Jornalistas&Cia 1461

Edição 1.461 - 15 a 21 de maio de 2024 Brand PR Quase submersa, imprensa gaúcha cumpre o seu papel J&Cia traz nesta edição um resumo da verdadeira batalha que a imprensa gaúcha tem enfrentado nas últimas duas semanas para seguir informando a população do Rio Grande do Sul com qualidade (pág. 2)

Edição 1.461 página 2 n Nas duas últimas semanas, em meio à tragédia que vive o Rio Grande do Sul, profissionais das mais diversas áreas têm se desdobrado para atender às necessidades de uma população atingida por um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. O jornalismo, em seu papel social de levar informações precisas e de qualidade, e de acompanhar e cobrar um trabalho efetivo das autoridades, também vem merecendo destaque especial neste processo. u Porém, conviver e acompanhar uma tragédia tão próxima como essa, na qual muitos jornalistas e empresas também estão entre os atingidos, tem seu preço. Conciliar o dever profissional com o lado humano, de quem está convivendo 24 horas por dia com a dor e o sofrimento, sejam próprios ou dos outros, tem levado muitos profissionais ao esgotamento físico e mental. u O jornal Zero Hora, em sua Carta da Editora, publicada em 3 de maio, trouxe alguns relatos de profissionais do Grupo RBS que estão atuando diariamente na cobertura das inundações. Os depoimentos reunidos pela editora de Opinião Diane Kuhn, reproduzidos a seguir, dão uma amostra do que tem sido esse desafio para os jornalistas gaúchos. Enchentes no RS A dor de cobrir a própria tragédia “Mais uma vez, foi preciso sair do estúdio, calçar as galochas e segurar a emoção para informar os gaúchos sobre uma tragédia climática. Agora, ainda pior… e, de novo, só buscar e transmitir notícias não bastou, foi preciso abraçar, consolar, dar forças e incentivar a fé em dias melhores.” – Cristina Ranzolin, apresentadora do Jornal do Almoço “Participar de uma cobertura como esta é estar próxima ao lado mais vulnerável do ser humano. Uma das coisas que mais me marcaram até agora foi o relato de uma mulher de São Vendelino que perdeu um filho e o marido soterrados. A angústia e o sofrimento eram nítidos, ao mesmo tempo que projetava um futuro incerto e a assistência aos outros três filhos.” – Alana Fernandes, repórter da Redação Integrada de Caxias do Sul “Impressionou-me o choro das pessoas. A prefeita de Sinimbu chorou enquanto eu a entrevistava. O mesmo aconteceu com uma agricultora que viu as vaquinhas, todas com nome, serem levadas pela água. As vítimas não sabem como recomeçar a vida, não veem perspectiva. É uma tristeza sem fim.” – Humberto Trezzi, repórter da Redação Integrada de Zero Hora, GZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho “Em Candelária, o que mais dói é ver o drama daqueles que não têm notícias de seus familiares, daqueles que permanecem de plantão no local onde pousa o helicóptero, esperando para que o resgate chegue até seus familiares. Uma cidade sitiada e clamando por ajuda, mas que encontra esperança na força do seu povo.” – Vítor Rosa, repórter da RBS TV “Às vezes tenho a sensação de que o tempo parou. Nada que veio antes e nada que ainda virá parecem fazer sentido. Estamos vivendo um minuto após o outro. Tudo muda a todo momento! Nesse momento de tanta dor, só nos resta não perder a esperança de que um dia isso tudo vai passar. E essa tragédia vai ficar para a história.” – Shirlei Paravisi, editora-chefe da RBS TV Serra “O pavor de ter testemunhado uma mulher sendo levada pelo Rio Pardo, a alegria de saber que ela se salvou, poder lhe dar um abraço depois e ver o empenho do trabalho de bombeiros voluntários, da comunidade e de autoridades foram as coisas que mais me marcaram nesta cobertura em Candelária.” – Paulo Rocha, repórter da Redação Integrada de Zero Hora, GZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho Cristina Ranzolin Alana Fernandes Humberto Trezzi Vitor Rosa Shirlei Paravisi Paulo Rocha

