Edição 1.469A página 16 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Marcelo Rech (Jornalista, presidente executivo da Associação Nacional de Jornais – ANJ e membro do Conselho Editorial do Grupo RBS) “Infelizmente, o Padre Landell de Moura e suas contribuições para a comunicação são pouco conhecidas mesmo na sua cidade natal. Ainda que tenha havido uma série de homenagens ao Padre Landell de Moura, uma iniciativa marcante seria a criação, em Porto Alegre, de um museu com seu nome e acervo, de forma a estimular o conhecimento científico e o reconhecimento amplo de sua trajetória.” Luiz Carlos Ramos (Jornalista, professor, 37 anos de jornal O Estado de S.Paulo e 14 anos de Rádio Capital, escritor de biografias) “No livro Vida de Jornalista, que lancei setembro de 2023, relatando meus 60 anos do jornalismo, 27 de professor e 25 de escritor, dedico o capítulo 26 à minha trajetória por cinco emissoras de rádio de São Paulo, paralelamente às atividades em jornais, revistas e TVs. E, logo no início do capítulo, procuro fazer justiça ao Padre Landell de Moura. Hoje, Landell de Moura poderia ser classificado como o Santos-Dumont do Rádio, descontado o fato de o Pai da Aviação ter conquistado total reconhecimento no Brasil, na França e em alguns outros países, em confronto com a tese dos Estados Unidos de que os inventores do avião foram os irmãos americanos Wilbur e Orville Wright. Polêmicas à parte, a injustiça com Landell de Moura foi ainda maior, pois ele morreu sem que suas criativas experiências tivessem sido reconhecidas em seu próprio país. A seguir, transcrevo o trecho do meu livro, em que cito também a excelente obra do jornalista Hamilton Almeida: ‘O pioneirismo de um brasileiro. Este capítulo foi escrito nos últimos dias de 2022, ano em que o rádio completou um século de presença oficial no Brasil. Em setembro de 1922, nas festas do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, houve uma amostra da invenção patenteada pelo italiano Guglielmo Marconi (1874-1937): o presidente Epitácio Pessoa fez um discurso na Praia Vermelha, que foi captado em dezenas de cidades, inclusive São Paulo, por conta de um transmissor instalado no alto do Corcovado. Em 1923, estreou a emissora pioneira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, ponto de partida para a criação de rádios em todas as regiões do País. Se Marconi contou com apoio do governo italiano para que suas experiências de 1895, na região de Bolonha, fossem reconhecidas pelas comunidades internacionais, o mesmo não aconteceu com um inventor brasileiro, o padre Roberto Landell de Moura (1861-1928), que em 1893 já fazia, com perfeição, em São Paulo, a transmissão e a recepção, sem fio, da voz, a uma distância de oito quilômetros – da Avenida Paulista ao Alto de Santana. No livro Um herói sem glória, lançado em junho de 2006, o jornalista Hamilton Almeida explica as pesquisas e a saga de Landell de Moura para buscar apoio aos seus aparelhos, uma luta cercada de frustrações. Quase um século após a morte do inventor, não há dúvidas: um brasileiro foi mesmo fundamental para o avanço do rádio, da TV e do teletipo.’” Marcio Bernardes (Jornalista de Esportes, comentarista, apresentador, idealizador e âncora do programa de entrevistas Resenha Bambambam) “Ouve-se direto do Colégio Santana, a quatro quilômetros de distância, uma mensagem na Ponte das Bandeiras, que liga o centro de São Paulo à zona norte. O aparelho receptor transmite um som com chiado. No mundo digital, com as facilidades da comunicação de hoje, isso pode não ter importância. Mas estamos falando de 1899, há 125 anos, portanto. O locutor, se assim podemos chamá-lo, pede para que se toque o Hino Nacional. Mais brasilidade, impossível. Por isso, temos de reconhecer a importância do Padre Landell de Moura, verdadeiramente o inventor do rádio. Devo a esse cientista e religioso gaúcho a minha paixão pelo rádio. Que continua cada vez mais atual, mesmo com a chegada de tantas outras ferramentas da tecnologia.”
RkJQdWJsaXNoZXIy MTIyNTAwNg==