Edição 1.473 página 17 Por Assis Ângelo PRECIO SIDADES do Acervo ASSIS ÂNGELO Contatos pelos [email protected], http://assisangelo.blogspot.com, 11-3661-4561 e 11-98549-0333 José do Patrocínio teve presença marcante na formação do escritor Coelho Neto, que começou a carreira num jornal dirigido pelo abolicionista. Coelho Neto (1846-1934) deixou mais de 100 livros publicados e pelo menos 600 contos abordando os mais diversos temas. Foi considerado um dos maiores autores de histórias “pornográficas” e o primeiro e mais profícuo autor naturalista do Brasil. A história de A Rainha Ginga me faz lembrar a história da mineira Francisca da Silva de Oliveira, Xica da Silva (17321796), que no correr da vida fez de uma mulher branca a sua escrava. Além disso, teve 14 ou 15 filhos. Casada com um homem muito rico, o português João Fernandes, Xica findou seus dias com muito poder e grana. Conta a história que uma das filhas de Xica da Silva amasiou-se com um padre. A presença de padres na vida real e na ficção é antiga. No correr da Revolução Francesa, que explodiu em 1789, padres foram mortos e outros postos pra correr. Freiras também foram mortas e perseguidas pelos revolucionários de então. O romance A Relíquia, de Eça de Queiróz, mostra boa movimentação de religiosos. O menino Teodorico Raposo, quando já adulto chamado de Raposão, fica órfão de pai e mãe e é adotado por uma tia, Patrocínio das Neves. Das Neves é uma mulher que dedica todo o seu tempo, a sua vida, a Deus e aos santos católicos. É uma carola. Riquíssima e sem herdeiros. Raposão faz tudo e mais um pouco para ganhar a estima da tia e, de tabela, a sua herança. Raposão é um mentiroso, um vigarista, um aloprado “durango” que está o tempo todo envolvido com todo tipo de mulher. Um dia apaixona-se completamente por uma certa Adélia. Ela o trai. O final desse romance? Não digo! Portugal e França deram grandes escritores ao mundo. Paris, durante muito tempo chamada de A Cidade Luz, espalhou para o mundo obras de Voltaire, Sade, Victor Hugo, Flaubert, Rousseau, Sartre, Proust, Dumas (pai e filho), Balzac, Rimbaud, Baudelaire, Gide, Beauvoir e Zola. Licenciosidade na cultura popular (LXXI) Coelho Neto Émile Zola Émile Zola fez muita coisa bonita. Zola deixou duas dezenas de livros, um melhor do que o outro. O conteúdo da obra dele é extraordinário. Tem amor, adultério e tudo mais que há no cotidiano humano. Foi ele o primeiro escritor a chamar a atenção para a realidade nua e crua do povo desamparado. Foi Zola o criador do Naturalismo como escola literária. O que difere o Naturalismo do Romantismo é a valorização da Ciência. Thérèse Raquin, de Émile Zola, é considerado o primeiro livro “naturalista”. Foi lançado em 1867. Em 1890, Zola publicou o romance A Besta Humana. É um livro que faz doer página após página. O protagonista, o maquinista de trem Jacques Lantier, parece psicologicamente torturado por um passado inexplicável. Seus ímpetos são fora do comum. Ele está sempre pronto pra matar. Resiste. Desconfia da mulher e sobra pra ela. Naturalista também foi o jornalista Figueiredo Pimentel (1859-1914), atuante no jornal Gazeta de Notícias, do Rio. Nesse jornal assinava uma coluna intitulada Binóculo, que tratava da vida mundana da cidade. Certamente foi o primeiro colunista social do Brasil. No jornal Província do Rio, sob o pseudônimo Albino Peixoto, Pimentel publicou na forma de folhetim o romance O Aborto com outro título: O Artigo 200 (referência à lei que já no Império proibia o aborto). Provocou muita polêmica. Corria o ano de 1889. O Aborto, no formato de livro, foi publicado em 1893. Na história a personagem Maroca vive sem amarras, sem dar satisfação a macho nenhum. Tinha 17 anos de idade quando se apaixonou pelo primo Mário, que a engravida. No fundo, no fundo, ela diz que gostaria de ser uma “prostituta de luxo”. E, aqui, calo-me. Pimentel é também autor dos romances Um Canalha e O Terror dos Maridos, publicados, respectivamente, em 1895 e 1896. O tempo passou e Pimentel caiu no esquecimento. Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora Figueiredo Pimentel
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