Edição 1.461 página 3 n O Sindicato dos Jornalistas do RS está fazendo um levantamento para mapear a situação dos jornalistas gaúchos em meio à calamidade que vive o Estado. Através de um formulário online, a entidade está mapeando os casos de profissionais que passam por dificuldades neste período, facilitando assim o repasse de eventuais recursos e doações. Para atender aos necessitados, o SindiJoRS lançou a campanha nacional SOS Jornalistas. Quem puder colaborar com qualquer quantia, basta fazer uma transferência através da chave PIX [email protected]. u Outro relato emocionante, este registrado ao vivo, foi do repórter Felipe Vieira, da Rádio Bandeirantes, que não conseguiu conter o choro ao relatar a abertura de um corredor humanitário para atender à população de Estrela, a 130 quilômetros de Porto Alegre: “Estão saindo um avião da GOL e um avião da Defesa Civil em São Paulo. Esses dois aviões vão descer em Caxias do Sul com alimentos, água, cobertores, colchões, medicamentos. Descem em Caxias, e está sendo aberto um corredor... (pausa com a voz embargada). Desculpem a emoção, mas é que a gente só ouve falar isso em guerra. Corredor humanitário. Está sendo aberto de Caxias até Estrela, no Vale do Taquari, porque não tem condições de acessar Estrela, que é um município a 130 quilômetros de Porto Alegre, estradas asfaltadas, duplicadas. As estradas estão interrompidas. Então a ajuda vai chegar via Caxias, em um corredor humanitário (nova pausa para choro). A gente se emociona, mas é desesperador...” n Não bastassem as dificuldades naturais que jornalistas estão enfrentando no dia a dia de suas atividades, outra tragédia, a da ignorância, também tem sido uma adversária ferrenha. A proliferação de informações falsas, que seguem se multiplicando nas plataformas sociais, mais uma vez colocam profissionais de imprensa como alvo e inimigos de uma parcela da população. Ironicamente, muitos desses casos têm sido compartilhados e incentivados nas redes sociais por políticos e autoridades, que deveriam estar ao lado da população neste momento tão sensível. u Em 8 de maio, o repórter Arildo Palermo, da RBS TV, afiliada da TV Globo no RS, foi hostilizado por moradores locais, em Porto Alegre, em meio à cobertura das enchentes. O jornalista mostrava uma tenda que oferecia atendimento médico quando um homem começou a ofender a equipe. “Vocês que são da Globo não prestam, desserviço da Globo. Mentira da mídia. Mentindo nessa televisão. Estão acusando a Record e o SBT de coisas que foram provadas”. u O manifestante se referia à informação de que caminhões que carregavam doações e que não dispunham de nota fiscal dos produtos estavam sendo multados por fiscais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o que foi desmentido pelo órgão. u O profissional tentou continuar a reportagem, porém foi interrompido novamente e precisou interromper a transmissão. “William Bonner, você não tem mais autoridade aqui em Porto Alegre”, disparou o manifestante. u Três dias mais tarde foi a vez do repórter Eduardo Paganella, também da RBS TV, ser hostilizado ao vivo. O jornalista tentava conversar com um voluntário em um abrigo na cidade de Canoas, quando foi interrompido por algumas pessoas que começaram a gritar “Globo lixo”. Paganella ainda tentou seguir com a transmissão, que na sequência precisou ser interrompida para que ele deixasse o local. “A gente vai organizar aqui melhor e daqui a pouco a gente volta a conversar com o pessoal que está um pouco incomodado com a situação”, declarou. Grupos Globo e RBS na mira da ignorância Arildo Palermo Eduardo Paganella SindiJoRS cria campanha nacional para ajudar jornalistas gaúchos Enchentes no RS

Edição 1.461 página 4 Habituados a cobrir tragédias, jornais do Rio Grande do Sul também se transformaram em notícia ao sofrerem os efeitos da maior catástrofe da história do Estado e, ao mesmo tempo, se desdobrarem para cumprir sua missão de levar informação às populações atingidas. Em comum, Zero Hora e Correio do Povo, os dois jornais de Porto Alegre mais atingidos, tiveram seus parques gráficos completamente alagados e abriram seus paywalls, liberando o acesso do público a um conteúdo jornalístico mais urgente e relevante do que nunca. Todos os jornais que seguem imprimindo, ainda que parcialmente, suas edições enfrentam enormes dificuldades de distribuição dos exemplares em razão da obstrução ou destruição de mais de 150 pontos nas rodovias gaúchas. Entre os jornais que integram a Associação Nacional de Jornais (ANJ) em Porto Alegre, o primeiro a ser atingido foi o Correio do Povo, instalado no histórico edifício Hudson, no centro da Capital, a cerca de 300 metros do Lago Guaíba. O prédio foi evacuado ainda no fim de semana