Jornalistas&Cia 1479

Edição 1.479 página 16 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 Em 1787, o Marquês de Sade escreveu o romance Justine ou Os Infortúnios da Virtude. Interessantíssimo. Bom de se ler. Fez sucesso e acabou entrando no rol dos clássicos. Pouco tempo depois de Sade publicar Justine, Restif de La Bretonne escreveu e publicou Anti-Justine. Justine é um livro que trata de duas irmãs que são postas pra fora de um convento de freiras depois que a mãe morre. Uma vira prostituta, Juliette, que passa a ter uma vida farta e movimentada na sociedade do seu tempo. A outra, Justine, nasceu pra sofrer. Sade foi Sade. Sádico. Sadismo vem do Marquês de Sade. E Masoch? O austríaco Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895) gerou a palavra masoquismo, que tem a ver com a pessoa que tem prazer sexual com o próprio sofrimento ou humilhação a que se submete. Masoch, como pelo sobrenome ficou conhecido, é o autor de A Vênus das Peles. Esse livro, publicado em 1870, conta a história de um casal que sente prazer em ser maltratado um pelo outro. Normal, dentro da temática do viver. Freud adorou o tema. Um trecho: − A dor possui para mim um encanto estranho, e que nada acende mais a minha paixão do que a tirania, a crueldade, e sobretudo, a infidelidade de uma mulher formosa. Esta mulher, este estranho ideal de terrível estética, imagino-a com a alma de Nero e o corpo de Friné. Friné, como se chamava, foi uma cortesã de luxo da antiga Grécia. Era pouco vista em público e viveu no correr do século 4 a.C. Ainda no referido livro, lê-se: … Eu sou ultrassensualista, que em mim toda a concepção procede, antes de mais, da imaginação e que se nutre de quimeras. Desde que, pelos dez anos, puseram nas minhas mãos a vida Licenciosidade na cultura popular (LXXVII) dos mártires, desenvolvi-me e sobreexcitei-me nesse sentido. Recordo-me que lia com um horror que constituía para mim um verdadeiro prazer, a maneira como languesciam na prisão, os estendiam nas grelhas, os atravessavam de setas, os ferviam em pez, os deitavam às feras, os crucificavam, tudo sofrendo eles com uma espécie de alegria. Sofrer, suportar cruéis torturas, parecia-me então uma forma de prazer, sobretudo se estas torturas se infligiam por intermédio de uma mulher bonita… A Friné citada por Masoch, fez-me lembrar a personagem Alceste que dá título à peça do antigo autor grego Eurípides. É história encantadora. Enigmática. Um trecho: …Alceste não é uma tragédia, como diziam ser − acho que é uma obra obscura porque é uma história doméstica mais íntima, e justamente por isso gostei tanto. A montagem se passava nos dias atuais, numa casinha no subúrbio de Atenas. E gostei do escopo que deram à peça. Uma tragédia íntima e realista. O protagonista está condenado à morte, e sua mulher, Alceste, quer salvá-lo. A atriz que interpretava Alceste parecia uma estátua grega, com um rosto magnífico; eu ficava pensando em pintá-la. Pensei em pegar informações sobre ela e fazer contato com o agente. Quase comentei isso com Jean-Felix, mas me contive. Não quero mais envolvê-lo na minha vida, seja lá para o que for. No fim, eu estava com lágrimas nos olhos. Alceste morre e renasce. Literalmente volta do além… (Parte do diário da personagem Alicia Berenson, constante no livro A Paciente Silenciosa, escrito pelo norte-americano Alex Michaelides) Leopold Masoch publicou no total 34 livros, incluindo A Vênus das Peles. Reproduções por Flor Maria e Anna da Hora Masoch A morte de Alceste pintura de Pierre Peyron Seu case com vida longa Todos os cases inscritos no Jatobá PR, desde que autorizados, passam a integrar o Banco de Cases, o único do gênero. É gratuito e já conta com mais de 1.200 cases Veja+

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