Jornalistas&Cia 1480

Edição 1.480 - pág. 16 ESPECIAL Esse predomínio, no entanto, nunca incluiu as mulheres negras, as quais, em geral, sempre foram sub-representadas nesses espaços, apesar de formarem o maior contingente populacional do País. Por conta disso, mesmo as que conseguiam “furar a bolha” se viam numa posição de incômodo permanente. “Não era suficiente estar lá dentro (da redação), pois o grande destaque era sempre dado aos profissionais brancos. Eles que eram pautados para coberturas nacionais e internacionais”, diz a jornalista Lenne Ferreira, especializada na área cultural. “Sempre me incomodou o fato de a cultura negra e periférica nunca ter conseguido espaço nas capas do jornal”. Somem-se a isso os processos de demissão em massa que foram precarizando as condições de trabalho da equipe. Esta série de incômodos foi o estopim para que essa recifense decidisse alçar voo solo. O site de notícias Afoitas surge a partir do inconformismo, misturado a doses generosas de empoderamento. A começar pelo nome, um epíteto para mulheres com elevada autoestima e donas de si. O projeto inicial previa a criação de um grande portal para agrupar mídias negras e indígenas com a ambição de “nordestinizar a cultura”. Logo na saída, ficou evidente que seria necessária uma correção de rota, devido à falta de recursos para investir. Por conta disso, Lenne montou um time enxuto, composto de cinco mulheres, sendo quatro negras e uma indígena, todas formadas em jornalismo, como faz questão de pontuar a criadora do Afoitas. Jornada semelhante foi percorrida Lenne Ferreira

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