passado, e as equipes do jornal passaram a atuar de forma remota, como ocorreu na pandemia, produzindo edições digitais abertas aos leitores. Os programas da Rádio Guaíba, localizada no mesmo prédio, passaram a ser transmitidos do prédio da TV Record, no Morro Santa Tereza. n A Associação de Jornalismo Digital fechou uma parceria com a Rory Peck Trust para oferecer apoio psicológico a jornalistas de suas associadas no Rio Grande do Sul. Em princípio, o acordo, que poderá ser ampliado, oferecerá o suporte de uma psicóloga brasileira que integra a rede da entidade ou apoio financeiro para continuar o tratamento com profissionais de fora da rede. Não há um valor fixo para o benefício, mas o auxílio financeiro cobre, em média, de 10 a 15 sessões de terapia. A inscrição deve ser feita online, em inglês ou espanhol. Ajor busca apoio psicológico para associadas Últimas n A Associação Riograndense de Imprensa e a Faculdades EST, de São Leopoldo, criaram uma Central de Jornalismo para profissionais trabalharem durante a cobertura das enchentes que assolam o Estado. O espaço oferece uma minirredação com estrutura, que inclui computadores, mesas, sala de reuniões, estúdio e acesso à internet. A sede, onde já estão abrigadas mais de 60 pessoas, também tem espaço para pouso de helicópteros. Para acessar a Central de Jornalismo é necessário entrar em contato com José Nunes (51-999493142) ou Magali Schmitt (5199972-3777) e informar nome, veículo e dados de identificação. n A Agência Lupa está disponibilizando conteúdos relacionados às enchentes que atingem o Rio Grande do Sul para republicação. Veículos associados à Associação de Jornalismo Digital (Ajor), à Associação Nacional de Jornais (ANJ), à Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e parceiros da Alright Media podem utilizar os materiais gratuitamente para levar informação para mais pessoas. n O Aos Fatos, site de fact-checking especializado no combate à desinformação, publicou material que denuncia anúncios falsos com pedidos de doações para as vítimas das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. Segundo a matéria, os golpes financeiros são impulsionados sem moderação nas redes da Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. Após a publicação da matéria, o Grupo Meta posicionou-se com uma nota em que afirma lamentar a tragédia e diz que está removendo conteúdos fraudulentos, que não são permitidos em seus serviços, assim que são identificados. Porém, os anúncios apontados por Aos Fatos, permaneceram no ar. Jornais gaúchos desdobram-se para manter operações Por Hélio Gama Neto, assessor de comunicação da ANJ Sede do Correio do Povo inundada Marcelo Rech Enchentes no RS Governo do RS monta gabinete de crise para atender à imprensa n Tânia Moreira, secretária de Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul, montou um gabinete de crise na sede da Secretaria, no Palácio Piratini, para atender às demandas da imprensa sobre as enchentes no Estado. Levou para lá jornalistas de outras secretarias, que vão administrar suas respectivas áreas, sob a coordenação geral de Carlos Ismael Moreira. u O gabinete foi dividido em oito áreas de atendimento, e estes são os responsáveis: − Álvaro Bittencourt: Estradas, portos e aeroportos − Sabrina Ribas e Marcelo Flach: Defesa Civil − Vanessa Trindade: Infraestrutura − Guga Stefanello: Saúde − Júlio Amaral: Segurança − Maria Emília Portella: Humanitária − Ângela Bortolotto: Centrais do Interior − Roberta Marques e Júlia Soares: Núcleo de Combate às Fake News u Além dessas áreas, o Departamento de Redes também recebeu reforços para a triagem de informações e a definição do material a ser publicado. A força-tarefa para checagem e contestação de fake news tem como função identificar, monitorar e apurar as informações. Quando a checagem é concluída, os conteúdos são disponibilizados para grupos com a imprensa e nos perfis oficiais do governo nas redes sociais. u Foi estabelecido um canal direto com a Meta, empresa detentora de Instagram, Facebook e WhatsApp, para avaliar e denunciar perfis que atuam na criação e amplificação de conteúdos falsos ou descontextualizados. A parceria tem como foco auxiliar no controle de publicações com dados incorretos que circulam desde o início das enchentes no Estado e prejudicam os trabalhos para minimizar a catástrofe.

