Jornalistas&Cia 1469A

Edição 1.469A página 12 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Fátima Turci (Jornalista, apresentadora, palestrante) “Nacionalismo exagerado virou quase sinônimo de xenofobia, mas deveria ser substituído por patriotismo. É isso que homenagear Landell de Moura nos reforça o orgulho da criatividade, inventividade e perseverança dos brasileiros. Ele é mais que inventor do rádio, foi precursor da televisão e da fibra óptica. Mesmo sem reconhecimento internacional, nós aqui na terra tupiniquim deveríamos reverenciar. E esse esforço do J&Cia nos últimos anos é mais uma demonstração da preocupação com a justiça pelo legado de vida das pessoas. Fleury Tavares de Lima David (Editor do site Diário Verde) “O rádio sempre fez parte da minha vida, desde criança, quando ouvia curioso e atento o noticiário dos acontecimentos diários. Posteriormente, quando iniciei na carreira de jornalista tive a oportunidade de trabalhar na Rádio Bandeirantes com a equipe do saudoso José Paulo de Andrade (J&Cia, edição 1.266, julho/2020). O veículo foi e continua sendo de fundamental relevância para a informação pública há mais de 100 anos. Atravessou décadas de desafios com a chegada da TV, depois da internet e continua sendo um importante veículo de comunicação que pode ser ouvido em nossos carros, computadores e nos aplicativos de celulares. O rádio é vivo e quente porque trabalha com o aqui e agora, ou seja, quem ouve sabe do que está acontecendo naquele momento presente dos fatos. Infelizmente, no Brasil, pouco se conhece da trajetória de um cientista e padre gaúcho visionário Roberto Landell de Moura, que foi o verdadeiro inventor do rádio. Ele realizou a primeira transmissão wireless de voz humana em 16 de julho de 1899, no bairro de Santana, zona norte da capital paulista. A experiência foi repetida em 3 de junho de 1900 ligando o alto de Santana à Avenida Paulista, 8 km em linha reta. Apesar do êxito científico das suas experiências e mesmo tendo patenteado suas invenções no Brasil (1901) e nos Estados Unidos (1904), nunca conseguiu levantar recursos para desenvolver e implantar um sistema de rádio no Brasil. Nesse sentido, cabe salientar o incansável trabalho de pesquisadores e estudiosos em resgatar a luta pelo reconhecimento histórico do mérito do padre e cientista Landell de Moura, como o verdadeiro inventor do rádio, a exemplo do jornalista, escritor e seu biógrafo Hamilton Almeida, que há décadas tem se empenhado em divulgar em suas obras a incrível trajetória deste notável brasileiro.” Geraldo Nunes (Jornalista, ex-repórter aéreo por mais de 20 anos na Rádio Eldorado de São Paulo, e diretor na GNS Comunicações) “Defendo a causa pelo reconhecimento, em nível mundial, do padre Roberto Landell de Moura, como verdadeiro inventor do Rádio, desde 1997, quando tomei conhecimento de suas descobertas e dos dissabores que sofreu, por ser do meio eclesiástico e ao mesmo tempo cientista. Depois de obter patentes nos EUA buscou, em 1904, fazer uma demonstração ao presidente da República, Rodrigues Alves. Queria ele transmitir de um barco sobre as águas da Baía de Guanabara, mas não foi sequer recebido. Tal recusa o levou a desistir dos estudos e destruir seus equipamentos, ficando os louros do invento a Marconi. Em 2012, entretanto, foi reconhecido pelo governo brasileiro, teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado Panteão da Pátria, em Brasília. Falta agora a comunidade científica internacional reconhecê-lo. Roberto Landell de Moura e todos os brasileiros merecem esta vitória.” Gildo Magalhães (Professor Titular/USP) “O trabalho do Padre Landell de Moura com a propagação de informações por ondas hertzianas nos revela o drama de parte significativa da ciência brasileira de sua época, feita de maneira autodidata e sem amparo do Estado ou das instituições. As evidências já acumuladas por Hamilton Almeida nos revelam um pesquisador original, cujas experiências poderiam ter impulsionado aplicações da comunicação eletrônica e dado uma vantagem na corrida por inventos úteis das primeiras décadas do século XX. Somos levados a pensar no quanto ainda precisamos descobrir de nosso passado para termos um referencial mais exato de nosso potencial como nação.”

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