Jornalistas&Cia 1476

Edição 1.476 página 12 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Safado, gozador, brincalhão e um tanto puto, Zé Limeira raramente titubeava pra pôr sua viola no peito e dela tirar som com versos assim: O véio Thomé de Souza, Governador da Bahia, Casou-se e no mesmo dia Passou a pica na esposa... Ele fez que nem raposa: Cumeu na frente e atrás, Chegou na beira do cais, Onde o navio trefega, Cumeu o Padre Nobréga, Os tempos não voltam mais. Absurdo é o irreal, o que não se vê, coisa ou algo que não se vê. Na literatura é comum classificar tal gênero como “realismo fantástico” ou “mágico”. Nessa classificação entra claramente o tcheco Franz Kafka (18831924). Kafka, segundo o austríaco Otto Maria Carpeaux (1900-1978), era “um rapaz franzino, magro, pálido, taciturno. Eu não podia saber que a tuberculose da laringe, que o mataria três anos mais tarde, já lhe tinha embargado a voz”. Assim trouxe Carpeaux suas reminiscências sobre Kafka. E o mesmo Otto Carpeaux lembra como conheceu o autor de Metamorfose (1915): “Kauka.” “Como é o nome?” “KAUKA!” “Muito prazer.” Esse diálogo, que certamente não é dos mais espirituosos, foi meu primeiro encontro com Franz Kafka. Ao ser apresentado a ele, não entendi o nome. Entendi Kauka em vez de Kafka. Foi um equívoco. Hoje, o “Kauka” daquele distante ano de 1921 é um dos escritores mais lidos, mais estudados e – infelizmente – mais imitados do mundo. Era do caralho! Num tempo não muito distante, era comum escritores morrerem vitimados pela tuberculose. Fora o mal que atacou os pulmões de Kafka. Ele era de pouca conversa, de pouco namoro e tal. Seus relacionaLicenciosidade na cultura popular (LXXIV) mentos amorosos eram raros. Preferia frequentar bordéis a manter relações duradouras com mulheres: “Tenho tanta necessidade de alguém para ter um contato unicamente amigável que ontem voltei para o hotel com uma prostituta. Ela é velha demais para ser melancólica, ela somente se lamenta; tanto que não fica espantada que não sejamos tão gentis com uma prostituta como com uma amante. Eu não a consolei, pois ela também não me consolou”. Isso ele disse em carta para seu amigo e editor Max Brod. Diante disso tudo, da fala que ele dá nessa carta, houve uma jovem que lhe despertou atenção. Com essa jovem, uma burguesa de Praga chamada Milena Jesenská (18961944), ele manteve uma longa correspondência que acabaria por virar um livro: Cartas a Milena (1952). Porém − porém de novo −, com ela ele nunca manteve relações sexuais, físicas. Tipo amor platônico. Ele foi, partiu para a Eternidade, antes dela. No Brasil teve um escritor que foi o tempo todo comparado a Kafka. Seu nome: Murilo Rubião (1916-1991). Era bom, mas não era tudo isso. Pelo menos no que se refere a Kafka. Murilo Rubião estudou e fez um monte de coisas, como ser inteligente que era. Foi jornalista, antes disso advogado, contista e tal. A obra literária do mineiro Rubião é pequena, mas densa. Deixou 30 e poucos contos espalhados em um, dois, três… quatro… talvez cinco ou seis livros. Coisa pouca, como se vê! Foi bom? Murilo foi ótimo. Antes dele houve outros autores que tentaram navegar nas ondas de Kafka, mas não conseguiram. E talvez até nem quisessem, como o bom João do Rio. João foi o primeiro grande repórter da imprensa brasileira. Mais: como repórter ele retratava a realidade que via na sua cidade do Rio. Ou seja, fazia o que todo bom repórter deve fazer. Esse João deixou histórias escritas no mundo real e irreal. João foi grandão. Reproduções de Flor Maria e Anna da Hora Franz Kafka Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) Estudo recente da empresa de medição de atenção Adelaide revelou que anúncios em plataformas de áudio, como rádio AM/FM e podcasts, são mais eficazes em captar a atenção dos consumidores do que se acreditava anteriormente. A análise mostrou que, para alcançar o mesmo nível de atenção que um investimento de US$ 1.000 em publicidade de rádio AM/FM, seriam necessários US$ 2.635 em anúncios no Facebook. Além disso, plataformas de áudio geram atenção quase equivalente à da TV, desafiando o mito de que apenas anúncios com elementos visuais e de movimento são eficazes. Plataformas de áudio superam expectativas e geram atenção igual à da TV

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