Edição 1.461 página 5 Em uma demonstração de apoio e solidariedade entre os jornais, o Grupo Sinos, com sede em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, que não teve seu parque gráfico inundado, passou a imprimir desde 7 de maio milhares de exemplares de Zero Hora e do Pioneiro, ambos do Grupo RBS. “Por meio dessa parceria maravilhosa com o Grupo Sinos, estamos conseguindo distribuir os dois jornais parcialmente em locais onde as estradas não estão interrompidas”, diz Marta Gleich, diretora-executiva de Jornalismo e Esportes da RBS. “A aliança é fruto de uma antiga relação entre os fundadores das duas empresas, Mário Gusmão e Maurício Sirotsky Sobrinho, ressalta Fernando Gusmão, CEO do Grupo Sinos. “Nós tínhamos papel suficiente, e é claro que a gente ajuda. Tenho certeza que a recíproca seria a mesma. Vamos atender até onde for possível ao Grupo RBS”, afirma o executivo. “Para nós foi muito difícil não termos conseguido imprimir a edição do dia 6 de maio (uma segunda-feira). Foi a primeira vez nos 60 anos do jornal que ZH não saiu com sua edição impressa”, lamenta o publisher e membro do Conselho da RBS Nelson Sirotsky, ao lembrar que no dia anterior, domingo, ficou claro que era impossível acessar o maquinário para imprimir os jornais. Nelson Sirotsky agradeceu profundamente o apoio da família Gusmão, proprietária do Grupo Sinos, neste momento de crise. Outro jornal do Grupo RBS, o Diário Gaúcho, de venda avulsa, está produzindo apenas edições digitais. “Como muitos jornais gaúchos também estão enfrentando em suas operações as consequências das enchentes, as parcerias entre jornais e o apoio mútuo reforçam a insubstituível missão de levar informação correta à população e combater as fake news”, diz o presidente-executivo da ANJ, o jornalista Marcelo Rech. Além de enviar manifestações de solidariedade e noticiar a magnitude da catástrofe, jornais membros da ANJ de todo o Brasil têm oferecido apoio aos colegas do Rio Grande do Sul para manter suas operações. “O apoio dos demais associados, como no caso do Grupo Sinos para imprimir a Zero Hora e o Pioneiro, só reforça esse espírito inquebrantável dos jornais”, diz o presidente-executivo da ANJ, que vive em Porto Alegre e acompanha de perto o drama dos jornais e dos gaúchos. Radinho de pilha “A crise vivida pelo País durante a pandemia nos ensinou a atuar de forma eficaz mesmo em um ambiente que lembra a guerra, em qualquer lugar e com qualquer operação: TV, rádio, jornal e digital”, observa Marta Gleich, diretora de Jornalismo da RBS. “Nosso foco prioritário agora é a prestação de serviço”, acrescenta. Segundo a jornalista, todos os comunicadores do grupo, das áreas de jornalismo e de entretenimento, estão envolvidos na cobertura dos estragos causados pelas chuvas, desde 30 de abril. “Estamos indo aos locais atingidos de carro, helicóptero, de barco e até a pé”, conta a jornalista. Além disso, o conteúdo digital sobre as inundações e as edições em flip (formato editado tal qual o impresso, mas disponível apenas online) dos três jornais do grupo – Zero Hora (ZH), Pioneiro, com sede em Caxias do Sul, na Serra, e o popular Diário Gaúcho – estão liberados para não-assinantes enquanto durar a crise ambiental. A certeza de que o trabalho é bem feito vem das ruas mesmo, destaca Gleich. “O mais comovente são os retornos que a gente recebe de agradecimento pelas informações passadas para as pessoas sobreviverem a essa catástrofe”, diz. Segundo ela, o jornalismo da RBS tem chegado à audiência mesmo com vias interrompidas e áreas sem energia e internet. “Há casos de pessoas acompanhando nosso trabalho até mesmo por meio do radinho de pilha”, enfatiza. Gráficas inundadas A operação para que as notícias cheguem até as pessoas em um cenário de guerra é, de fato, complexa e cheia de desafios. As águas do Lago Guaíba subiram mais de um metro nos parques gráficos de ZH e do Diário Gaúcho, da RBS, localizado perto do Aeroporto Salgado Filho, e do centenário Correio do Povo, da Record, instalado na região conhecida como 4º Distrito, na Zona Norte da cidade. Como já havia ocorrido no Correio do Povo, com a progressiva subida das águas, a equipe da RBS teve de sair do prédio no bairro Azenha (Centro-sul de Porto Alegre, a um quilômetro do Lago Guaíba) e se instalou na estrutura onde a empresa mantém as operações da RBS TV, no morro Santa Tereza, longe das águas. A opção do Correio do Povo foi ficar, enquanto seu parque gráfico seguir inutilizado pelas águas, com as publicações no seu site e com a versão flip. “Além da impressão, a versão em papel exige uma logística de distribuição comprometida pela enorme dificuldade de circulação das pessoas”, observa o diretor de redação do jornal Correio do Povo, Telmo Flor. “Estamos comprometidos com o jornalismo e atentos às peculiaridades da inundação, que atinge a todos nós”, completa. Água chega à sede da RBS Marcelo Rech Exemplares do Correio do Povo boiam na sede do jornal Enchentes no RS

