Jornalistas&Cia 1464

Edição 1.464 página 34 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) A integração do rádio digital com a tecnologia 5G está prestes a revolucionar o panorama da mídia e do entretenimento, proporcionando uma experiência de usuário aprimorada e expandindo significativamente as capacidades do rádio tradicional. Com a baixa latência e a alta largura de banda do 5G, o rádio digital pode oferecer conteúdos mais ricos e interativos, abrindo caminho para inovações como aplicações de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) nas transmissões radiofônicas. Antes que me recriminem pelo uso do termo “rádio digital”, estou empregando este conceito à transmissão de conteúdo de rádio via internet. Isso pode incluir streams de áudio ao vivo ou sob demanda, acessados através de aplicativos móveis, websites ou dispositivos conectados à internet. Faço esse comentário pois em meados dos anos 1990 chamávamos de “rádio digital” outro formato, o rádio digital terrestre, como DAB (Digital Audio Broadcasting) e DRM (Digital Radio Mondiale), que utiliza transmissores e redes de satélites para distribuir sinais de rádio digitais através do espectro de frequências terrestres. Desta forma, não confundimos, pois ambos são formatos digitais, porém completamente diferentes. A chegada da tecnologia 5G traz oportunidades sem precedentes para o rádio digital. Uma melhoria-chave é a capacidade de oferecer streaming de alta qualidade e sem buffer, essencial para transmissões ao vivo e serviços interativos. Por exemplo, os ouvintes podem participar de eventos ao vivo com um mínimo de atraso, tornando as interações e participações em tempo real mais fluidas. Além disso, o Rádio digital, 5G e publicidade: a transformação de paradigmas 5G permite o uso de inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina para personalizar o conteúdo, fornecendo anúncios segmentados e recomendações musicais baseadas nas preferências dos usuários. As capacidades do 5G vão além da melhoria da qualidade do áudio. A tecnologia suporta métodos de transmissão inovadores, como o 5G Multicast e o MIMO (Multiple Input Multiple Output) avançado, que melhoram a eficiência e o alcance dos sinais de rádio digital. Isso permite uma cobertura mais extensa e um melhor serviço em áreas remotas e densamente povoadas. Além disso, o 5G suporta a integração de redes não-terrestres, garantindo serviços de rádio confiáveis mesmo em terrenos desafiadores. Importante explicar que: o 5G Multicast é uma tecnologia de transmissão que permite o envio simultâneo de dados para múltiplos dispositivos dentro de uma rede 5G. Em vez de transmitir dados individualmente a cada usuário (unicast), o multicast envia uma única transmissão que pode ser recebida por vários dispositivos ao mesmo tempo. Um exemplo disso seria em eventos esportivos ao vivo: o 5G Multicast pode ser usado para transmitir o evento a milhares de espectadores simultaneamente sem sobrecarregar a rede. Isso é particularmente útil em locais de alta densidade, como estádios ou grandes arenas, onde muitos usuários estão tentando acessar o mesmo conteúdo ao mesmo tempo. E o MIMO é uma tecnologia de comunicação sem fio que usa múltiplas antenas, tanto no transmissor quanto no receptor, para melhorar a performance da comunicação. Isso pode aumentar significativamente a capacidade de transmissão e a cobertura sem fio. Esta tecnologia é amplamente utilizada em roteadores Wi-Fi modernos (como Wi-Fi 5 e Wi-Fi 6), permitindo velocidades de conexão mais altas e maior cobertura dentro de ambientes domésticos e empresariais. Também é útil em redes móveis, em que é usada para melhorar a capacidade de transferência de dados e a qualidade do sinal, especialmente em ambientes urbanos densos, onde a interferência e a congestão da rede são problemas comuns. Outra tendência significativa é o uso de redes 5G privadas para aplicações específicas. Essas redes, muitas vezes implantadas em ambientes controlados como estádios ou complexos de estúdios, oferecem conectividade de alta velocidade e baixa latência, ideal para transmissões de eventos ao vivo e produção remota. Esse arranjo reduz a necessidade de infraestrutura extensiva no local, permitindo que as emissoras gerenciem vários eventos a partir de um local central. Isso não só reduz custos, mas também aumenta a flexibilidade e a eficiência na produção de conteúdo. Segmentação precisa A transição do rádio tradicional para o digital está transformando o cenário publicitário. As plataformas digitais oferecem capacidades de segmentação precisa que o rádio tradicional não pode igualar. Os anunciantes podem agora usar análises de dados para adaptar suas mensagens a públicos específicos, garantindo taxas de engajamento e conversão mais altas. Esse movimento é impulsionado pela crescente popularidade dos serviços de streaming e podcasts, que proporcionam uma experiência de escuta mais personalizada em comparação ao rádio AM/FM tradicional. No rádio tradicional, a publicidade é baseada em horários e programas específicos, com anúncios sendo transmitidos em intervalos comerciais pré-definidos. Essa abordagem, embora eficaz em alcançar um grande público, é menos precisa em termos de segmentação e personalização. Os anunciantes têm menos controle sobre quem ouvirá suas mensagens, resultando em uma abordagem mais genérica e menos eficiente em termos de custo. Por outro lado, a publicidade digital no rádio oferece uma precisão sem precedentes. Anúncios podem ser direcionados com base em dados demográficos, comportamentais e contextuais. Isso permite que os anunciantes atinjam audiências específicas com mensagens personalizadas, aumentando a relevância e a eficácia dos anúncios. Além disso, a publicidade digital permite o uso de métricas detalhadas 123RF

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