Jornalistas&Cia 1464

Edição 1.464 página 7 Especial Dia da Imprensa post numa rede social pode abalar mercados e empresas. “As pessoas consomem a informação de forma instantânea, mas precisa haver o retorno da apuração”, afirma Raquel Balarin, diretora de redação do InvestNews. “Instantaneidade não quer dizer superficialidade. Com o crescimento e o aprimoramento das assessorias, muitas informações chegam ‘mastigadas’ às redações, mas o jornalista não pode se contentar só com isso, tem de ir além. Checar, rechecar, procurar o que está por trás da notícia. A pressa favorece o jornalismo de uma fonte só, o que acaba levando à superficialidade e ao viés da cobertura”. Ricardo Grinbaum, jornalista que integrou equipes de importantes veículos de comunicação, como a Veja e a Folha, e hoje é editor executivo de Economia do Estadão, também é taxativo a esse respeito: “A pressão pela rapidez não pode comprometer o rigor editorial. É mais importante não errar do que ser o primeiro a dar a notícia”. Mais preocupante ainda é o fato de que a busca da velocidade na publicação da notícia junta-se à busca de cliques a qualquer custo. Cada vez mais as equipes são treinadas para usar técnicas de SEO, que têm a função de garantir um bom posicionamento de páginas de um site no Google e outros buscadores. Mas a tentação de ir além é grande e a fronteira entre o “bem e o mal” nesse quesito também é tênue. Uma coisa é dar tração à notícia, no jargão do setor, outra é simplesmente enganar o leitor com um título que não corresponde à matéria. “Não dá para vender e não entregar a mercadoria”, compara Grinbaum. O leitor percebe, especialmente na área econômica, e acaba fugindo da publicação. “O caça-cliques desfigura as bases da informação, é um perigo”, afirma José Paulo Kupfer, colunista do UOL e do Poder360, que acompanha a evolução do jornalismo de Economia desde os anos 1970. A questão, no entanto, é como pôr esses princípios em prática, com redações cada vez mais enxutas, às vezes juniorizadas, e filtros de apuração nem sempre suficientes. E com metas de audiência cada vez mais rígidas. Por mais que tenham intenção de orientar as equipes, os editores vivem uma realidade de “fechamento ininterrupto”. Como arranjar tempo para aquela conversa direta, olho no olho, com os repórteres? O trabalho 100% à distância, durante a pandemia, também reduziu bastante esse contato, prejudicando a disseminação da cultura jornalística entre as novas gerações. A avaliação é de José Roberto Caetano, jornalista que trabalhou mais de 20 anos na revista Exame, passou pela instituição de ensino Insper Ricardo Grinbaum José Paulo Kupfer Nutrir a população com informação e conhecimento. Esse é o papel fundamental da imprensa na manutenção de uma sociedade democrática. O GPA parabeniza todos(as) os(as) profissionais de imprensa. Raquel Balarin

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