Edição 1.461 página 6 Utilidade pública No árduo trabalho em ambiente tão inóspito, repórteres, fotógrafos e cinegrafistas têm enfrentado perigos e dificuldades enormes para se locomoverem, transformando as adversidades em conteúdo jornalístico de alta qualidade. “Desde o início da catástrofe, na produção em tempo real, nossas equipes não medem esforços para levar a notícia ao nosso público, como é o caso de um repórter nosso que acompanhou um resgate por helicóptero”, diz Fernando Gusmão, do Grupo Sinos. Segundo ele, são cerca de 60 jornalistas atuando diretamente na cobertura da crise voltada para um público que reúne moradores de três cidades da Grande Porto Alegre – São Leopoldo, Novo Hamburgo e Canoas –, além de Gramado, na Serra gaúcha. Todas essas regiões foram prejudicadas pelas inundações, sobretudo Canoas e São Leopoldo, e em tempos de normalidade contam com edições diárias impressas e específicas para cada município, os jornais NH, VS e Diário de Canoas (DC), além do semanário Jornal de Gramado. Agora, diante da crise climática, o Grupo Sinos vem publicando diariamente uma compacta edição impressa e digital conjunta do ABC, título do jornal de fim de semana da empresa dirigido ao Vale do Rio dos Sinos. “Nos adequamos à logística imposta pela crise, com muita dificuldade de circulação em algumas áreas”, afirma Gusmão. “Estamos em um regime de mutirão, de plantão permanente, com programação ampliada no rádio, e um reforço na publicação de conteúdos no digital, inclusive redes sociais”, diz o diretor de redação do Grupo Sinos, Igor Müller. “Isso tudo para justamente agilizar a nossa função de informação, uma pegada de utilidade pública, de urgência”, completa. Faro jornalístico No Correio do Povo, o experiente e premiado fotógrafo Ricardo Giusti e o jornalista Cristiano Abreu foram escalados, ainda no fim de abril, para reportar de Santa Maria, a cerca e 300 quilômetros de Porto Alegre, que receberia a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No trajeto foram documentando os estragos causados em várias cidades e tiveram de dormir no carro antes de fazer um enorme contorno para conseguir acessar Santa Maria, conforme conta o em detalhes o jornalista Felippe Aníbal na revista piauí. No retorno a Porto Alegre, viajando por mais dias do que o planejado, a equipe do Correio do Povo conseguiu chegar a Guaíba, na região metropolitana, conta Telmo Flor. Mas não foi possível ir adiante por causa das estradas interrompidas. O faro jornalístico, porém, continuava aguçado. Ao saber que a situação de Eldorado do Sul, bem próximo a Guaíba, era dramática, Giusti pegou carona em um caminhão do Exército e conseguiu registrar o que, segundo ele, era uma cena típica de conflitos armados. “Aquela coisa de refugiados, que a gente vê na Europa”, diz ele em entrevista à piauí. Apoio psicológico Os profissionais de comunicação exercem com zelo a função de garantir o direito à informação, mas sofrem como qualquer outra pessoa diante de fatos tão trágicos como os registrados agora no Rio Grande do Sul. “Essa é uma cobertura muito difícil, muito dura, dolorosa, que exige muito de todos nós”, afirma Igor Müller, do Grupo Sinos. Além disso, comunicadores que moram no Estado estão enfrentando o mesmo drama do restante dos gaúchos. Experimentam as dificuldades de locomoção e com a falta de luz e água. Muitos tiveram de sair de suas casas. Alguns perderam boa parte do seu patrimônio. “A gente está sentindo coisas muito parecidas com o que experimenta a população”, diz Müller. “O pessoal da linha de frente retorna muito abalado, como em uma guerra”, volta a comparar Marta Gleich, do Grupo RBS. Por isso, a empresa mantém um time de psicólogos nas redações e em campo, ajudando a manter a saúde mental dos profissionais. Desinformação Novamente como nas guerras, a verdade também tem sido duramente desgastada durante a crise