Edição 1.471 página 6 Esse João não era besta, não. Esse João era baixo, gordo, preto e homossexual. Esse João tinha tudo pra ser nada. Patrocínio, de quem falamos a pouco, sabia disso. Sabia tanto que o contratou. João do Rio andou pela França e por um monte de outros países. Gostavam dele em Portugal e na Argentina. Em Paris, num ano qualquer, João conheceu a bailarina Isadora Duncan (1877-1927). Duncan, no Rio, teve como cicerone o João que ela conhecera na chamada Cidade Luz. As bocas que dizem besteiras disseram que João e Duncan tiveram um caso amoroso. Hummm… Curioso… João do Rio foi o mais jovem integrante da Academia Brasileira de Letras, a ABL. Tinha 29 anos. Machado de Assis não moveu um músculo sequer para fazer de João um acadêmico. A mãe de João, que tanto amava o filho, chegou a ir à casa do Machado para interceder no sentido de transformar João num acadêmico. Não colou. Depois da primeira tentativa, houve a segunda. E foi nessa segunda tentativa que João entrou para a ABL. João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, pseudônimo João do Rio, deixou 25 livros publicados. Entre eles No tempo de Wenceslau, As Religiões do Rio, A Alma Encantadora das Ruas e A Mulher e os Espelhos. Ah! Sim: alguns livros de João do Rio foram publicados primeiramente em francês e espanhol, depois em português. João falava algumas línguas, tanto que chegou a traduzir livros do poeta inglês Oscar Wilde (18541900). No natural do tempo chegado ou passado muita coisa houve. Personagens incríveis, de paz e guerra. Há um livro intitulado Batalhas Brasileiras, de Hernâni Donato (19222012), que conta o dia a dia brasileiro. Nada ou muito pouco a ver com o que dizia o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) sobre a cordialidade do homem brasileiro. Ele foi vendido pelo próprio pai. Tinha 10 anos de idade. A mãe africana, Luísa Mahin, sofreu, sofreu. África. Luiz Gama (1830-1882) marcou profundamente a vida brasileira no campo do jornalismo e da poesia. Fundou jornais e revistas no Rio e em São Paulo. É de Gama o livro Primeiras Trovas Burlescas de Getulino (1861), em que se acha o poema Minha Mãe, feito com base no mote de Junqueira Freire. Este: João do Rio Livro de Oscar Wilde traduzido por João do Rio
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