Jornalistas&Cia 1464

Edição 1.464 página 12 Especial Dia da Imprensa Brasil uma versão inspirada na Business Week. A transformação de mensal para quinzenal levou à introdução de assuntos mais quentes nas edições. “Mas a praia da Exame era a microeconomia, incluindo assuntos como Administração e Recursos Humanos, que ninguém explorava”, lembra Velloso. A revista deu vários filhotes, a exemplo dos anuários Melhores e Maiores e Brasil em Exame. Dentro do plano de recuperação judicial do grupo Abril, em 2019, a Exame foi vendida para o grupo Valongo, administrado pelo BTG Pactual. A criação do caderno de Economia do Estadão, em 1989, foi outro passo importante para fortalecer a tendência de cobertura vertical dentro dos grandes jornais. O Estadão sempre teve um olhar mais atento para o setor, em relação aos concorrentes, mas isso ficou mais visível para o público com o Caderno. Antes, a editoria de Economia era publicada na sequência da seção de turfe. O caderno chegou a ter 40 profissionais e 24 páginas diárias, divididas entre a cobertura de política econômica, negócios e serviços financeiros. Era quase uma revista diária e atendia a uma ambição do grupo Estado de ter sua própria “Gazeta Mercantil”. “O briefing que eu recebi para tocar em frente o projeto era exatamente um produto para competir com a Gazeta Mercantil”, lembra José Paulo Kupfer, à época líder da equipe que desenvolveu o projeto do Caderno. Claro que as mudanças no perfil da própria Economia, o encolhimento do jornal impresso e a lógica do jornal digital não permitem, hoje em dia, a aplicação estrita do modelo original. Mas pode-se dizer que o espírito do jornalismo de Economia setorizado permanece vivo dentro do Estadão, com o suporte fundamental da cobertura da Agência Estado/Broadcast. Ofensiva financeira A grande disputa no jornalismo de Economia, no momento, se dá entre os veículos tradicionais, geralmente bancados por famílias que dominam o setor, e as novas publicações, bancadas por grandes instituições financeiras. Tudo isso dentro de um quadro que impõe vários desafios aos donos do negócio. Em poucas palavras, diminuiu drasticamente o número de anunciantes que sempre sustentaram os veículos impressos. E a transferência dessa “função” para os assinantes não tem sido tão bem sucedida aqui no Brasil, como tem sido nos Estados Unidos e na Europa. O caso exemplar, sonho de consumo de todas as empresas do setor, é o do New York Times, que já cruzou a marca de 10 milhões de assinantes e obteve uma receita anual superior a US$ 1 bilhão só com os assinantes

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