; LocaGOra, em locação de motos, que deve chegar a 500 franquias e que conta com 50 mil motos; e Cervejaria Maralto, que atua na produção de cervejas artesanais e conta com 35 pontos de venda. Em expansão, as empresas terão suporte estratégico da agência para fortalecer sua presença no mercado. Michele Barcena é a CEO da Bendita Imagem. Leia na coluna da ABCPública desta semana no Portal dos Jornalistas: yIII ComPública vai movimentar Aracaju em 2025 yABCPública defende comunicação pública em seminário do PT yInscreva-se no Curso Completo de Comunicação Pública da Aberje yFiscalização de gastos com publicidade em órgãos públicos será mais rigorosa yComo os recursos de inteligência artificial estão sendo usados em assessorias de comunicação pública? yHeloísa Lima, da ABCPública, integrou corpo de jurados do 5º Prêmio MPGO de Jornalismo yABCPública recebe o Troféu Décio Paes Manso no Prêmio Jatobá 2024 n Taynara Duarte está em nova jornada, como consultora sênior de comunicação na equipe da GBR, que assumiu recentemente o atendimento da Latam Airlines. A mudança aconteceu em dezembro, mês em que ela deixou a LLYC após 5 anos de casa, inicialmente como consultora júnior e, depois, como consultora. Ela também foi por 2 anos e 8 meses da MSL Brasil n Thiago Sgrillo, que esteve como terceirizado por 9 meses na JBS e que, antes, foi por quase 12 anos e meio do Grupo Dasa, começou em dezembro como coordenador de comunicação interna, endomarketing e eventos na Petz. Licença-maternidade n Manoela Barbosa, analista master de comunicação na Vale, no Rio de Janeiro, na empresa desde março de 2015. Taynara Duarte Thiago Sgrillo Manoela Barbosa Por dentro da Comunicação Pública HÁ 10 ANOS APERFEIÇOANDO O MERCADO DE COMUNICAÇÃO VOCÊ TEM QUE ESTAR AQUI! A MAIOR FERRAMENTA DE ENVIO DE RELEASES DO BRASIL! MAIS DE 55 MIL JORNALISTAS NO MAILING DE IMPRENSA! O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO PARA CONTRATAR?

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