Jornalistas&Cia 1469A

Edição 1.469A - 16 de julho de 2024 Em 1976, quase 50 anos atrás, alunos do Curso de Jornalismo da Faap, em São Paulo, não tinham a menor ideia de que aquela aula de Radiojornalismo, ministrada pelo professor chileno Julio Zapata, provocaria uma estupefação geral na turma, em especial num dos alunos, Hamilton Almeida. De forma displicente e irônica, ele perguntou aos alunos: “Algum de vocês aqui sabe quem foi o inventor do rádio?”. Entre pequenas manifestações de desdém e cochichos sobre pergunta de resposta tão óbvia, alguém lascou: “Oi professor, foi, como todos aqui sabem, Guglielmo Marconi! Mas não estamos entendendo bem a razão dessa pergunta tão óbvia”. Mais irônico que os alunos, Zapata retrucou: “Pois eu acho incrível que tenha que vir aqui um professor chileno, que nem conhece bem a História do Brasil, para revelar para estudantes do terceiro ano de Jornalismo que o verdadeiro inventor do rádio foi um brasileiro, um padre brasileiro nascido em Porto Alegre, cujo nome é Roberto Landell de Moura”. Ninguém da turma de 30 ou 35 alunos ouvira falar sobre esse personagem, que, de resto, fora de fato ignorado em seu próprio País, apesar dos feitos que comprovadamente havia realizado no campo das telecomunicações wireless. Embora hoje ainda pouco reconhecida, a saga de Landell de Moura vem aos poucos ganhando divulgação no Brasil (e mesmo no exterior) graças ao empenho de seu biógrafo Hamilton Almeida, ao qual este J&Cia se associou na busca dessa mais do que justa e necessária reparação. Muito já se fez desde 2010 nessa direção, quando efetivamente iniciamos a campanha pelo reconhecimento de Landell como o verdadeiro inventor do rádio, mas há ainda muito a fazer. Razão pela qual J&Cia dedica esta edição especial para celebrar os 125 anos da realização da primeira transmissão de voz e música por ondas de rádio da história da humanidade, ocorrida exatamente nesse dia 16 de julho, em 1899. Temos aqui um pouco da história dessa experiência pioneira e de vanguarda, além de uma Linha do Tempo com todas as iniciativas realizadas desde o surgimento do Movimento Landell de Moura (MLM), em 2010, em conteúdo produzido pelo próprio Hamilton Almeida. E, na sequência, o depoimento de 50 brasileiros e brasileiras que, do mesmo modo que nós, simpatizam com a causa e apoiam a luta por esse reconhecimento. Leiam, apreciem e compartilhem, contribuindo, desse modo, para o resgate da memória de Landell de Moura, passo de grande relevância para a valorização da ciência brasileira. Boa leitura! Há 125 anos começava a história do rádio. Com Landell de Moura. No Brasil Eduardo Ribeiro Wilson Baroncelli

Edição 1.469A página 2 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Por Hamilton Almeida − Toquem o Hino Nacional! Estas foram as primeiras palavras pronunciadas há 125 anos – em 16 de julho de 1899 – pelo padre Roberto Landell de Moura através do tubo de um estranho e engenhoso aparelho criado por ele. O momento culminante do evento, cuidadosamente planejado e bem organizado pelo talentoso pároco da Capela Santa Cruz, no bairro de Santana, zona norte da cidade de São Paulo, paralisou por um instante o seleto grupo de convidados que se reunia em uma sala de aula do Colégio das Irmãs de São José, atual Elite Rede de Ensino − Santana. O breve silêncio foi rompido pelos acordes da partitura composta em fá maior por Francisco Manoel da Silva, que saturaram os ares da instituição de ensino. A experiência deixou o privilegiado público atônito. Na primeira fila daquela manhã um pouco fria, nublada, de domingo de inverno, estavam Antonio Francisco de Paula Souza, o fundador e diretor da Escola Politécnica de São Paulo (a Poli, da USP), e grandes empresários, como Gabriel Dias da Silva, diretor da Companhia Industrial de São Paulo, da Companhia Mac Hardy e da Companhia Rural de São Paulo, e Pedro Borges, sócio da Pedro Borges & Comp. e diretor da Companhia Viação Paulista. Também assistiram à inédita experiência J. Miranda, gerente da Companhia Telefônica, funcionários do Telégrafo Nacional, o engenheiro Torres Tibagy e repórteres dos jornais O Estado de S. Paulo, Correio Paulistano e O Commercio de São Paulo, entre outras pessoas cuja identificação o passar do tempo impede seja mais precisa, como Segismundo Bergen e d`Ottolini. Augusto Barjona havia escrito no Estadão: “Hoje, às 9 horas da manhã, no Colégio das Irmãs de São José, em Santana, realizar-se-á uma experiência de telefonia sem fios, com aparelhos inventados pelo Revmo. padre Landell de Moura. A experiência versará sobre a telefonia aérea e subterrânea. O sr. padre Landell de Moura, que convidou para este ato várias autoridades, homens de ciência e representantes da imprensa, fará uma preleção antes de proceder às experiências do seu invento.” Sá Rocha registrou no Correio Paulistano: “Realiza-se às 9 horas da manhã, no Alto de Santana, no colégio das irmãs de São José, uma curiosa Os 125 anos da primeira transmissão de rádio do mundo Hamilton Almeida

