Edição 1.464 página 22 Especial Dia da Imprensa Globo Rural a Autoesporte. A diretora de redação do Valor cita pelo menos outros dois pontos importantes na estratégia do Valor para os novos tempos: a abertura de novas frentes, especialmente a educação, e o desenvolvimento de plataformas para reunir em fóruns especiais CEOs, executivos financeiros e de marketing do topo da empresa, com o objetivo de fomentar o debate sobre grandes temas nacionais e temas específicos do ambiente de negócios. Lucas Amorim, da Exame, destaca o modelo de integração adotado pela empresa como o mais adequado à sua atuação, dividida entre as frentes de Jornalismo, Branded Content e Educação: “Editor é cada vez mais um executivo do projeto, que define qual a melhor entrega a ser feita: conteúdo jornalístico, patrocinado ou ainda um conteúdo para educação, como um curso”. Daí para a frente, cada área cuida da produção e da entrega relativas ao projeto específico. Mas essa mistura não contamina o jornalismo? “O que importa é separar quem produz o conteúdo”, diz Amorim. Repórter só produz conteúdo jornalístico, não faz branded content. Com essa segmentação, acredita Amorim, é possível atender melhor às necessidades do público leitor e dos anunciantes. O leitor quer hoje conteúdo cada vez mais especializado e mais aprofundado. O anunciante quer projetos especiais, não apenas o anúncio de página no impresso ou um banner nos sites. Esses modelos atacadistas ainda existem, mas têm mais cheiro de passado do que de futuro. Hugo Cilo, redator-chefe da revista IstoÉ Dinheiro, também vê anunciantes mais interessados em projetos do que em anúncios específicos, como no passado recente. “O cenário ficou mais desafiador tanto para atrair leitores como anunciantes”, diz ele. Mas a IstoÉ Dinheiro prefere não radicalizar na integração das plataformas. A revista e o site mantêm equipes separadas. “São produtos complementares, um não pode imitar o outro”, justifica. Mais perguntas do que respostas Com tantas e tão rápidas mudanças no jornalismo de Economia, apontar o que será dominante logo ali à frente requer um exercício de futurologia. Tanto em termos de formato quanto de conteúdo. Mas uma coisa é certa: algumas tendências que já são relevantes no momento, como a segmentação das mídias e a corrida tecnológica, deverão ser aceleradas, E apesar do empenho em acompanhar as novas pautas da Economia, as mídias tradicionais continuarão cedendo espaço à nova concorrência. A proliferação de publicações bancadas por instituições financeiras, por exemplo, não parece terse esgotado. Para chegar a essa conclusão é só observar que várias casas financeiras importantes ainda não têm “um veículo para chamar de seu”. Há espaço para muitas iniciativas nessa linha, sejam publicações de foco mais aberto, ou mais fechado, voltadas para interesses específicos dos clientes. E há lugar também para a criação de publicações dirigidas a “especialidades dentro da especialidade financeira”, como fintechs ou ainda a tecnologia blockchain − uma espécie de banco de dados avançado, que permite o compartilhamento de informações na rede de uma empresa. Não é fora de propósito imaginar que a convivência nem sempre amigável entre as chamadas mídias tradicionais e os novos veículos financeiros chegue a uma etapa de parcerias. Hugo Cilo
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