Jornalistas&Cia 1469A

Edição 1.469A página 11 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Ênio Landell de Moura (Engenheiro e sobrinho-neto do Padre Landell) “A geração do meu pai e seus irmãos, todos nascidos após 1900, teve contato com o tio Roberto muito depois de suas invenções e já no seu período de ostracismo científico, em Porto Alegre, quando ele se dedicava a neurociência, psicologia e parapsicologia. Eles relataram que meu tio-avô Roberto era muito introspectivo e fazia brincadeiras sobre a propagação do som que relembravam o seu início na ciência. Meu pai contou que recebeu uma foto de Roberto com uma pessoa levitando, que foi entregue à Cúria Metropolitana e não se ouviu mais falar no assunto. O Brasil, tão carente de cientistas, ainda não se deu conta de que tem um grande feito científico: ´Pela primeira vez na história da humanidade uma voz e um hino foram transformados em ondas de rádio e transmitidos através do espaço − Roberto, 1899’.” Everaldo Gouveia (Jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, assessor na Assembleia Legislativa de São Paulo) “Padre e inventor, Landell de Moura detém o pioneirismo ainda pouco reconhecido na transmissão da voz por ondas de rádio. Aos poucos esta lacuna na história brasileira vai sendo ocupada com a verdade, graças entre outras razões à campanha incansável em defesa do seu legado promovida por Jornalistas&Cia, newsletter que também tem o pioneirismo no seu DNA.” Fábio Serra Flosi (Engenheiro eletrônico e de telecomunicações, aposentado*) “No principal trabalho de RLM, chamado de Transmissor de Ondas, a ideia do padre era transmitir a voz humana a longas distâncias sem a utilização de fios condutores (como ocorria no telefone fixo). Uma réplica dessa invenção foi construída por Marco Aurélio Cardoso Moura, funcionário público em Porto Alegre. As centelhas produzidas entre duas esferas, pela bobina de indução, irradiavam pelo espaço ondas de rádio. O microfone fonético tinha, em uma das extremidades, um diafragma metálico que interrompia as centelhas na mesma cadência da voz do operador, e um tubo comprido (de material isolante) para proteger o operador das altas tensões geradas pela bobina de indução (cerca de 15 quilovolts). Mais tarde essa técnica ficou conhecida por amplitude modulada (ou AM): a abertura e o fechamento do diafragma faziam com que as centelhas vibrassem na cadência da voz do operador. O elemento iconográfico, que aparece no lado esquerdo inferior (acima de Brasil 2011), no selo postal em homenagem ao padre RLM, representa uma onda de rádio modulada em amplitude. Essa tecnologia foi usada por muitos anos, mas, no final do século XX, foi substituída por técnicas mais avançadas.” (*) Atua como professor de ensino superior em ambas as áreas e foi um dos grandes responsáveis pela emissão do selo dos Correios homenageando Landell, em 2011, ano do sesquicentenário de seu nascimento). Eliseu Gabriel (Vereador pela cidade de São Paulo) “Não foi o italiano, foi o brasileiro! Padre Landell é o verdadeiro inventor do rádio. Foi ele quem fez, antes de Marconi, a primeira transmissão de voz por ondas eletromagnéticas. Foi entre o bairro de Santana e a Ponte das Bandeiras, em 1899, e entre o bairro de Santana e a Avenida Paulista, em 1900. Além de não ser reconhecido em sua época, poucas pessoas, atualmente, conhecem sua história, embora tudo esteja devidamente documentado. E é nosso dever reverenciá-lo. Em 2011, época em que tomei ciência da importância de Landell com seu feito, entreguei in memoriam o Título de Cidadão Paulistano ao nosso padre-cientista Roberto Landell de Moura. Foi uma forma de reconhecer oficialmente o seu pioneirismo no desenvolvimento das telecomunicações (precursor das invenções do rádio, da televisão e do teletipo, além da recomendação do uso das ondas curtas). E viva o Padre Landell!”

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