Edição 1.469A página 3 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia experiência de telefonia sem fios. Agradecemos o convite que nos fez o Revmo. padre Roberto Landell, e compareceremos a essa interessante experiência.” O jornal monarquista O Commercio de São Paulo publicou a notícia com mais detalhes: “A convite do Revmo. Padre Landell de Moura, fomos ontem ao colégio do Coração de Maria, em Santana, para assistirmos às experiências do telefone sem fios, feitas por aquele sacerdote. Na janela de uma sala, no alto do edifício, tem o padre Landell o aparelho, que consiste em um longo tubo, com receptores em cada uma das extremidades, por onde a voz é transmitida, ouvindo-se cantar a grande distância, o que se observa dentro da sala, ou fora dela, a qualquer distância, como tivemos ocasião de apreciar.” As informações geradas pela mídia paulistana ganharam espaço em jornais da capital da jovem República. O Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, divulgou: “O padre Landell de Moura realiza no Colégio das irmãs de São José, no alto de Santana, uma experiência sobre telefonia sem fios, estando convidados para assisti-la diversas autoridades, homens de ciência e representantes da imprensa.” A Imprensa, diário em que Ruy Barbosa era o redatorchefe: “No colégio das irmãs de São José do Alto de Santana, o padre Landell de Moura fará uma experiência particular do aparelho de sua invenção destinado à telefonia sem fios.” Por razões (?) que não se pode explicar, O Estado de S. Paulo, o Correio Paulistano e os cariocas Jornal do Commercio e A Imprensa não divulgaram, no dia seguinte, os resultados do experimento. Mas o Jornal do Brasil, sim, certamente reproduzindo material recebido (e não publicado) de um dos veículos da mídia paulistana. Embora curta, a notícia do JB foi significativa: “As experiências do telefone sem fios, de invenção do padre Landell, tiveram bom êxito. Foram alcançados 3.800 metros. Este aparelho não pode ainda ter aplicação.” Impressiona a conclusão apressada de quem redigiu esse texto. O que se quis dizer sobre que o invento não podia ter aplicação? Que não havia interessados em financiar o desenvolvimento da novidade? Parece certo que não se imaginava, nem por um lampejo, o grandioso futuro da mídia rádio. Também é certo que o descrédito já rondava as invenções do Padre Landell. Por linhas tortas, graças a um texto redigido pelo advogado e jornalista José Vieira Couto de Magalhães Sobrinho, que assinava as suas crônicas em O Commercio de São Paulo como Fabrício Pierrot, sabe-se de detalhes relevantes da experiência wireless, como as primeiras palavras ditas pelo mais primitivo aparelho de rádio do planeta! Pierrot não assistiu ao evento, mas com o que ele ouviu do repórter do jornal aproveitou a oportunidade para ironizar e depreciar a difusão ocorrida entre a colina da rua Voluntários da Pátria e a Ponte Grande, que cruzava o então cristalino rio Tietê, onde se podia navegar e nadar. Hoje, no mesmo local, a Ponte das Bandeiras atravessa águas (?) poluídas. O mais provável é que o Padre Landell pediu para ser posicionado ali um gramofone, que era acionado manualmente por uma manivela, com um disco plano do Hino. Segundo Pierrot, o aparelho do padre inventor era “muito simples: consiste unicamente num longo tubo, com receptores em cada uma das extremidades”. Ao relatar que “o ilustre sacerdote descobriu a pólvora, porque se já há telégrafo sem fios existe forçosamente telefone

Edição 1.469A página 4 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia sem os ditos”, Pierrot partiu de uma premissa totalmente equivocada. O tal telefone sem fios era uma novidade mundial! Não o sensibilizou nem a informação de que “o processo inventado pelo sr. padre, de transmissão da voz a grande distância, independente de fios, é muito diferente do processo inventado por Marconi”. As palavras enviadas pelo espaço no dia 16 de julho de 1899 pelo Padre Landell marcaram o início de um avanço na comunicação sem fio que o mundo jamais havia visto. O uso da eletricidade revolucionou as comunicações desde a concepção pelo norte-americano Samuel Morse, em 1837, do telégrafo com fio. Um novo salto foi dado em 1876 pelo escocês Graham Bell, ao colocar a voz em um invento que conhecemos muito bem, o telefone com fio. O italiano Guglielmo Marconi inaugurou a era wireless em 1895, quando transmitiu, pela primeira vez, sinais telegráficos, em código Morse (ponto e traço), à distância: o telégrafo sem fio ou radiotelegrafia. A nova fronteira da ciência, portanto, dali em diante, passou a ser a transmissão da voz à distância sem fio, tal como havia ocorrido com o telefone diante do telégrafo. Era a vez da denominada “telefonia sem fio” ou radiotelefonia. Ou rádio, se queremos adotar o seu nome moderno. O nascimento dessa tecnologia de ponta, no Brasil, não teve, entretanto, a repercussão merecida. E o pior é que esse estigma se arrasta até os dias atuais. Quando se olha para um fato pretérito dessa magnitude parece incrível que tenha havido tanta indiferença a uma novidade que era esperada pela comunidade científica em escala planetária. Uma segunda experiência pública, realizada com sucesso pelo padre cientista no ano seguinte, em 3 de junho de 1900 − fato ainda inédito −, atingiu uma distância de 8 km em linha reta: ligou o Colégio Santana à Avenida Paulista, onde, recentemente, foi inaugurado o Bulevar do Rádio, que não faz menção ao verdadeiro inventor do rádio. O sacerdote gaúcho de Porto Alegre amargou ainda a destruição dos seus aparelhos por um grupo de “fiéis católicos” que acreditava que “o padre falava com o demônio” e não com alguém em carne e osso, na outra ponta de um equipamento de emissão/recepção. Mesmo patenteando o rádio no Brasil (1901) e nos Estados Unidos (1904), o pioneiro brasileiro das telecomunicações nunca conseguiu comercializar a sua invenção. Um pedido de recursos para o que seria a industrialização inicial do rádio no País foi encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo no final de 1905, e rejeitado seis meses depois sem explicações. Além do rádio, Padre Landell projetou a televisão décadas antes dos demais cientistas. Não chegou à fase experimental porque lhe faltaram recursos para tanto. O homem genial, que viu o futuro, foi ignorado no passado e é relativamente pouco conhecido no presente porque a sua obra científica não circula nas escolas como deveria ser. Cabe citar o estoico imperador romano Marcus Aurelius (161-180): Aquele que comete injustiças é ímpio. www.grupoinpress.com.br DIALOGAR PARA ENGAJAR INSPIRAR PARA TRANSFORMAR.

