Jornalistas&Cia 1464

Edição 1.464 página 10 Especial Dia da Imprensa ainda se debatem entre o reempacotamento do noticiário da véspera e a “fuga” para um assunto fora da pauta. Opção que nem sempre é bem recebida pelo leitor. Pioneiros A história do jornalismo de Economia no Brasil confunde-se com a própria história da imprensa. Matías Molina, um estudioso da imprensa, lembra que os jornais surgiram no Brasil com foco exatamente na Economia. A cobertura política era limitada, refletia apenas interesses imediatos, passava longe de questões de longo prazo. O pioneiro foi o Jornal do Commercio, de 1827, que chegou a contar, na sua equipe de colunistas, com D. Pedro II, Rui Barbosa e Lima Barreto, entre outros. Em 1959, o jornal passou a integrar o portifólio dos Diários Associados, do então poderoso Assis Chateaubriand, e encerrou suas atividades em 2016, tanto no impresso como na internet. Durante essa longa trajetória, passou por muitas instabilidades, mas nunca perdeu o “espírito” da Economia. Foi na ditadura que o jornalismo de Economia se ampliou e ganhou força total. As limitações da cobertura política e o endeusamento do “milagre econômico” produziram uma supervalorização desse setor na grande imprensa. O colunista Celso Ming, do Estadão, reconhece que a combinação dos dois fatores foi crucial para o avanço da cobertura de Economia nos anos 1960/70, mas atribui um peso menor às restrições à cobertura política. Para ele, foi principalmente o comportamento da Economia que impôs essa evolução. Ming é um dos observadores privilegiados da trajetória do jornalismo de Economia no Brasil, com passagens por Folha, Exame e Jornal da Tarde, onde comandou a coluna Seu Dinheiro, criada em 1981 e que foi um divisor de águas na cobertura de serviços. Nos anos 1960, as seções de Economia, bastante restritas, funcionavam como porta-vozes dos recados de empresários e associações setoriais, as chamadas classes produtoras, acompanhavam um mercado financeiro incipiente, que se limitava ao crédito oficial. O “milagre brasileiro” tornou a Economia mais diversificada, trouxe as reformas bancária e tributária, a explosão das bolsas de valores e as novas aplicações financeiras. As classes médias e não mais as classes empresariais passaram a ser o alvo da cobertura. Em seguida a esse ciclo de crescimento, veio o longo ciclo da Celso Ming

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