Jornalistas&Cia 1480

Edição 1.480 - pág. 47 abaixo dos salários de pesquisadores que atuam em atividades equivalentes em outras instituições. Esse fato, aliado aos processos naturais de redução de quadro, como aposentadoria ou falecimento, colabora para que São Paulo perca cientistas, pois muitos acabam buscando oportunidades de trabalho mais bem remuneradas e devidamente valorizadas. Nos últimos anos, a APqC tem se empenhado em debates legislativos e audiências públicas para discutir o desmonte dos institutos de pesquisa e a necessidade de uma política de ciência e tecnologia mais robusta. J&Cia – A APqC decidiu apoiar, este ano, pela primeira vez, o Prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, realizado por este Jornalistas&Cia, e com isso estará ao lado de marcas de grande prestígio nesse ecossistema. Para nós, organizadores, foi uma grata surpresa ver uma instituição focada nos profissionais de pesquisa interessada em apoiar o jornalismo de economia. Pode explicar as razões desse apoio? Helena – O apoio da APqC ao Prêmio +Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças reflete a importância do diálogo entre ciência e sociedade, especialmente no contexto econômico. (*) Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC e pesquisadora científica do Instituto Florestal desde 2004, é formada em Ecologia (Unesp), Mestre em Conservação e Manejo de Recursos (Unesp) e Doutora em Ecologia e Recursos Naturais (Ufscar). Antes de entrar para a carreira de pesquisadora, atuava, desde 1994, como servidora pública no cargo de assistente de pesquisa do Instituto Florestal. Suas principais atividades na área da pesquisa pública envolvem Unidades de Conservação, Zonas de Amortecimento, Interpretação da Natureza, Educação Ambiental, Plano de Manejo e Capacitação. No fim de 2023, após dois anos como vice-presidente, foi eleita presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) para o biênio 2024/2025. Nacionais Freepik Instituto Agronômico Instituto Biológico Instituto de Economia Agrícola Instituto de Pesca Instituto de Tecnologia de Alimentos Instituto de Zootecnia APTA Regional Instituto Geográfico e Cartográfico Instituto de Botânica (*) Instituto Florestal (*) Instituto Geológico (*) Instituto Adolfo Lutz Instituto Butantan Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia Instituto Lauro de Souza Lima Instituto Pasteur Instituto de Saúde Superintendência do Controle de Endemias (*) Laboratórios de Investigação Médica do HC-FMUSP (*) Institutos pelos quais a APqC atua para que sejam recriados Institutos Públicos de São Paulo nos quais os pesquisadores atuam: Os jornalistas, muito atacados em um momento recente do País, são formadores de opinião essenciais para a democracia, porque fazem isso com credibilidade e isenção. Se queremos uma sociedade engajada em favor da pesquisa pública, precisamos começar por quem a informa. É de extrema importância que os brasileiros, especialmente os paulistas, saibam que o Estado de São Paulo possui, atualmente 16, mas já foram 19, institutos de pesquisa que tem todo o potencial para oferecer o conhecimento necessário para orientar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o enfrentamento da crise climática na qual estamos mergulhados. Seja em relação à segurança alimentar, ao desenvolvimento de vacinas ou ao controle de endemias, seja no campo da conservação ambiental, São Paulo poderia, ou deveria, estar na vanguarda, oferecendo soluções para os problemas, não fosse a negligência com a qual os governantes têm tratados os Institutos Públicos de Pesquisa. Extinguir os três institutos em matéria ambiental do estado − Instituto Florestal, Instituto de Botânica e Instituto Geológico −, juntamente com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), em meio a pandemia que indicava o agravamento da crise ambiental/climática, é uma demonstração desse descaso.

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