Edição 1.469A página 5 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia 2009 Julho − É criado o Movimento Landell de Moura (MLM) pelos radioamadores Alda Niemeyer e Daniel Figueredo, o ex-funcionário da Petrobras Luiz da Silva Netto e o jornalista Hamilton Almeida. Um abaixo-assinado pleiteia o reconhecimento público e oficial no Brasil de Roberto Landell de Moura como o inventor do rádio. 2010 20 de janeiro – Em editorial, J&Cia anuncia adesão ao MLM, iniciando uma campanha para tornar mais conhecida a obra de Landell pelos brasileiros. 27 de janeiro – J&Cia começa a publicar a história do Padre Landell em capítulos semanais. A série, assinada por Hamilton Almeida, durou um ano. Março – O senador gaúcho Sérgio Zambiasi apresenta projeto de lei propondo a inscrição do nome do Padre Landell no Livro dos Heróis da Pátria. LINHA DO TEMPO A luta pelo reconhecimento do padre Landell de Moura como verdadeiro inventor do rádio começou há 15 anos. A seguir, os principais momentos dessa batalha: Adhemar Altieri (Jornalista, sócio-diretor da Medialink) “No Brasil, temos muita resistência para reconhecer realizações importantes dos próprios brasileiros. É o inverso do que se vê na grande maioria dos países, muito mais dispostos a valorizar os feitos de conterrâneos. Precisamos eliminar essa postura e podemos começar com o gaúcho Roberto Landell de Moura, um inovador arrojado, que chegou na frente na radiodifusão e exceto por esforços como o de Jornalistas & Cia, permanece essencialmente desconhecido, espécie de Santos Dumont, que só entre brasileiros é o ‘pai da aviação’. Landell de Moura merece amplo reconhecimento dentro e fora do Brasil, mesmo 125 anos depois do que fez. Nunca é tarde.” Depoimentos Reproduzimos a seguir depoimentos de apoiadores da luta pelo reconhecimento do Padre Landell como o verdadeiro inventor do rádio: Alda Schlemm Niemeyer (104 anos, radioamadora PP5 -ASN, Blumenau, SC) “Anos atrás, tive o privilégio de conhecer e me aprofundar na história do nosso Padre Landell de Moura. Foi uma aventura descobrir detalhes da vida do padre inventor, que não são detalhes, são fatos fundamentais para tudo o que veio depois no mundo do rádio. Gosto de pensar, também, que pude contribuir um pouco para a divulgação de seus feitos. Em cooperação com o jornalista Hamilton Almeida, propagamos a ciência do Padre Landell no Brasil e também pudemos levá-la ao conhecimento de radioamadores da Europa, em especial da Alemanha. Espero que Landell tenha, um dia, todo o reconhecimento que merece, pela importante porta que abriu no mundo da comunicação.” André Sant´Anna (Escritor) “Nestes tempos em que, em muitas situações, a religião parece ter-se tornado inimiga da ciência e o negacionismo começa a tomar conta da política brasileira, compondo um cenário de retrocessos seculares na educação e no pensamento, vem do final do século XIX o exemplo de um religioso cientista, cuja mente já estava mais de cem anos à frente de seu tempo – um brasileiro que estava ajudando concretamente a realizar o sonho de um país do futuro. Em 16 de julho de 1899 o Padre Landell ligou o Colégio Santana, na zona norte de São Paulo, à Ponte das Bandeiras, com a primeira transmissão sem fio de voz e de música na história da humanidade. O primeiro vislumbre científico do que hoje podemos chamar de wi-fi. O que podemos afirmar hoje, sem medo de blasfemar, é que Deus é amigo da Ciência.”

Edição 1.469A página 6 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Cacalo Kfouri (Jornalista de texto e foto, analista de conteúdo e colaborador do site Chumbo Gordo) “O Brasil não dá importância ao Brasil. Quem inventou a fotografia foi um francês radicado em Campinas, Hercule Florence. Mas todos consideram ter sido Louis Daguerre, apesar de Florence ter criado e dado o nome de Photography três anos antes. É sabido que Santos-Dumont é o pioneiro da aviação, mas em quase todos os outros países acham que são os irmãos Wright. De fato, fizeram um voíco antes de Dumont, mas foram lançados por uma catapulta. SantosDumont decolou e pousou usando o motor do 14-Bis. Agora, a prefeitura paulistana inaugura um local na Avenida Paulista − Boulevard do Rádio − e ignorou que o inventor do rádio foi Landell, não há nenhuma menção a ele. É o complexo de vira-lata a que se referiu Nelson Rodrigues?” Aydano Roriz (Jornalista, escritor e sócio-fundador da Editora Europa) “Em plena revolução da inteligência artificial, pode parecer anacrônico tentar resgatar a memória de um inventor gaúcho morto há quase 100 anos − e, ainda por cima, padre. Mas não é. Só os ingênuos acreditam que o mundo, tal como o vemos hoje, foi inventado na véspera. A ciência não dá saltos. É um processo cumulativo. E o Padre Landell de Moura, com os seus inventos, nem sempre reconhecidos como sendo dele, erigiu um ou mais degraus nos quais se apoiaram outros tantos inventores que nos legaram, por exemplo, a televisão e até mesmo a fibra ótica. Isto posto, parabéns a Edu Ribeiro, Hamilton de Almeida e cia na luta pelo reconhecimento da obra científica do Padre Landell.” Armando Medeiros (Coordenador técnico do Projeto Legado de Brumadinho e vice-presidente da ABCPública) “Roberto Landell de Moura nasceu e morreu em Porto Alegre. Inevitável associar seu pioneirismo nas telecomunicações com uma manchete que esteve presente no início da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul. Com mais de 250 mil pontos sem energia elétrica, os rádios de pilha foram a única forma de comunicação nas comunidades atingidas. A Universidade Federal de Santa Maria foi uma das instituições que arrecadou radinhos em bom estado e pacotes de pilha. A informação pública que salva e une pessoas e coletividade certamente foi inspiração para Landell Moura, cientista e homem de fé, que marcou para sempre a história do rádio.” 2011 21 de janeiro – Os Correios lançam em Porto Alegre, Brasília e Campinas, simultaneamente, um selo comemorativo ao sesquicentenário do nascimento do padre-cientista. − O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul promove, em Porto Alegre, o painel Roberto Landell de Moura: 150 anos. − Radioamadores de todo o País realizam “passeata virtual” em homenagem ao seu patrono. − A Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através do Gabinete de Inovação e Tecnologia (Inovapoa), promove o Ano da Inovação padre-cientista Roberto Landell de Moura, com a realização de uma série de eventos, como seminários, exposições, inauguração de rua e lançamento de e-book. − Outras entidades, como a PUC-RS, a Universidade Federal do RS, o Museu do Rádio, a Agert – Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e Televisão, a ARI – Associação Riograndense de Imprensa, o Sindicato dos Jornalistas do RS, a Biblioteca Pública do Estado e o Colégio Militar de Porto Alegre também se uniram à iniciativa, realizando eventos em homenagem ao cientista. − Em São Paulo, capital, J&Cia organiza debates e palestras. 26 de abril − Abertura da exposição Landell de Moura: um gênio brasileiro, na Biblioteca Pública Mário Schenberg, promovida por J&Cia. 17 de maio − A Câmara Municipal de São Paulo entrega o título de Cidadão Paulistano in memoriam para o familiar mais idoso da família Landell, numa iniciativa proposta pelo vereador Eliseu Gabriel. 20 de setembro − O mesmo vereador Eliseu Gabriel inaugura placa em homenagem ao Padre Landell no Colégio Santana, local das mais antigas transmissões de rádio da história. no

