Edição 1.473 página 5 Nacionais n Wilson Figueiredo completou 100 anos em 29 de julho. Celebrado como um dos mais importantes jornalistas brasileiros, seu centenário motivou inúmeras comemorações. Dono de um texto elegante e inteligente, pessoa educadíssima, bem-humorada e de bem com a vida, é referência para várias gerações de jornalistas. u Capixaba de Castelo, foi para Belo Horizonte aos 20 anos, e entre os mineiros iniciou sua carreira no jornalismo. A convite de Carlos Castello Branco, o Castelinho, trabalhou em uma agência de notícias ligada ao jornal Estado de Minas. Dali em diante, foram 80 anos de dedicação ao bom jornalismo. u Chegou ao Rio em 1957 e esteve nas redações de Última Hora, de Samuel Wainer, e O Jornal, de Assis Chateaubriand. Foi repórter, redator, colunista, editor, cronista e editorialista de grandes jornais. u Mas foi no Jornal do Brasil, onde passou 45 anos e fez parte do time liderado por Odylo Costa, filho, Amílcar de Castro e Jânio de Freitas – responsável pela reforma gráfica do JB, um marco do jornalismo brasileiro – que Figueiredo entrevistou as mais importantes personalidades da política brasileira, e sobre elas escreveu. Jeitoso para abordar e conquistar as fontes mais poderosas da República, seus textos são hoje uma fonte preciosa e fidedigna para se conhecer e entender a história política do Brasil após a década de 1950. u Nos anos 1940, publicou dois livros de poesia, o que levou Nelson Rodrigues a chamá-lo de “sempre um poeta”. Em 1964, em conjunto com oito autores redatores do JB, participou da coletânea Os idos de março e a Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de J&Cia no Rio Wilson Figueiredo Os 100 anos de Wilson Figueiredo queda em abril. A estreia como escritor no tema do jornalismo permaneceu adormecida por 50 anos, até que, entre 2015 e 2018, lançou três livros: 1964: o último ato; De Lula a Lula – sobre os dois primeiros governos; e Os mineiros: modernistas, sucessores & avulsos. Para este último, valeu-se da experiência de ter sido amigo próximo de uma geração de escritores que também atuou em jornal, como Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Rubem Braga qualificou-o como “mineiro do litoral”. u Figueiredo deixou o JB aos 81 anos. Quando todos acreditavam que iria descansar, Francisco Soares Brandão – sócio-fundador da FSB Comunicações, conhecido como Chiquinho Brandão – convidou-o para trabalhar no escritório de Ipanema. Ali, diariamente, de 2005 a 2020, escreveu artigos e refinou os textos dos mais jovens, a quem recebia para uns minutos de prosa com Seu Wilson, como era chamado. Um mestre, mas ainda assim não lhe faltava humildade. Com a pandemia de Covid, recolheu-se no convívio da família, apesar de permanecer no quadro de colaboradores da FSB. u Quando Chiquinho Brandão quis produzir um livro para comemorar os 30 anos de fundação da FSB, Ancelmo Gois sugeriu uma obra sobre a vida e a carreira de Figueiredo. Foi assim que surgiu E a vida continua – A trajetória profissional de Wilson Figueiredo. Lá estão o fim do Estado Novo, a Constituinte de 1946, os governos de Getulio Vargas e Juscelino, as idiossincrasias de Jânio Quadros – dizem mesmo que foi o primeiro a antever a renúncia de Jânio Quadros em uma de suas colunas –, os anos de ditadura e a reconstrução da democracia. A empresa patrocinou agora uma reedição da obra, disponível nas livrarias. u Aos 88 anos, quando foi lançada a primeira edição de sua biografia, Figueiredo brincou: “Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí”. n A repórter Verônica Dalcanal, da EBC, foi vítima de assédio durante a cobertura dos Jogos Olímpicos, em Paris. O caso ocorreu no sábado (3/8) enquanto ela relatava o dia dos atletas brasileiros para a TV Brasil. Durante a transmissão ao vivo, três homens se aproximaram da jornalista e dois deles a beijaram no rosto sem consentimento. u “A gente sabe que é normal a torcida interagir com os repórteres, mas eles foram muito desrespeitosos comigo e ultrapassaram limites”, comentou a repórter em outra entrada ao vivo. “Me tocaram, encostaram em mim, enfim. Eu não consigo nem descrever o que aconteceu direito e eu não pretendo ver as imagens”. u A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a Secom, emitiu uma nota de apoio à jornalista, considerando o caso “inaceitável”. Em nota conjunta, os sindicatos de jornalistas de Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se solidarizam e se colocaram à disposição de Verônica. Também cobraram da EBC uma atitude formal em relação ao caso, além de assegurar suporte à profissional. Verônica Dalcanal Repórter da EBC sofre assédio de torcedores em Paris
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