Edição 1.469A página 17 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Maria do Carmo Landell de Moura Porto (Sobrinha-neta do Padre Landell) “Cresci ouvindo meu pai contar histórias sobre o seu tio Roberto, padre e inventor do rádio, como ele dizia. O pai conviveu até os 18 anos com ele. Meu pai ficou órfão de mãe aos dois anos e foi praticamente criado na casa de um tio, irmão do Padre, que era médico. Foi nessa casa que o tio Roberto foi se restabelecer de uma enfermidade: ele brincava pagando um tostão para cada cabelo branco arrancado. A maioria das histórias sobre o Padre Landell são conhecidas graças ao trabalho brilhante do jornalista Hamilton Almeida. Havia um certo mistério sobre as suas experiências, por ser padre e de família tradicionalmente católica. Penso o quanto o fato de o avô escocês ter sido protestante ou anglicano, a avó açoriana católica, e um tio filho do primeiro casamento do escocês ter sido maçom, grau 33, possa ter influenciado nas suas curiosidades científicas. Dirijo preces e pedidos a ele e ele atende.” Marcos Mendonça (Ex-secretário de Estado da Cultura-SP, ex-presidente da TV Cultura SP e ex-diretor geral do MIS-SP) “O Brasil é o berço de dois gênios que mudaram a História da Humanidade no setor da Tecnologia e das Ciências. São eles: Santos-Dumont e Padre Landell de Moura. Dois gênios que têm suas descobertas presentes no cotidiano de todas as pessoas do planeta e que seriam reverenciados em qualquer lugar do mundo. No entanto, aqui, morrem no esquecimento. Padre Landell, por seu pioneirismo, deveria estar no rol dos grandes cientistas mundiais, pois foi ele quem fez a primeira transmissão de voz por ondas sonoras. Seus experimentos estão registrados com patentes, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, porém a glória da invenção é dada ao engenheiro italiano Marconi. Quando lembrarmos de Padre Landell, não deveremos falar apenas do rádio, pois na magnitude de seus inventos estavam previstas outras formas de comunicação que vieram a se chamar: televisão, celular e wi-fi. Se o século XX ficou conhecido como a Era das Comunicações, nada mais justo do que reconhecer e propagar o trabalho árduo de seus pesquisadorescientistas. Pelo que sei e, tendo atuado sempre na área da Cultura, o caminho para tal transformação se faz pela educação escolar; uma via de mão única.” Marco Aurélio Cardoso Moura (Funcionário aposentado da Caixa Econômica Federal) “Foi motivado pela curiosidade e um pouco de ceticismo que resolvi construir uma réplica do Transmissor de Ondas inventado pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura, conforme Patente nº 771.917 USA, de 11 de outubro de 1904. Dei por concluída a réplica no ano de 2004, após vários testes que comprovaram o seu funcionamento com a efetiva modulação da voz humana. Com enorme satisfação comprovei, para mim mesmo, a genialidade e o pioneirismo do Padre Landell de Moura. A réplica esteve exposta, recentemente, numa exposição no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo. Após o término da exposição, fiz a doação do aparelho para o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS). O equipamento também foi apresentado na exposição realizada no Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS, em Porto Alegre, no final de 2023.” Maria Isbela Gerth Landell de Moura (Professora, sobrinha-neta do Padre Landell) “A sua vida de sacerdote foi uma maratona. Dificilmente ficava muito tempo em um mesmo lugar. Campinas foi um ponto crítico da sua vida como religioso e cientista. O povo não entendeu seus experimentos. Acharam que era um ´bruxo` e quebraram a sua oficina e os aparelhos construídos por ele. Conciliar a vida religiosa com a ciência foi uma tarefa muito difícil. Ele não era bem visto. Não era comum um padre inventor e ele pagou caro por acreditar na união da ciência com a religião. Mesmo com inventos patenteados, não foi reconhecido em sua época. Apesar da evidência da sua genialidade, não recebeu apoio de ninguém. Ele desenvolveu tudo sozinho, com poucos recursos e não obteve respaldo algum. Se o governo ou a iniciativa privada tivessem adotado o sistema Landell, o rádio teria entrado no mercado bem antes do que entrou. Padre Landell inventou algo que não existia. Portanto, o desafio foi imenso. Ele foi um padre muito à frente do seu tempo.”
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