Edição 1.469A página 7 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia 5 de novembro − A TV Senado estreia o documentário Padre Landell – Fé na Ciência, com direção de Deraldo Goulart e produção de Lorena Maria. 30 de novembro – J&Cia entrega dossiê com cerca de 6 mil assinaturas do MLM ao ministro da Educação Fernando Haddad, para respaldar pedido de inclusão, no currículo escolar obrigatório do Ensino Fundamental, dos feitos científicos do Padre Landell. Não houve resposta. 2012 27 de abril − A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, assina a lei que determina a inscrição do nome do Padre Landell no Livro dos Heróis da Pátria. O “Livro de Aço” encontra-se no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. 2013 13 de março – Novo dossiê solicitando reconhecimento oficial ao inventor brasileiro do rádio é entregue ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Não houve resposta. 28 de junho – O seminário De Landell à web – O futuro do rádio é realizado na Câmara Municipal de São Paulo. 30 de junho – Por ocasião do 85º aniversário da morte do inventor, uma missa é celebrada na capela Santa Cruz, no bairro de Santana, em São Paulo, local onde Landell foi pároco na época das experiências públicas de rádio. A Igreja pediu perdão, reconhecendo os seus méritos científicos. Carlos Thompson (Jornalista, diretor da Thompson Edição de Textos) “Meu primeiro contato com o Padre Landell de Moura foi aos 19 anos, então estudante de Jornalismo, ao fazer um curso de locução da Fundação Educacional Padre Landell de Moura (Feplam). A partir dali, passei de ouvinte admirador do rádio a interessado profissionalmente neste inigualável meio de comunicação. Mais tarde, tive a honra de ser repórter da Rádio Cultura Rio-Grandina e da Rádio Gaúcha, no Rio Grande do Sul. No início dos anos 1980, entrevistei um parente do padre, executivo de informática, que gentilmente me ensinou os conceitos básicos dessa nova área. Por essa época, também conheci o jornalista Hamilton Almeida, biógrafo do padre Landell, que se tornou grande amigo e colega. Pela leitura dos livros do Hamilton, aprendi mais sobre a vida e as façanhas do cientista, inventor do rádio, e que projetou a televisão e o wi-fi. Ainda hoje, tenho uma grande dúvida: qual o mais teimoso? O padre Landell, que registrou três patentes de suas invenções nos Estados Unidos, ou Hamilton Almeida, que continua um biógrafo dedicado do inventor do rádio, em um país que não costuma valorizar seus verdadeiros heróis?” Carina Almeida (Sócia-presidente da Textual Comunicação) “Quando a TV surgiu, deram um ultimato para ele. Mas, ao contrário das previsões, ele seguiu em frente. Aí veio a internet e a ameaça da ‘extrema unção’. Mas, que nada, o rádio literalmente ganhou vida nova nas transmissões online, aproximando ouvintes de diversas partes do mundo e agregando imagem à voz, com as lives nas redes sociais. Mas, mesmo diante de tanta tecnologia disruptiva, o rádio continua sendo o veículo de comunicação mais ágil para se colocar uma notícia no ar! Pelo celular, no carro, no bom e velho aparelhinho, o rádio cumpre ainda outra importante missão, que é falar sobre o que acontece na nossa cidade, no nosso bairro – uma das demandas que mais cresce entre as pessoas, segundo diversas pesquisas sobre o consumo de notícias no Brasil e no mundo, como a do Reuters Institute. Por tudo isso, vida longa ao rádio! Parabéns a quem se dedica a manter as quase 5.000 emissoras que se espalham por todo o País! Cento e vinte e cinco ‘vivas’ ao Padre Roberto Landell de Moura, o brasileiríssimo inventor do rádio! E, parabéns e obrigada ao J&Cia pela determinação à causa do reconhecimento do nosso padre cientista!” Carlos Rogério Roffé (Fundador da Telecom Academy do Brasil) “Há muito o que dizer sobre o Padre Roberto Landell de Moura. Ele foi um verdadeiro pioneiro e visionário. Em uma época em que a comunicação a distância era limitada e rudimentar, ele ousou explorar e desenvolver tecnologias muito avançadas para o seu tempo. Suas invenções, como o rádio e a transmissão de voz sem fio, abriram caminho para os avanços que hoje consideramos comuns. Sua persistência e fé inabalável na ciência não só desafiaram as limitações técnicas da época, mas também inspiraram gerações de cientistas e inventores. O Brasil e o mundo devem muito a esse gênio muitas vezes esquecido.”

Edição 1.469A página 8 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia 2014 13 de fevereiro – Evento comemorativo ao Dia Mundial do Rádio: As muitas vozes no rádio brasileiro, no auditório da Câmara Municipal de São Paulo. 4 de abril – J&Cia protocola novo dossiê, com farta documentação e o abaixo- -assinado do MLM, na sede do MEC. 28 de abril – O MEC considera “meritória”, mas rejeita a inclusão da história de Landell no Ensino Fundamental, alegando que não cabe à União decidir sobre o assunto. 8 de dezembro – O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, sanciona lei que “obriga a inclusão de conteúdo sobre a história científica do Padre Landell” nas escolas da rede municipal. 2015 21 de janeiro – Missa na capela do Mosteiro de São Bento, em São Paulo, celebra o 154º ano do nascimento do padre-cientista. 2017 Dezembro − Projeto de Resolução de autoria do vereador Eliseu Gabriel, institui o Prêmio Padre Landell de Moura de Radiojornalismo, no âmbito da Câmara Municipal de São Paulo. 2018 20 de junho – Cerimônia de entrega do I Prêmio Landell de Moura de Radiojornalismo, na Câmara Municipal de São Paulo. Carlos Tramontina (Jornalista, apresentador, palestrante) “A história da humanidade está cheia de exemplos de pessoas que fizeram a diferença e não foram reconhecidas. Algumas até pagaram com a vida por desvendar um mundo novo. E tem as que sempre foram desacreditadas. Neste grupo está o Padre Landell. A luta pelo justo reconhecimento de seus feitos ainda vai durar muito tempo. Espero que a mesma história que hoje o desmerece um dia seja capaz de aceitar que ele ‘é o cara do rádio’.” Cassiano Macedo (Radialista e autor do Antenadosaber.blogspost.com) “Apesar do imenso avanço no mundo da comunicação, o rádio ainda se faz presente, mesmo sendo uma tecnologia do século XX. Os gaúchos vitimados pela tragédia, agora em 2024, ficaram sem a internet e demais serviços. O velho rádio foi a única fonte de informação. Mesmo assim, poucos brasileiros sabem que foi um padre, cientista gaúcho, Landell de Moura, o pioneiro na transmissão da voz humana através das ondas eletromagnéticas. Durante décadas, suas pesquisas foram esquecidas. Atualmente, vários historiadores e pesquisadores divulgam suas pesquisas, sendo inclusive uma personalidade da nossa história reconhecida pelo Estado brasileiro. Não posso deixar de mencionar o seu primeiro biógrafo, o escritor e historiador também gaúcho Ernani Fornari. Graças a seu trabalho pude conhecer na década de 1980 um pouco desse grande nome da história do Brasil.” Cid Barboza (Jornalista com muitos anos de atuação em rádio) “O avanço da ciência muitas vezes enfrenta a incompreensão, o medo, o descrédito e até mesmo a ganância dos que pretendem apropriar-se economicamente dos resultados. Os verdadeiros realizadores, idealistas e comprometidos com a melhora das condições de vida da humanidade, acabam enfrentando o descrédito. Vencem graças à persistência. É o caso do Padre Landell de Moura, mente brilhante e resiliente que criou a transmissão de voz e outros sons utilizando as invisíveis ondas hertzianas. Nascia assim, nos últimos anos do século XIX, o maior fenômeno de comunicação: o rádio, que transformou o mundo. Envolvido com a fé e a ciência, foi perseguido, criticado, medianamente reconhecido, mas sem os devidos créditos em nível universal. Landell de Moura manteve-se fiel a seus princípios. Foi chamado de louco, de bruxo. Rejeitou propostas que o enriqueceriam por entender que seus estudos deveriam servir à sociedade. Em tempos de resgate de reputações e histórias que tentaram apagar, um capítulo especial é ora festejado. Viva o Padre Landell de Moura, que se antecipou a outros gênios que tinham o mesmo objetivo!”

