Jornalistas&Cia 1469A

Edição 1.469A página 4 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia sem os ditos”, Pierrot partiu de uma premissa totalmente equivocada. O tal telefone sem fios era uma novidade mundial! Não o sensibilizou nem a informação de que “o processo inventado pelo sr. padre, de transmissão da voz a grande distância, independente de fios, é muito diferente do processo inventado por Marconi”. As palavras enviadas pelo espaço no dia 16 de julho de 1899 pelo Padre Landell marcaram o início de um avanço na comunicação sem fio que o mundo jamais havia visto. O uso da eletricidade revolucionou as comunicações desde a concepção pelo norte-americano Samuel Morse, em 1837, do telégrafo com fio. Um novo salto foi dado em 1876 pelo escocês Graham Bell, ao colocar a voz em um invento que conhecemos muito bem, o telefone com fio. O italiano Guglielmo Marconi inaugurou a era wireless em 1895, quando transmitiu, pela primeira vez, sinais telegráficos, em código Morse (ponto e traço), à distância: o telégrafo sem fio ou radiotelegrafia. A nova fronteira da ciência, portanto, dali em diante, passou a ser a transmissão da voz à distância sem fio, tal como havia ocorrido com o telefone diante do telégrafo. Era a vez da denominada “telefonia sem fio” ou radiotelefonia. Ou rádio, se queremos adotar o seu nome moderno. O nascimento dessa tecnologia de ponta, no Brasil, não teve, entretanto, a repercussão merecida. E o pior é que esse estigma se arrasta até os dias atuais. Quando se olha para um fato pretérito dessa magnitude parece incrível que tenha havido tanta indiferença a uma novidade que era esperada pela comunidade científica em escala planetária. Uma segunda experiência pública, realizada com sucesso pelo padre cientista no ano seguinte, em 3 de junho de 1900 − fato ainda inédito −, atingiu uma distância de 8 km em linha reta: ligou o Colégio Santana à Avenida Paulista, onde, recentemente, foi inaugurado o Bulevar do Rádio, que não faz menção ao verdadeiro inventor do rádio. O sacerdote gaúcho de Porto Alegre amargou ainda a destruição dos seus aparelhos por um grupo de “fiéis católicos” que acreditava que “o padre falava com o demônio” e não com alguém em carne e osso, na outra ponta de um equipamento de emissão/recepção. Mesmo patenteando o rádio no Brasil (1901) e nos Estados Unidos (1904), o pioneiro brasileiro das telecomunicações nunca conseguiu comercializar a sua invenção. Um pedido de recursos para o que seria a industrialização inicial do rádio no País foi encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo no final de 1905, e rejeitado seis meses depois sem explicações. Além do rádio, Padre Landell projetou a televisão décadas antes dos demais cientistas. Não chegou à fase experimental porque lhe faltaram recursos para tanto. O homem genial, que viu o futuro, foi ignorado no passado e é relativamente pouco conhecido no presente porque a sua obra científica não circula nas escolas como deveria ser. Cabe citar o estoico imperador romano Marcus Aurelius (161-180): Aquele que comete injustiças é ímpio. www.grupoinpress.com.br DIALOGAR PARA ENGAJAR INSPIRAR PARA TRANSFORMAR.

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