Jornalistas&Cia 1482

Edição 1.482 - pág. 7 Por Luciana Gurgel, especial para o J&Cia Parceiro de conteúdo Esta semana em MediaTalks Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Um novo relatório do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ) chama a atenção para o impacto das eleições presidenciais dos EUA sobre a liberdade de imprensa e sobre a segurança dos jornalistas em escala global. O CPJ afirma que nos últimos 30 anos mudanças nas políticas americanas têm servido de justificativa para medidas semelhantes em outros países. A organização aponta que as leis antiterrorismo dos EUA inspiraram ações repressivas em nações como Marrocos, onde jornalistas foram presos com base nesses regulamentos, e na Rússia, que usou preocupações com terrorismo para legitimar a censura. A retomada da Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (FARA), em 2018, também incentivou a criação de legislações que rotulam jornalistas como «agentes estrangeiros», um dos principais mecanismos de repressão à imprensa na Rússia. Em outros países, como o Haiti, líderes também observam de perto as políticas americanas para decidir suas próprias ações em relação à mídia. Além disso, a retórica de fake news usada por Donald Trump, que tachou a imprensa de “inimiga do povo” , foi seguida por líderes autoritários para desacreditar o jornalismo. O Brasil é citado como exemplo, com o CPJ apontando que, durante o governo de Jair Bolsonaro, que adotou uma estratégia populista semelhante à de Trump, houve um aumento na violência contra jornalistas e de campanhas de difamação. Cristina Zahar, diretora do Comitê para a América Latina, recordou que Bolsonaro chegou a ser apelidado de “Trump dos Trópicos” devido à sua retórica agressiva contra a imprensa. Diferenças entre os candidatos O relatório compara as abordagens dos candidatos à presidência. Enquanto Trump mantém uma postura agressiva em relação à imprensa, o discurso de Kamala Harris sugere um relacionamento mais civilizado. A recente troca de prisioneiros entre EUA e Rússia, que incluiu jornalistas, foi vista pelo CPJ como um sinal de que a administração Biden-Harris prioriza os direitos humanos e a liberdade de imprensa. Para jornalistas na Rússia e na Ucrânia, o resultado da eleição americana pode ser decisivo. Anna Nemzer, uma jornalista russa exilada, ressaltou que o apoio de Trump a Vladimir Putin poderia prejudicar ainda mais os críticos do governo autoritário na Rússia. Sevgil Musaieva, do jornal Ukrainska Pravda, expressou receio de que uma vitória de Trump comprometa a independência da Ucrânia e a segurança dos jornalistas. Financiamento e impacto global O CPJ também demonstrou preocupação com a possibilidade de uma nova administração Trump reduzir o financiamento de redes de mídia global, como a Voice of America (VOA) e a Radio Free Europe/ Radio Liberty (RFE/RL), que são essenciais para fornecer informações em países com imprensa restrita. Durante seu mandato, Trump tentou politizar essas agências, questionando sua independência editorial, segundo a organização. Diante desses riscos, o relatório do CPJ conclui que a eleição presidencial dos EUA é acompanhada com grande apreensão por jornalistas ao redor do mundo, devido às suas implicações para a liberdade de imprensa e a segurança dos profissionais de mídia. Mais detalhes sobre o relatório completo, que descreve a deterioração da liberdade de imprensa nos EUA e os riscos futuros caso Donald Trump seja eleito, podem ser vistos aqui. Eleições nos EUA e a ameaça global à liberdade de imprensa: CPJ aponta riscos e relembra exemplo do Brasil A menos de dois meses da COP29, Azerbaijão estende prisão preventiva de 11 jornalistas críticos ao governo | Leia mais Meteorologista se emociona ao falar do furacão Milton na TV americana e aproveita para lembrar que violência da tempestade está associada as mudanças climáticas | Assista Em um ano de guerra, Gaza vive um ‘apagão do jornalismo,’ afirma Repórteres Sem Fronteiras | Leia mais Uma morte de jornalista a cada três dias na guerra: o ano mais sangrento da história da imprensa, diz Federação Internacional | Leia mais lham Aliyev

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