Edição 1.469A página 9 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Cremilda Medina (Jornalista, escritora, pesquisadora e professora titular sênior da ECA-USP) “Se as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 encontraram, na terrível tragédia humana e ambiental, o abraço solidário de brasileiros, estrangeiros e repórteres da grande imprensa, não se pode esquecer outro abraço, o do histórico gaúcho que não falhou na comunicação até mesmo onde esta lhes era negada pela infraestrutura totalmente destruída. Pois Padre Landell de Moura, nascido em Porto Alegre em 1861, no final do século XIX, cientista pioneiro, legou as ondas solidárias do rádio. Inventor que veio a servir nos espaços mais recônditos aonde não chegariam outros meios de comunicação, agora, nas massacradas regiões de seu território natal, serviu aos socorros na sua versão do século XX, o radinho de pilha. Em meio ao sofrido rescaldo das enchentes, Padre Landell de Moura convida os conscientes da história dos grandes inventos a lhe prestarem a merecida lembrança e homenagem.” Claudia Daré (Cofundadora e diretora executiva da Latam Intersect PR) “Antes de estudar Jornalismo me formei em Comunicação Social com especialização em Rádio e TV pela Faap. Posso dizer que a saga de Landell também é a minha. Um dos meus primeiros trabalhos foi em rádio, onde fazia os spots noticiosos para os intervalos musicais de uma emissora. O poder do rádio sempre me comoveu profundamente e continua sendo muito importante em muitos países da América Latina, como uma forma de comunicação predominante. Trabalhei 20 anos em televisão antes de me tornar correspondente internacional para veículos impressos. Ao atuar em mídias audiovisuais, construí a experiência que me levou a abrir minha própria agência de comunicações integradas, que hoje atende em 13 países da América Latina. Dizem que as primeiras palavras do padre, após sua invenção, foram ‘Toquem o Hino Nacional!’. O orgulho brasileiro que ele carregava é o mesmo que tenho a honra de representar, levando a voz do Brasil e da América Latina para o mundo por meio da comunicação. Acredito no potencial do povo latino e brasileiro, e é por isso que faço o que faço. Figuras como Landell nos mostram que nosso potencial é imenso e que a brasilidade é sinônimo de inovação, garra e, acima de tudo, de expressão.” 2019 23 de janeiro – J&Cia inicia publicação da série semanal Padre Landell e a invenção do rádio – História ilustrada, de autoria de Hamilton Almeida, com duração de um ano. 10 de junho – Sessão solene de entrega do II Prêmio Landell de Moura de Radiojornalismo, na Câmara Municipal de São Paulo. 28 a 31 de outubro − Na 21ª edição do Futurecom, o maior evento de tecnologia, telecomunicações e transformação digital da América Latina, o produtor Rogério Garcia, sócio diretor da Videográfica, circula vestido de padre para divulgar o projeto de realização de documentário sobre o Padre Landell, baseado em livro de Hamilton Almeida. 2023 De 2 de março a 16 de abril − O Museu da Imagem e do Som (MIS-SP) realiza a exposição Padre Landell: o homem que inventou o futuro, por iniciativa do diretor Marcos Mendonça. Junho – Exposição na Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre os 100 anos do rádio no Brasil inclui informações sobre o Padre Landell. Setembro – J&Cia inicia campanha de mobilização entre jornalistas, profissionais de comunicação e aficionados, com abaixo-assinado, para pleitear a inclusão de homenagem ao Padre Landell no Bulevar do Rádio, que estava sendo construído na região da Avenida Paulista, em São Paulo, tendo por finalidade homenagear os 100 anos de rádio no Brasil. Setembro a dezembro – O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e a PUCRS promovem a exposição Landell de Moura e os 100 anos do rádio no Brasil no Museu de Ciência e Tecnologia da universidade, em Porto Alegre. Dirce Helena Salles (Jornalista, coordenadora de comunicação no Centro Paula Souza) “Há mais de 40 anos acompanho o belo trabalho de pesquisa de Hamilton Almeida sobre a primeira transmissão de som por ondas de rádio, feita pelo Padre Landell de Moura. Tanta dedicação já lhe rendeu cinco livros, curadoria de exposição e muita participação em debates. Incansável, Hamilton também batalha para incluir a descoberta de Padre Landell, que está completando 125 anos, no currículo escolar. A iniciativa permitirá que mais brasileiros conheçam esse grande inventor gaúcho e deem a ele o crédito que merece.”

