Jornalistas&Cia 1471

Edição 1.471 página 5 No total, José de Alencar publicou 61 livros. Machado de Assis também publicou 61 livros, entre os quais dez romances e dez peças de teatro. Uma das peças de Machado, Tu Só, Tu, Puro Amor... (1880), falava de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas. No total são seis personagens: Camões, Antônio de Lima, Caminha, D. Manuel de Portugal, D. Catarina de Ataíde e D. Francisca de Aragão. Catarina vem a ser a mulher que por pouco, muito pouco, não ganhou o coração do poeta. A peça, uma comédia, tem um ritmo dinâmico. Já quase no fim, escreveu Machado: D. MANUEL − Confiai em mim, nos meus amigos, nos vossos amigos. Irei ter com eles; induzi-los-ei a.... CAMÕES − A quê? A mortificarem um camareiromor, a fim de servir um triste escudeiro que já estará a caminho de África? D. MANUEL − Ides à África? CAMÕES − Pode ser; sinto umas tonteiras africanas. Pois que me fecham a porta dos amores, abrirei eu mesmo as da guerra. Irei lá pelejar, ou não sei se morrer... África, disse eu? Pode ser que Ásia também, ou Ásia só; o que me der na imaginação… O autor de Os Lusíadas passou bom tempo na Índia, onde escreveu as primeiras estrofes do seu mais famoso poema, que seria publicado em Portugal em 1572. Em 1880, quando Tu Só, Tu, Puro Amor... foi feita, aqui e acolá houve quem lembrasse dos 300 anos da morte do grande poeta. Falamos a língua portuguesa. Herança antiga, não é mesmo? Em 1856, no Brasil, a maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917) publicou o primeiro romance escrito por mulher: Úrsula. Detalhe nessa história é que a primeira edição de Úrsula não trazia o nome da autora e, sim, simplesmente “Uma Maranhense”. Curiosidade: a primeira Lei do Divórcio, no Brasil, data do século 19. Meu amigo, minha amiga: essa lei aprovada na época pelo Senado era mais favorável ao homem do que à mulher. Pedro II não publicou livro nenhum, mas publicou com pseudônimos muitos textos em jornais do seu tempo. Meio idiota, não? José de Alencar foi vítima desse Pedro e por isso deixou de ocupar uma cadeira no Senado. Houve dezenas, centenas de jornais editados no Brasil Império, de Norte a Sul. O primeiro jornal escrito e publicado no Brasil, já falamos, foi A Gazeta do Rio de Janeiro (1808). Um dos últimos no Império foi A Cidade do Rio (18871902), fundado e editado pelo escritor e abolicionista José do Patrocínio (1854-1905). Foi o jornal de Patrocínio o marco da carreira profissional do repórter João do Rio (1881-1921). O fim do jornal A Cidade do Rio deveu-se ao bombardeio provocado pelo escroto presidente alagoano Floriano Peixoto (1839-1895). Bombardeio, entenda-se: perseguição, agressão e todo tipo de ataque. Antes desse jornal, Patrocínio fundou o quinzenal Os Ferrões. Com cerca de 30 páginas, esse jornal circulou entre junho e outubro de 1875. José do Patrocínio, filho de um padre e de uma menina de 13 anos, deixou uma obra exemplar. Fez coisas incríveis. Dedicou-se à luta pela liberdade do povo que tão bem representava: o negro. O pensamento de Patrocínio se acha em alguns de seus livros: Os Retirantes, Mota Coqueiro ou a Pena de Morte e Pedro Espanhol. Na verdade, foram esses os três únicos romances que o autor publicou. Meu amigo, minha amiga, o que é que você sabe sobre João do Rio? Da mesma maneira que Narciza Amália de Campos foi a primeira mulher jornalista do Brasil, João foi o primeiro repórter da imprensa brasileira.

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