Jornalistas&Cia 1480

Edição 1.480 - pág. 35 ESPECIAL governo civil após 21 anos de ditadura militar, e a proximidade do centenário da Abolição, colocaram as pautas negras em destaque. A primeira cobertura internacional foi a viagem de uma comitiva de intelectuais e políticos afro-brasileiros à Ilha de Gorée, no Senegal. O evento rendeu um documentário que foi exibido na TVE. Apesar de algumas tacadas bem-sucedidas, a produtora demorou muito a decolar por falta de clientes: “Ninguém falava dessa forma, mas ficou evidente que ninguém queria contratar uma produtora negra, né?!”. Entre a produtora Cor da Pele e a criação da Cultne (acrônimo para cultura negra), Filó atuou em cargos de confiança em órgãos governamentais do Rio de Janeiro e no Ministério dos Esportes, na gestão de Pelé. O convite para cobrir a Conferência de Durban, em 2001, rendeu os recursos necessários para digitalizar o acervo histórico, com imagens únicas das passeatas no Centenário da Abolição e de discursos de Abdias do Nascimento e Lélia Gonzáles, dois expoentes da intelectualidade negra. A Cultne.TV começa em 2008, com o acervo publicado em um canal no YouTube, e hoje se tornou uma emissora presente nas plataformas Samsung TV Plus, Pluto TV e TCL Channel, que cobrem uma base total de 15 milhões de televisores no Brasil. Apesar de ter conquistado espaços privilegiados para transmissão de seus conteúdos, e contar com um rico acervo, a Cultne ainda se mantém distante dos olhos de investidores e anunciantes. Existe uma dificuldade das empresas em reconhecer o potencial da comunidade afro-brasileira”, critica Paulo Rogério Nunes, que na retomada da Afro.TV está mudando o departamento comercial de Salvador para São Paulo: “Lá é o centro de decisão dos principais anunciantes e das grandes agências”.

RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==