Edição 1.469A página 10 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Eduardo Tessler (Jornalista e sócio-diretor do Mídia Mundo) “Talvez Padre Landell de Moura não se tenha dado conta, naquele 1899, da grandeza de sua experiência. Meio cientista, meio religioso, poucos anos depois decidiu voltar a sua Porto Alegre, com a batina na bagagem, e acabou como pároco na Igreja do Rosário. E é nessa imponente igreja, no Centro Histórico da capital gaúcha, que repousam desde 2002 os restos mortais de Padre Landell. Sábio e crente, Landell soube levar a vida até os 67 anos, apesar do tabagismo e da tuberculose. Sua força segue plena: a inundação que destruiu Porto Alegre, em maio, poupou a Igreja do Rosário. A caixa de pedra preta, com os restos mortais do imortal, segue no mesmo local. A salvo.” Eduardo Cappia (Engenheiro eletricista, diretor executivo da EMC, conselheiro na SET) “Minha descoberta da Capela Santa Cruz, em Santana, ocorreu de forma extremamente emotiva, motivada pela enfermidade de minha saudosa mãe, que permaneceu internada algumas vezes em um hospital muito próximo. Ao recorrer às nossas preces, caminhei até a Capela e fui surpreendido pela constatação do local dos experimentos de Landel de Moura, realizados em 1899 e 1900, com transmissões a partir do Colégio Santana, onde ao lado, em 1895, foi erguida a Capela. Andar e fazer minhas preces por onde Padre Landell foi pároco, de 1898 a 1900, foi o catalisador das confirmações do experimento de fonia entre Santana e o alto do que seria a Av. Paulista, precedendo Marconi! Que seja reconhecido!!!!” 2024 Fevereiro – No Carnaval paulistano, a escola de samba Águia de Ouro, do Grupo Especial, faz desfile homenageando os 100 anos do rádio no Brasil, com referências ao pioneirismo do padre gaúcho Roberto Landell de Moura, que já no fim do século XIX, três décadas antes da transmissão de 1922, descobriu a possibilidade de transmitir a voz. 30 de abril – O Bulevar do Rádio é inaugurado sem menção ao verdadeiro inventor do rádio. Com paisagismo, iluminação e atividades culturais, conecta o Sesc-SP à Fundação Itaú/Itaú Cultural; as obras de requalificação foram resultado de um Acordo de Cooperação entre a Prefeitura de São Paulo e as entidades. 16 de julho – 125 anos da mais antiga experiência pública de transmissão de voz e música por ondas de rádio. Edição especial de J&Cia celebra a data. 11 de outubro e 22 de novembro – 120 anos da obtenção pelo Padre Landell de três cartas patentes nos Estados Unidos: Wave Transmitter, Wireless Telephone e Wireless Telegraph. Palestra de Hamilton Almeida em 17 de julho Neste dia 17 de julho, às 20 horas, no Teatro do Sesc Santana, na capital paulista, o jornalista e escritor Hamilton Almeida faz apresentação intitulada Landell: 125 anos do Rádio no Brasil. A palestra tem entrada gratuita e se reveste de característica muito especial: acontece no bairro de Santana, na zona norte da cidade. Lá, o Padre Landell viveu e promoveu as suas primeiras experiências públicas de transmissão de voz e música por ondas de rádio, as mais antigas do mundo. O padre foi pároco na Capela Santa Cruz (1898-1900), na rua Voluntários da Pátria, e capelão do Colégio Santana – uma de suas salas de aula foi ponto de emissão/recepção de rádio; o outro ponto foi instalado na Ponte das Bandeiras (1899) e na Avenida Paulista (1900). A realização do evento tem o apoio de J&Cia e do DiárioZonaNorte, e as ações da gestora Fernanda Gonçalves e do assessor de imprensa Thiago da Silva Costa, do Sesc Santana.

Edição 1.469A página 11 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Ênio Landell de Moura (Engenheiro e sobrinho-neto do Padre Landell) “A geração do meu pai e seus irmãos, todos nascidos após 1900, teve contato com o tio Roberto muito depois de suas invenções e já no seu período de ostracismo científico, em Porto Alegre, quando ele se dedicava a neurociência, psicologia e parapsicologia. Eles relataram que meu tio-avô Roberto era muito introspectivo e fazia brincadeiras sobre a propagação do som que relembravam o seu início na ciência. Meu pai contou que recebeu uma foto de Roberto com uma pessoa levitando, que foi entregue à Cúria Metropolitana e não se ouviu mais falar no assunto. O Brasil, tão carente de cientistas, ainda não se deu conta de que tem um grande feito científico: ´Pela primeira vez na história da humanidade uma voz e um hino foram transformados em ondas de rádio e transmitidos através do espaço − Roberto, 1899’.” Everaldo Gouveia (Jornalista, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, assessor na Assembleia Legislativa de São Paulo) “Padre e inventor, Landell de Moura detém o pioneirismo ainda pouco reconhecido na transmissão da voz por ondas de rádio. Aos poucos esta lacuna na história brasileira vai sendo ocupada com a verdade, graças entre outras razões à campanha incansável em defesa do seu legado promovida por Jornalistas&Cia, newsletter que também tem o pioneirismo no seu DNA.” Fábio Serra Flosi (Engenheiro eletrônico e de telecomunicações, aposentado*) “No principal trabalho de RLM, chamado de Transmissor de Ondas, a ideia do padre era transmitir a voz humana a longas distâncias sem a utilização de fios condutores (como ocorria no telefone fixo). Uma réplica dessa invenção foi construída por Marco Aurélio Cardoso Moura, funcionário público em Porto Alegre. As centelhas produzidas entre duas esferas, pela bobina de indução, irradiavam pelo espaço ondas de rádio. O microfone fonético tinha, em uma das extremidades, um diafragma metálico que interrompia as centelhas na mesma cadência da voz do operador, e um tubo comprido (de material isolante) para proteger o operador das altas tensões geradas pela bobina de indução (cerca de 15 quilovolts). Mais tarde essa técnica ficou conhecida por amplitude modulada (ou AM): a abertura e o fechamento do diafragma faziam com que as centelhas vibrassem na cadência da voz do operador. O elemento iconográfico, que aparece no lado esquerdo inferior (acima de Brasil 2011), no selo postal em homenagem ao padre RLM, representa uma onda de rádio modulada em amplitude. Essa tecnologia foi usada por muitos anos, mas, no final do século XX, foi substituída por técnicas mais avançadas.” (*) Atua como professor de ensino superior em ambas as áreas e foi um dos grandes responsáveis pela emissão do selo dos Correios homenageando Landell, em 2011, ano do sesquicentenário de seu nascimento). Eliseu Gabriel (Vereador pela cidade de São Paulo) “Não foi o italiano, foi o brasileiro! Padre Landell é o verdadeiro inventor do rádio. Foi ele quem fez, antes de Marconi, a primeira transmissão de voz por ondas eletromagnéticas. Foi entre o bairro de Santana e a Ponte das Bandeiras, em 1899, e entre o bairro de Santana e a Avenida Paulista, em 1900. Além de não ser reconhecido em sua época, poucas pessoas, atualmente, conhecem sua história, embora tudo esteja devidamente documentado. E é nosso dever reverenciá-lo. Em 2011, época em que tomei ciência da importância de Landell com seu feito, entreguei in memoriam o Título de Cidadão Paulistano ao nosso padre-cientista Roberto Landell de Moura. Foi uma forma de reconhecer oficialmente o seu pioneirismo no desenvolvimento das telecomunicações (precursor das invenções do rádio, da televisão e do teletipo, além da recomendação do uso das ondas curtas). E viva o Padre Landell!”

