Jornalistas&Cia 1479

Edição 1.479 página 4 Nacionais n O apresentador José Luiz Datena, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, agrediu o também candidato e coach Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada durante debate realizado pela TV Cultura no último domingo (15/9). O jornalista foi expulso após a agressão. O episódio fez o diretor Leão Serva, mediador do debate, agir rapidamente para conter a situação. u Serva tentou impedir Datena de cometer a agressão e chamou os intervalos comerciais. Após longo tempo, declarou que Datena havia sido expulso por descumprir regras, não apenas pela agressão, mas também por ter utilizado palavras de baixo calão. Já Marçal deixou o debate para ir ao hospital. u “Vivemos agora nesse intervalo forçado um dos eventos mais absurdos da história da televisão brasileira, certamente dos debates”, declarou Serva. “A decisão da televisão foi expulsar Datena, conforme estava previsto no regulamento assinado e aceito por todos, porque ele cometeu três falhas graves sucessivas: o uso de palavras de baixo calão em duas ocasiões, e posteriormente a agressão física. (...) Eu peço desculpas em nome da TV Cultura e de todo o mundo da televisão que viu hoje uma cena tão absurda”. u Após o debate, em entrevista para o programa De Olho no Voto, da própria TV Cultura, Serva comentou o ocorrido: “Não imaginávamos que, com todas essas regras, isso pudesse acontecer. Muito lamentável que tenha ocorrido. Certamente, uma das cenas mais desagradáveis da história da TV Brasileira”. u A postura e a condução do problema por parte de Serva foram elogiadas nas redes sociais pela agilidade do jornalista em conter a crise e por se tratar de uma situação de emergência. Porém, não foi uma unanimidade. Outros criticaram o fato de ele ter chamado os comerciais logo após a agressão e cortado o vídeo da transmissão em um momento que seria de grande importância para o jornalismo, para falar sobre uma situação que ficará marcada na história dos debates eleitorais. u Vale lembrar que esta não foi a primeira vez que Serva agiu para conter uma situação de crise. Em 2022, durante debate entre candidatos ao Governo de São Paulo promovido pela TV Cultura, ele defendeu a jornalista Vera Magalhães após ela ter sido agredida verbalmente. Na ocasião, o então deputado estadual Douglas Garcia filmou o rosto de Vera, chamando-a de “vergonha para o jornalismo brasileiro”. Serva, percebendo a situação, pegou o celular da mão de Garcia e o arremessou para longe. Foi a primeira vez que um dirigente da TV brasileira rebelou-se fisicamente para impedir um ataque contra um de seus jornalistas. u Serva atua hoje como diretor Internacional de Jornalismo da TV Cultura e correspondente do canal em Londres. É também professor de Ética Jornalística. Antes da Cultura, trabalhou em Folha de S.Paulo, Diário de S.Paulo, portal iG e revista Placar. Agressão em debate da TV Cultura faz Leão Serva agir novamente para conter crise TV Cultura/YouTube Em 2022 ele interveio para defender a apresentadora Vera Magalhães n Jornalistas&Cia reproduz abaixo, em apoio à estratégica e relevante atuação da Sumaúma, o manifesto da agência na defesa de seu trabalho jornalístico e investigativo e da sustentabilidade de sua operação na Amazônia: “Dois anos. Mais de quatro centenas de conteúdos publicados. 12 prêmios nacionais e internacionais. 14 jornalistas-floresta formados. Reportagens que abriram investigações policiais e fizeram governos agir. Dois anos de um jornalismo rigoroso e ético, de alumbramento, de um jornalismo que busca mudar o futuro do planeta a partir da Amazônia brasileira. Aniversário é tempo de balanço. E, nós, em Sumaúma, olhamos para o passado e nos orgulhamos. Mas aniversário também é tempo de planejar o futuro. E precisamos ser diretos: tudo isso que fizemos custou muito caro. Revelar o que as mulheres Yanomami sentem e sofrem com o garimpo, por exemplo, nos custou mais de 50 mil reais. Investigar como o assassino de Chico Mendes pretendia entrar na política em Medicilândia, outros 30 mil reais. Fazer jornalismo de profundidade na Amazônia, jornalismo que vai lá, vê e escuta, exige muito dinheiro. Hoje dependemos muito de doações de instituições filantrópicas, ainda que nossa base de apoiadores-leitores seja incrível. Mas nossa segurança financeira precisa estar no apoio de quem nos lê. No seu apoio. Só assim vamos conseguir continuar fazendo o que fazemos. Por isso, temos uma proposta para te fazer. É uma proposta ousada, sabemos. Mas vai ser legal para você – e para o planeta, prometemos. No próximo mês queremos arrecadar ao menos 500 mil reais. Essa verba nos dará fôlego para planejar pelo menos 10 reportagens neste terceiro ano de nossa existência. Em troca, te daremos um – ou dois – presentes. Um deles é uma dupla de aulas virtuais. A primeira, com Eliane Brum, a jornalista mais premiada do Brasil e nossa idealizadora. A segunda, com Jonathan Watts, outro idealizador de Sumaúma, editor global de meio ambiente do jornal The Guardian. Também estamos oferecendo uma série colecionável de postais com as fotos mais lindas e importantes publicadas em Sumaúma nesses dois anos, com frases de povos-floresta que emergiram em nossas reportagens. Bora contar a Amazônia para o mundo com a gente?” n Doe: apoia.se/sumauma2anos. Carta aberta de apoio à Sumaúma Leão Serva

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