Edição 1.480 - pág. 12 ESPECIAL das violações cometidas pelo aparato policial e o judiciário. “Havia um desejo em muitos de nós de fazer um trabalho que ia além do que se propunham os veículos de grande porte, que tratavam dessas questões de forma pouco aprofundada e circunscrita à região central”, conta o cartunista Antonio Junião, cofundador e diretor de arte e projetos especiais da Ponte. “Nunca sofri censura, mas era evidente que pautar temas sociais nos grandes veículos sempre foi uma tarefa muito difícil”. Ao “tratar sem verniz” as questões delicadas, como encarceramento em massa, violência policial e outras violações Antonio Junião aos direitos humanos praticadas pelo Estado, a Ponte acabou se tornando uma espécie de aliada de movimentos sociais que atuam no Estado, como o Grupo Mães de Maio (7). “As pessoas confiam no jornalismo que nós fazemos”, diz. “Enxergamos pessoas e não números, por isso acompanhamos todos os casos noticiados, pois entendemos que a história não acaba quando a reportagem é publicada”. Essa linha editorial, chamada de jornalismo de causas ou jornalismo engajado ou ainda jornalismo posicionado, é a tônica de projetos independentes nativos digitais ou não, surgidos a partir da primeira década deste século. Neste balaio sobressaem outras duas características marcantes: a hiperlocalização (8) e o desejo de colocar na vitrine e amplificar vozes de grupos étnicos (negros, pardos e indígenas) e lugares (a periferia das regiões metropolitanas) que historicamente foram escanteados pelos conglomerados de mídia. Esses
RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==