Edição 1.469A página 12 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Fátima Turci (Jornalista, apresentadora, palestrante) “Nacionalismo exagerado virou quase sinônimo de xenofobia, mas deveria ser substituído por patriotismo. É isso que homenagear Landell de Moura nos reforça o orgulho da criatividade, inventividade e perseverança dos brasileiros. Ele é mais que inventor do rádio, foi precursor da televisão e da fibra óptica. Mesmo sem reconhecimento internacional, nós aqui na terra tupiniquim deveríamos reverenciar. E esse esforço do J&Cia nos últimos anos é mais uma demonstração da preocupação com a justiça pelo legado de vida das pessoas. Fleury Tavares de Lima David (Editor do site Diário Verde) “O rádio sempre fez parte da minha vida, desde criança, quando ouvia curioso e atento o noticiário dos acontecimentos diários. Posteriormente, quando iniciei na carreira de jornalista tive a oportunidade de trabalhar na Rádio Bandeirantes com a equipe do saudoso José Paulo de Andrade (J&Cia, edição 1.266, julho/2020). O veículo foi e continua sendo de fundamental relevância para a informação pública há mais de 100 anos. Atravessou décadas de desafios com a chegada da TV, depois da internet e continua sendo um importante veículo de comunicação que pode ser ouvido em nossos carros, computadores e nos aplicativos de celulares. O rádio é vivo e quente porque trabalha com o aqui e agora, ou seja, quem ouve sabe do que está acontecendo naquele momento presente dos fatos. Infelizmente, no Brasil, pouco se conhece da trajetória de um cientista e padre gaúcho visionário Roberto Landell de Moura, que foi o verdadeiro inventor do rádio. Ele realizou a primeira transmissão wireless de voz humana em 16 de julho de 1899, no bairro de Santana, zona norte da capital paulista. A experiência foi repetida em 3 de junho de 1900 ligando o alto de Santana à Avenida Paulista, 8 km em linha reta. Apesar do êxito científico das suas experiências e mesmo tendo patenteado suas invenções no Brasil (1901) e nos Estados Unidos (1904), nunca conseguiu levantar recursos para desenvolver e implantar um sistema de rádio no Brasil. Nesse sentido, cabe salientar o incansável trabalho de pesquisadores e estudiosos em resgatar a luta pelo reconhecimento histórico do mérito do padre e cientista Landell de Moura, como o verdadeiro inventor do rádio, a exemplo do jornalista, escritor e seu biógrafo Hamilton Almeida, que há décadas tem se empenhado em divulgar em suas obras a incrível trajetória deste notável brasileiro.” Geraldo Nunes (Jornalista, ex-repórter aéreo por mais de 20 anos na Rádio Eldorado de São Paulo, e diretor na GNS Comunicações) “Defendo a causa pelo reconhecimento, em nível mundial, do padre Roberto Landell de Moura, como verdadeiro inventor do Rádio, desde 1997, quando tomei conhecimento de suas descobertas e dos dissabores que sofreu, por ser do meio eclesiástico e ao mesmo tempo cientista. Depois de obter patentes nos EUA buscou, em 1904, fazer uma demonstração ao presidente da República, Rodrigues Alves. Queria ele transmitir de um barco sobre as águas da Baía de Guanabara, mas não foi sequer recebido. Tal recusa o levou a desistir dos estudos e destruir seus equipamentos, ficando os louros do invento a Marconi. Em 2012, entretanto, foi reconhecido pelo governo brasileiro, teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado Panteão da Pátria, em Brasília. Falta agora a comunidade científica internacional reconhecê-lo. Roberto Landell de Moura e todos os brasileiros merecem esta vitória.” Gildo Magalhães (Professor Titular/USP) “O trabalho do Padre Landell de Moura com a propagação de informações por ondas hertzianas nos revela o drama de parte significativa da ciência brasileira de sua época, feita de maneira autodidata e sem amparo do Estado ou das instituições. As evidências já acumuladas por Hamilton Almeida nos revelam um pesquisador original, cujas experiências poderiam ter impulsionado aplicações da comunicação eletrônica e dado uma vantagem na corrida por inventos úteis das primeiras décadas do século XX. Somos levados a pensar no quanto ainda precisamos descobrir de nosso passado para termos um referencial mais exato de nosso potencial como nação.”

