Jornalistas&Cia 1471

Edição 1.471 página 21 Mas o “novo talk-radio” não está parado. Os podcasts representam 20% da participação, com um crescimento constante nos últimos anos. Em 2023, por exemplo, o consumo de podcasts aumentou 12% em relação ao ano anterior. E as plataformas de streaming de áudio ao vivo também estão ganhando terreno. Ad-supported Pandora, ad-supported SiriusXM e ad-supported Spotify, por exemplo, dividem igualmente os 4% restantes da participação de audiência. Embora o rádio AM/FM continue dominante, a tendência é de queda gradual em sua participação. Já os podcasts e o streaming ao vivo estão em ascensão, conquistando cada vez mais ouvintes, especialmente entre os jovens. Alguns dados que confirmam essa tendência: • Apenas 5% dos americanos ouvem ad-supported Spotify em um dia típico. • 6% dos americanos ouvem ad-supported Pandora em um dia típico. • Em contrapartida, 64% dos americanos ouvem AM/FM rádio em um dia típico, o que significa que o rádio AM/FM é 13 vezes mais popular que o Spotify e 11 vezes mais que o Pandora. É cedo para dizer se o «novo talk-radio” superará o rádio AM/FM tradicional. No entanto, a ascensão dos podcasts e do streaming ao vivo é um sinal claro de que o cenário está mudando. As plataformas digitais oferecem aos ouvintes mais flexibilidade, personalização e conteúdo sob demanda, o que as torna atraentes para uma nova geração de ouvintes. O “novo talk-radio” está ganhando força, mas o rádio AM/FM ainda tem uma base de ouvintes fiel. O futuro do rádio falado dependerá da capacidade de ambas as plataformas se adaptarem às novas tecnologias e às preferências do público. No cenário brasileiro, a disputa entre o “novo talk-radio” e o rádio falado tradicional também se mostra acirrada, com cada formato buscando seu lugar na preferência dos ouvintes. Dados recentes da pesquisa Inside Audio 2023, realizada pela Kantar IBOPE Media, revelam que o rádio AM/FM ainda se mantém forte no País: • 80% da população brasileira nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas sintonizam no rádio. • O tempo médio de escuta é de 3h55 minutos por dia. • A maioria dos ouvintes (58%) consome o rádio em casa durante atividades cotidianas. • O carro continua sendo um local importante de escuta (27%). Embora o rádio AM/FM continue dominante, os sinais de mudança são evidentes no Brasil: • O consumo de podcasts vem crescendo a passos largos, com 31% dos entrevistados com acesso à internet tendo escutado podcasts nos últimos três meses (um aumento de 32% em relação ao ano anterior). • O rádio online também ganha espaço, com 974 minutos mensais dedicados à sua escuta em 2021. • Assim como nos Estados Unidos, a ascensão do “novo talk-radio” no Brasil é impulsionada por: • Flexibilidade e personalização: As plataformas digitais permitem que os ouvintes escolham o que querem ouvir, quando querem e onde querem. • Conteúdo sob demanda: Podcasts e streaming ao vivo oferecem uma variedade infinita de programas e entrevistas, atendendo a diversos nichos de interesse. • Engajamento com a comunidade: As plataformas digitais facilitam a interação entre os ouvintes e os criadores de conteúdo, criando um senso de comunidade. • Para se manter relevante, o rádio AM/FM precisa se reinventar: • Investir em conteúdo digital de qualidade: Podcasts, programas interativos e transmissões ao vivo podem atrair novos ouvintes e fidelizar os já existentes. • Desenvolver aplicativos móveis robustos: Oferecer uma boa experiência mobile é crucial para alcançar o público que está cada vez mais conectado. • Explorar novas formas de monetização: Além da publicidade tradicional, o rádio pode buscar alternativas como assinaturas, merchandising e eventos. O futuro do rádio falado no Brasil dependerá da capacidade das rádios AM/FM de se adaptarem às novas tecnologias e às preferências do público. O “novo talk-radio” chegou para ficar e a disputa pela audiência promete ser cada vez mais acirrada. Alguns dados adicionais sobre o consumo de rádio no Brasil: • 90% da população brasileira consome algum formato de áudio, seja rádio, streaming ou podcasts. • Dos 100 maiores anunciantes do Brasil, 99% utilizaram o rádio como plataforma de anúncio no primeiro semestre de 2023. • O rádio é considerado um meio confiável por 60% dos adultos entre 35 e 49 anos e por 54% dos adultos entre 18 e 34 anos. Em resumo, o rádio AM/FM ainda é um gigante no Brasil, mas o “novo talk-radio” está em ascensão e a disputa pela audiência está apenas começando. As rádios que conseguirem se adaptar às novas tendências e oferecerem conteúdo de qualidade e personalizado serão as que terão mais sucesso no futuro. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo.

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