Jornalistas&Cia 1461

Edição 1.461 página 23 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) Em meio ao caos das enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, um herói improvável emerge: o rádio a pilha. Com o fornecimento de energia elétrica comprometido em diversas cidades, esses aparelhos simples tornaram-se a principal fonte de informação para milhares de pessoas isoladas nos restos de suas casas, nos abrigos ou em acampamentos nas beiras das estradas. Muitas cidades perderam toda a infraestrutura de comunicação, saneamento e energia. Desta forma, as redes de telefonia celular e fixa, e os sistemas de acesso à internet operam de forma precária. Nesse contexto, o rádio foi a única forma de ajudar a levar informações para a população ilhada e desabrigada. Também serviu para direcionar as equipes de socorro sobre quais regiões estavam mais necessitadas. Diante da situação, a Universidade de Santa Cruz do Sul, a 150 km da capital, iniciou uma campanha pedindo doações de pilhas e rádios a pilha. “Esses aparelhos são essenciais para levar informação às famílias isoladas no interior, que precisam saber para onde ir, onde estão seguras e, quando possível, enviar pedidos de socorro”, destaca o professor William Araujo, docente da instituição. A importância do rádio foi reforçada na manhã do sábado (11/5), quando a rádio de Faxinal do Soturno reuniu oito prefeitos da região e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, para um debate ao vivo. Em tempos de crise, como a que assistimos no Sul do Brasil, o rádio é o grande meio de comunicação que facilita a ajuda humanitária e serve de companhia para as equipes de socorro. Embora a internet e a televisão dominem o cenário da mídia brasileira, o rádio ainda ocupa um lugar de destaque, especialmente nas regiões menos urbanizadas. De acordo com dados do Kantar Ibope Media, em 2023 o rádio alcançava 82,7% da população brasileira, com um tempo médio de escuta de 2 horas e 22 minutos por dia. O rádio tornou-se uma ferramenta crucial para comunicação e informação. Sua simplicidade, acessibilidade e portabilidade tornam-no ideal para alcançar comunidades em áreas remotas e de difícil acesso, Rádio a pilha, o herói improvável onde outros meios de comunicação podem falhar. Outro primo mais velho, o rádio amador, também está servindo de apoio para as pessoas em diversas regiões do Estado. Radioamadores voluntários têm utilizado seus equipamentos para transmitir mensagens entre áreas isoladas e centros de comando, coordenando ações de resgate e fornecendo apoio emocional às vítimas da tragédia. E quem também veio no bloco da solidariedade foi o rádio em ondas curtas, formato muito utilizado na Segunda Grande Guerra. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) informa que o sinal de ondas curtas da Rádio Nacional ficará aberto para as emissoras interessadas (públicas, privadas, educativas ou comunitárias) veicularem sua programação voltada à população atingida pela tragédia na região Sul do País. Em tempos de crise, quando a infraestrutura tradicional e digital falha, o rádio ergue-se como um símbolo de esperança e resiliência. Sua capacidade de conectar comunidades, transmitir informações vitais e salvar vidas torna-o uma ferramenta essencial para o enfrentamento de desastres naturais e outras situações de emergência. O ressurgimento do rádio a pilha no Rio Grande do Sul serve como um lembrete da importância dessa mídia clássica em um mundo cada vez mais digitalizado e vulnerável a interrupções na comunicação. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. Edição 1.460 página 35 (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. que se submeter a essa preparação física. Ele introduziu isso e me chamou muito a atenção porque ele era muito dedicado, muito concentrado. Esse é apenas um registro dos muitos que eu tive a sorte, o privilégio de acompanhar na carreira do Ayrton Senna enquanto ele era piloto de Fórmula 1. Márcio Bernardes, apresentador e comentarista esportivo na Rádio Transamérica. Em 1º de maio de 1994 era apresentador e comentarista da equipe de esporte das Rádios Globo e CBN. “Lembro que naquele domingo eu tinha terminado de fazer uma corrida. Como na época eu treinava forte durante toda a semana, o domingo era um dia, assim, mais de lazer. A gente treinava logo cedo, 7 e pouco da manhã. Eu estava me preparando para sair de casa e ir trabalhar. Eu trabalhava na Rádio Globo e na CBN e ia fazer o jogo da tarde. Mas começou um buchicho e as pessoas se falavam, se telefonavam e a televisão não tinha a agilidade e a facilidade de links, satélites, essas coisas. Mas eu me lembro que especialmente a CBN, naquela época, transmitia Fórmula 1 e os nossos profissionais foram Castilho de Andrade, hoje falecido. Jorge de Souza. Era um time muito competente e que bastante conhecedor de Fórmula 1. E aí o pessoal começou a se movimentar e a informação cresceu. Acho que foi um jogo do Corinthians à tarde, no Pacaembu. Com a confirmação da morte dele, a torcida do Corinthians fez várias homenagens. Porque ele era fanático corintiano. Trouxeram uma réplica de uma estátua dele e faixas. Eu tive pouca convivência com ele. Cobri pouquíssimos grandes prêmios. Lembro uma vez em Interlagos, em que ele saiu do box da McLaren. Eu era repórter e eu estava desde manhã acompanhando os bastidores de Interlagos, entrevistando as personalidades, os VIPs que chegavam. Ele saiu pela parte de trás do box e eu chamei o Osmar Santos, que estava comandando a transmissão. Osmar: Senna passando por aqui. E o Senna? Tudo bem? Muito solícito, muito educado. Ele sempre foi muito cortês. Cruzei socialmente com ele em alguns eventos. Sem dúvida, foi uma perda irreparável. E de uma forma muito violenta, né?” Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. Márcio Bernardes Pág.1

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