Edição 1.469A página 13 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Gleise Santa Clara (Jornalista, ex-jornal O Estado de S.Paulo e Centro Paula Souza) “Falar do Padre Roberto Landell de Moura neste espaço é contribuir para ampliar o conhecimento e o reconhecimento internacional da primeira transmissão de voz e música por ondas de rádio no mundo, feita pelo brasileiro, em 16 de julho de 1899. É reparar uma injustiça histórica, que credita esse feito ao físico italiano Guglielmo Marconi, inventor do telégrafo, quando na verdade foi padre Landell o responsável por abrir as portas para o rádio e a comunicação sem fio, o wireless. Triste constatar que minhas filhas estudaram no Colégio Santana, de onde Landell de Moura transmitiu os primeiros sinais de rádio, e nunca tiveram conhecimento do fato na época. Parabéns aos colegas de turma da Faap, Hamilton Almeida, pela pesquisa, e Eduardo Ribeiro, à frente de Jornalistas&Cia, por batalharem para tornar essa data um marco histórico.” Helena Tassara (Pesquisadora e curadora da exposição Padre Landell: o homem que inventou o futuro, realizada pelo Museu da Imagem e do Som – MISSP, 2023) “Padre e cientista, Roberto Landell de Moura elaborou, descreveu, inventou, construiu e patenteou diversos experimentos na virada do século XIX para o XX. Se a história tivesse sido mais justa com ele poderíamos dizer que, no mínimo, entre seus inventos visionários, está o rádio. Ou seja, ele seria considerado oficialmente o pai da telefonia sem fio para transmissão de sons, vozes humanas, ruídos ou música a distância por meio de ondas de rádio ou radiocomunicação!” Hermano Júnior (Engenheiro, economista e empresário da área de Telecomunicações) “Em tempos de Jogos Olímpicos, é sempre bom lembrar o lema ‘Citius, Altius, Fortius’ (‘mais rápido, mais alto, mais forte’), criado pelo Padre Henri Didon, e que poderia também servir para qualificar os desafios diários da engenharia de telecomunicações. Se hoje classificamos esse nosso quotidiano como desafiador, o que se dizer de um jovem cientista, que nos estertores do século XIX desafiou dogmas da Igreja e da sociedade para lançar as bases experimentais da comunicação sem fio? Nossas comunicações servem hoje de referência mundial em termos de penetração de banda larga graças ao empreendedorismo e dedicação de provedores regionais, que sem saber têm como inspiração o destemor e teimosia do Padre Roberto Landell de Moura, patrono da radiocomunicação brasileira.” Jefferson Zanchi (Jornalista) “A newsletter Jornalistas&Cia faz uma justa homenagem ao grande brasileiro, inventor do rádio, Padre Landell de Moura, coroando a minuciosa pesquisa do jornalista Hamilton Almeida, cuja primeira reportagem sobre o assunto foi publicada no tabloide Formigão, de Mococa (SP), intitulada O brasileiro que inventou o rádio. Em 1976, ainda estudante de jornalismo, Almeida havia localizado e entrevistado um ex-coroinha do Padre Landell em Mogi das Cruzes, algo inédito. Desde aquela época, o conhecimento sobre o padre inventor aumentou bastante. Corrigir as omissões e injustiças é o dever de uma imprensa séria.” Jornalistas&Cia é um informativo semanal produzido pela Jornalistas Editora Ltda. • Diretor: Eduardo Ribeiro ([email protected]–11-99689-2230)•Editorexecutivo: Wilson Baroncelli ([email protected] – 11-99689-2133) • Editor assistente: Fernando Soares ([email protected] – 11-97290-0777) • Repórter: Victor Felix ([email protected] – 11-99216-9827) • Estagiária: Hellen Souza ([email protected]) • Editora regional RJ: Cristina Vaz de Carvalho 21-999151295 ([email protected]) • Editora regional DF: Kátia Morais, 61-98126-5903 ([email protected]) • Diagramação e programação visual: Paulo Sant’Ana ([email protected] – 11-99183-2001) • Diretor de Novos Negócios: Vinícius Ribeiro ([email protected] – 11-99244-6655) • Departamento Comercial: Silvio Ribeiro ([email protected] – 19-97120-6693) • Assinaturas: Armando Martellotti ([email protected] – 11-95451-2539)

Edição 1.469A página 14 ESPECIAL Landell de Moura J&Cia Landro Oviedo (Jornalista e colunista do Correio do Povo) “O Padre Landell de Moura representa um Brasil com todo o potencial para dar certo. Todavia, em algum momento, perdeuse o fio da meada da história e do desenvolvimento. No caso do sacerdote, isso não ocorreu por sua vontade, pois ele lutou bravamente para ver suas invenções implementadas e reconhecidas, concorrendo, com isso, para o engrandecimento da ciência nacional. Inventor da transmissão sem fio, base do rádio, do telégrafo wireless, seu transmissor de ondas chegou a ser patenteado nos Estados Unidos, mas ele não recebeu o apoio merecido em sua pátria. Pelo contrário, chegou a ter suas instalações invadidas e equipamentos destruídos. Contra tudo e contra todos, a história desse idealista e visionário precisa ser conhecida pelos seus compatriotas para que sua memória receba, ao menos, a reparação merecida do reconhecimento póstumo.” Kiki Moretti (Fundadora e CEO do Grupo In Press) “É uma honra fazer parte desta edição especial do Jornalistas&Cia que celebra o padre Roberto Landell de Moura e os 125 anos da primeira transmissão de voz e música pelas ondas do rádio, um marco histórico na evolução das telecomunicações e na transformação da comunicação. Reconhecer o pioneirismo de Landell de Moura e honrar o seu legado como cientista e inventor é celebrar a importância das inovações e da ciência para o desenvolvimento da sociedade.” Jorge Polydoro (Presidente do Grupo Amanhã) “Com ampla documentação, enriquecido por pesquisas recentes e detalhada cronologia, o novo livro que está sendo preparado pelo jornalista Hamilton Almeida revelará de forma incontestável que, ao utilizar ondas eletromagnéticas para propagar voz e música, o Padre Roberto Landell Moura não inventou apenas o rádio. Ele desenvolveu a base tecnológica que deu origem a tudo que pode ser emitido, captado e decodificado por ondas em suas mais variadas frequências. Isso inclui a televisão, a internet, o wi-fi, o bluetooth, celulares e todas as aplicações imagináveis. Ao realizar a primeira transmissão pública de som pelo ar, no dia 16 de julho de 1899, em São Paulo, o padre cientista nascido em Porto Alegre entregou à humanidade algo que hoje faz parte das nossas rotinas: o wireless.” Laurindo Lalo Leal Filho (Jornalista, professor e membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa – ABI) “A tragédia vivida no sul do País revelou não apenas a incúria dos governantes gaúchos, incapazes de proteger suas cidades e seu povo, mas mostrou também a importância da comunicação na luta para mitigar os efeitos da catástrofe. Nesse cenário, um velho ator voltou ao palco: o rádio de pilha. Com a água invadindo ruas e casas, com a energia elétrica cortada por muitas horas, coube a esse antigo companheiro de várias gerações orientar os flagelados e aqueles que buscavam socorrê-los. Era a reafirmação da importância do rádio ainda hoje, vivo e atuante, em meio às mais variadas parafernálias tecnológicas. E não só em momentos dramáticos. Está presente, por exemplo, no dia a dia dos povos ribeirinhos da Amazônia e nos automóveis rodando por ruas e estradas. Esse é o legado inestimável deixado pelo Padre Landell de Moura, o brasileiro inventor do rádio, merecedor de lembrança e reconhecimento perenes.” Leão Serva (Jornalista, escritor, diretor internacional de Jornalismo da TV Cultura) “A iniciativa de Eduardo Ribeiro e do Jornalistas&Cia para resgatar a memória de um inovador brasileiro, Padre Landell de Moura, é entusiasmante. O caso é paradigmático de um fenômeno comum no Brasil, dos nossos irmãos que vencendo adversidades criaram avanços científicos e tecnológicos que, por razões diversas, são esquecidos ou eclipsados por semelhantes estrangeiros. Todas as honras do pioneirismo para o Padre Landell de Moura.”

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