Jornalistas&Cia 1461

Edição 1.461 página 5 Em uma demonstração de apoio e solidariedade entre os jornais, o Grupo Sinos, com sede em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, que não teve seu parque gráfico inundado, passou a imprimir desde 7 de maio milhares de exemplares de Zero Hora e do Pioneiro, ambos do Grupo RBS. “Por meio dessa parceria maravilhosa com o Grupo Sinos, estamos conseguindo distribuir os dois jornais parcialmente em locais onde as estradas não estão interrompidas”, diz Marta Gleich, diretora-executiva de Jornalismo e Esportes da RBS. “A aliança é fruto de uma antiga relação entre os fundadores das duas empresas, Mário Gusmão e Maurício Sirotsky Sobrinho, ressalta Fernando Gusmão, CEO do Grupo Sinos. “Nós tínhamos papel suficiente, e é claro que a gente ajuda. Tenho certeza que a recíproca seria a mesma. Vamos atender até onde for possível ao Grupo RBS”, afirma o executivo. “Para nós foi muito difícil não termos conseguido imprimir a edição do dia 6 de maio (uma segunda-feira). Foi a primeira vez nos 60 anos do jornal que ZH não saiu com sua edição impressa”, lamenta o publisher e membro do Conselho da RBS Nelson Sirotsky, ao lembrar que no dia anterior, domingo, ficou claro que era impossível acessar o maquinário para imprimir os jornais. Nelson Sirotsky agradeceu profundamente o apoio da família Gusmão, proprietária do Grupo Sinos, neste momento de crise. Outro jornal do Grupo RBS, o Diário Gaúcho, de venda avulsa, está produzindo apenas edições digitais. “Como muitos jornais gaúchos também estão enfrentando em suas operações as consequências das enchentes, as parcerias entre jornais e o apoio mútuo reforçam a insubstituível missão de levar informação correta à população e combater as fake news”, diz o presidente-executivo da ANJ, o jornalista Marcelo Rech. Além de enviar manifestações de solidariedade e noticiar a magnitude da catástrofe, jornais membros da ANJ de todo o Brasil têm oferecido apoio aos colegas do Rio Grande do Sul para manter suas operações. “O apoio dos demais associados, como no caso do Grupo Sinos para imprimir a Zero Hora e o Pioneiro, só reforça esse espírito inquebrantável dos jornais”, diz o presidente-executivo da ANJ, que vive em Porto Alegre e acompanha de perto o drama dos jornais e dos gaúchos. Radinho de pilha “A crise vivida pelo País durante a pandemia nos ensinou a atuar de forma eficaz mesmo em um ambiente que lembra a guerra, em qualquer lugar e com qualquer operação: TV, rádio, jornal e digital”, observa Marta Gleich, diretora de Jornalismo da RBS. “Nosso foco prioritário agora é a prestação de serviço”, acrescenta. Segundo a jornalista, todos os comunicadores do grupo, das áreas de jornalismo e de entretenimento, estão envolvidos na cobertura dos estragos causados pelas chuvas, desde 30 de abril. “Estamos indo aos locais atingidos de carro, helicóptero, de barco e até a pé”, conta a jornalista. Além disso, o conteúdo digital sobre as inundações e as edições em flip (formato editado tal qual o impresso, mas disponível apenas online) dos três jornais do grupo – Zero Hora (ZH), Pioneiro, com sede em Caxias do Sul, na Serra, e o popular Diário Gaúcho – estão liberados para não-assinantes enquanto durar a crise ambiental. A certeza de que o trabalho é bem feito vem das ruas mesmo, destaca Gleich. “O mais comovente são os retornos que a gente recebe de agradecimento pelas informações passadas para as pessoas sobreviverem a essa catástrofe”, diz. Segundo ela, o jornalismo da RBS tem chegado à audiência mesmo com vias interrompidas e áreas sem energia e internet. “Há casos de pessoas acompanhando nosso trabalho até mesmo por meio do radinho de pilha”, enfatiza. Gráficas inundadas A operação para que as notícias cheguem até as pessoas em um cenário de guerra é, de fato, complexa e cheia de desafios. As águas do Lago Guaíba subiram mais de um metro nos parques gráficos de ZH e do Diário Gaúcho, da RBS, localizado perto do Aeroporto Salgado Filho, e do centenário Correio do Povo, da Record, instalado na região conhecida como 4º Distrito, na Zona Norte da cidade. Como já havia ocorrido no Correio do Povo, com a progressiva subida das águas, a equipe da RBS teve de sair do prédio no bairro Azenha (Centro-sul de Porto Alegre, a um quilômetro do Lago Guaíba) e se instalou na estrutura onde a empresa mantém as operações da RBS TV, no morro Santa Tereza, longe das águas. A opção do Correio do Povo foi ficar, enquanto seu parque gráfico seguir inutilizado pelas águas, com as publicações no seu site e com a versão flip. “Além da impressão, a versão em papel exige uma logística de distribuição comprometida pela enorme dificuldade de circulação das pessoas”, observa o diretor de redação do jornal Correio do Povo, Telmo Flor. “Estamos comprometidos com o jornalismo e atentos às peculiaridades da inundação, que atinge a todos nós”, completa. Água chega à sede da RBS Marcelo Rech Exemplares do Correio do Povo boiam na sede do jornal Enchentes no RS

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