Jornalistas&Cia 1464

Edição 1.464 página 20 Especial Dia da Imprensa exigência de pagamento pura e simples, via justiça. Alternativas, por sinal, que já estão no centro da disputa entre as big techs e os fornecedores de conteúdo na internet. “Os jornalistas deveriam parar de resistir e abraçar a inteligência artificial para torná-la uma aliada”, afirma Raquel Balarin, do Investnews. “Há muitas maneiras de usar a IA e fazer a diferença”. José Roberto Caetano, da Veja Negócios, também vê a IA a serviço do jornalista e não no lugar do jornalista. O que pode e deve acontecer não é um simples corte, mas uma mudança no perfil da mão de obra. A prioridade absoluta é para jornalistas com maior capacidade de interpretar dados, usar esses dados para identificar uma nova tendência e gerar uma nova pauta. E para jornalistas com maior capacidade crítica. Além disso, a própria tecnologia deve gerar uma quantidade maior de informações, que terão de ser trabalhadas pelos jornalistas. “É muito importante que essa transição não venha acompanhada por uma redução das cabeças pensantes da redação”, reforça Ana Estela. “O potencial humano tem de ser liberado pela inteligência artificial e não dispensado”. Novas pautas Os desafios que estão à frente do jornalismo e dos jornalistas de Economia hoje − e que tendem a crescer, num futuro próximo − não se esgotam no avanço da tecnologia e na sustentação financeira das empresas. Há uma necessidade de atualização das pautas, com novas abordagens de temas já conhecidos e principalmente com a inclusão de novos temas. Um caso exemplar é o do mundo do trabalho. Não faz mais sentido uma cobertura sob o ângulo preferencial do movimento sindical − embora isso não signifique abandonar a discussão do sindicalismo, que vai das fontes de financiamento das entidades às estratégias para reconquistar associados. É preciso esquadrinhar a chamada uberização dos serviços, expressa na proliferação dos aplicativos de transporte e de entrega de refeições, que põem o consumidor em contato com o fornecedor de serviços e mercadorias. Que a chamada uberização veio para ficar, não há nenhuma dúvida. Muitos trabalhadores aderem a esse modelo não só por necessidade, mas também por preferência. Seja porque veem melhores oportunidades de administrar as jornadas de trabalho, seja porque têm expectativa, nem sempre atendida, de melhor remuneração. Isso explica, inclusive, as manifestações contrárias de motoristas de aplicativos à tentativa do governo de negociar alguma forma de regulamentação dessa atividade. A cobertura dessas novas tendências tem de contemplar o entendimento dessa nova visão das relações trabalhistas, além de discutir alternativas para corrigir distorções que levam à eliminação de qualquer direito dos prestadores de serviço. Da mesma maneira, o empreendedorismo exige uma cobertura renovada. Trata-se daquela área que, até pouco tempo atrás, era batizada como “pequenas e médias empresas”. Cada vez mais trabalhadores transformam-se em empreendedores, não só porque perderam empregos com carteira assinada, mas também porque têm a aspiração de terem o seu próprio negócio, comenta Ricardo Grinbaum, do Estadão. Não é possível identificar com clareza, nas estatísticas oficiais sobre a evolução do trabalho por conta própria, quem simplesmente vive de “bico”, por falta de outras opções, e quem de fato é um microempreendedor. Só para dar uma ideia, no ano passado foram abertas 859 mil micro e pequenas empresas, um crescimento de 6,6% sobre o ano anterior, segundo levantamento do Sebrae. A abertura de negócios de microempreendedores individuais superou 2 milhões e 900 mil,

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