Edição 1.467 página 29 conitnuação - Curtas n A história desta semana é de Luciano Martins-Costa ([email protected]), que teve passagens por Estadão, Folha de S.Paulo e Abril, além de ter atuado em comunicação corporativa e como coordenador de Curso de Extensão Universitária na FGV – GVPEC, entre outras atividades. É também escritor. Minha carreira de repórter foi quase toda levada na Agência Folhas, berço de uma pá de gente boa, na Folha de S.Paulo e na revista Veja. Tive várias oportunidades de ganhar um Prêmio Esso. Mas não podia ganhar, porque nunca me inscrevi em prêmios jornalísticos. Uma delas, certamente, foi a reportagem sobre o Santo Daime, primeiro trabalho de imersão de um jornalista na doutrina tradicional da Amazônia. O Conselho Federal de Entorpecentes tinha proibido a preparação e consumo da ayahuasca em todo o território nacional, o que acabava criando problemas porque para muitas comunidades amazônidas aquela era uma prática transcendental, de profundas raízes culturais. Um dos membros do Confen procurou Otávio Frias Filho e sugeriu que mandasse um repórter com experiência em “reportagem vivencial”. Sei lá o que isso significa − talvez o contrário da reportagem de citações, que domina o jornalismo. Foi comigo o fotógrafo Fábio Moreira Salles, o Tranquilão, tipo que o mundo está se desmanchando e ele clicando. Nosso primeiro contato foi o correspondente em Rondônia, Montezuma Cruz, que me apresentou um fotógrafo da polícia civil cuja mãe era a líder da comunidade chamada União do Vegetal, em Porto Velho. Montezuma era (é) um tipo de jornalista que não se encontra em lugares como São Paulo. Personagem de cinema, de romance noir, um Truman Capote enfiado na floresta. Quando fui levado a conhecer a líder da seita, dona Raimunda, a Mestre Pequenina, me contaram que ela tinha sonhado comigo, descreveu como eu podia ser reconhecido quando chegasse, e avisou que faria para mim uma “sessão de adventício”, apesar da proibição. Fiz várias conversas com ela e outros fieis durante dois dias e na segunda noite tomei o chá pela primeira vez. Antes de sair de São Paulo, eu tinha estudado a huasca, tinha entrevistado o etnobotânico inglês Ghillean Prance, grande conhecedor da flora amazônica, mais um pesquisador do Instituto Karolinska de Estocolmo e dois ou três psiquiatras. Teoricamente, eu sabia tudo sobre os efeitos do chá e suas potencialidades. Mas, como se diz, na teoria a prática é outra. Tomei um perrengue e passei a noite conversando com toda a caterva de demônios de todas as mitologias. Mas comecei a entender um monte de coisas Ritual da ayahuasca Luciano Martins Costa Eduardo Chianca/Arquivo pessal-reprodução de uma série de reportagens investigativas sobre a atuação de Elon Musk no Brasil. O objetivo é aprofundar ainda mais a cobertura sobre os negócios dele no Brasil e apurar quais são os interesses do empresário e como os seus negócios podem pôr a democracia brasileira em risco. n A Fundamento Grupo de Comunicação está promovendo a terceira edição da pesquisa Como o Brasileiro se Informa? A iniciativa visa compreender os hábitos de informação da população brasileira e entender onde e quais métodos brasileiros utilizam para adquirir informações atualmente. A pesquisa, que conta com o apoio do Instituto Palavra Aberta, aceitará respostas até 30 de junho. Interessados podem colaborar por aqui. n Vinícius Macía, dono do veículo independente Jornal Chapéu Listrado, venceu um processo judicial em Mococa (SP) movido pela vereadora Elizangela Maziero (PSD), que o acusava de danos morais após produzir matérias sobre o uso de verbas públicas. Apoiado pelo Programa de Proteção Legal para Jornalistas da Abraji, que garantiu sua defesa, Macía enfrentou uma ação que exigia a remoção das matérias, um pedido de desculpas e R$ 8 mil de indenização. O juiz Sansão Ferreira Barreto, do Juizado Especial Cível do Foro de Mococa, decidiu que as publicações não continham menções difamatórias e, portanto, não justificavam a indenização por danos morais. Uma vez aberta a mente para o mistério, não se pode voltar atrás
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