climática no Sul do país. Repetindo um fenômeno global, a mentira vem sendo espalhada nas redes sociais. “Depois de alguns dias concentrados em informações mais urgentes, como a possibilidade de rompimento de diques, estamos agora nos dedicando a combater boatos que servem apenas para tumultuar o já complicado atendimento às vítimas”, afirma Müller. Segundo Gleich, os veículos da RBS também têm feito um rigoroso processo de checagem de todo o material produzido por seus repórteres. Além disso, o grupo aumentou a quantidade de publicações e vinhetas que separam a verdade da mentira, com produção própria e com material da agência de checagens Lupa. “No combate à desinformação, cresce a relevância, a essencialidade do jornalismo”, diz a jornalista, que ainda lembra: “as edições dos jornais são um documento histórico do que estamos enfrentando”. Enchentes no RS Parceiro: Apoio: De Londres e de São Paulo, notícias, ideias e tendências em jornalismo, informação, desinformação e plataformas digitais Oferecimento (MediaTalks Partner):

Edição 1.461 página 7 Últimas n O jornalista esportivo Antero Greco, da ESPN, está internado em uma unidade semi-intensiva do Hospital BP Mirante, em São Paulo, por causa de um tumor cerebral diagnosticado em junho de 2022. Segundo boletim médico enviado pelo hospital à imprensa, o quadro de Greco é “estável e delicado”. No sábado (11/5), Paulo Soares, o Amigão, companheiro de bancada de Greco na ESPN, abordou o estado dele em texto publicado na coluna de Juca Kfouri no UOL. Segundo Soares, Greco “está em seus dias finais”. u “Amigos, infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, escreveu. “Está no Mirante da Beneficência Portuguesa. Dorme um sono profundo, sereno. Não acorda e não fala mais. Se alimenta por sonda. Sinais vitais ainda respondem bem. Família presente, apenas Cris, que vive em Paris, ainda não está. Chega na terça. Hoje fui com Alex Tseng, João Simões e Roberto Salim, me despedir dele. Muito triste e dificil. Imaginávamos ainda voltar à bancada do SportsCenter. Nosso sonho acabou”. u Soares e Greco tornaram-se muito amigos e formaram durante anos uma das duplas mais icônicas da ESPN no comando do programa SportsCenter, com uma apresentação mais leve e descontraída. Greco completou recentemente 30 anos na emissora. Antes, trabalhou como chefe de reportagem, repórter especial e editor assistente no Estadão e na Agência Estado, sempre focado na cobertura esportiva. Passou também por Diário Popular, Popular da Tarde e Folha de S.Paulo. Trabalhou ainda na Bandeirantes, em transmissões do Campeonato Italiano, na década de 1980. Chegou à ESPN em 1994. Fez parte da primeira equipe de transmissão da emissora, ao lado de nomes como o narrador Nivaldo Prieto e os repórteres Paulo Calçade e Gilvan Ribeiro. Antero Greco está internado com quadro “estável e delicado”, diz hospital Instagram Antero Greco

Edição 1.461 página 8 n Silvio Luiz está intubado e em coma induzido no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O narrador, que foi hospitalizado em 8/5, sofreu um derrame no mês passado durante transmissão do jogo entre Palmeiras e Santos, na final do Campeonato Paulista. Ele chegou a ir ao hospital, e apresentou melhora, mas nos últimos dias teve problemas renais e teve que ser hospitalizado novamente. u Os médicos colocaram Luiz em coma induzido devido a um problema nos rins, segundo pessoas próximas. Não é possível fazer hemodiálise pois Luiz já está em idade avançada. O narrador completa 90 anos em julho. Silvio Luiz está intubado e em coma induzido n A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Fundação para a Liberdade de Imprensa (Flip) lançaram um relatório sobre os desafios enfrentados por jornalistas na cobertura das florestas amazônicas do Brasil e da Colômbia. u O estudo O papel do jornalismo na defesa da Amazônia: uma análise comparativa do Brasil e da Colômbia foi dividido em duas seções, uma dedicada à Amazônia brasileira e outra à colombiana, visando identificar os obstáculos específicos de cada região. Entre eles narcotráfico, mineração e tráfico de armas, que permeiam os dois territórios, ameaçam o equilíbrio e silenciam os jornalistas. u Segundo a análise mais recente da Global Witness, divulgada em 2023, dos 177 assassinatos de líderes ambientais registrados em todo o mundo em 2022, 60 aconteceram na Colômbia e 34 no Brasil. Desses casos, 36% envolviam membros de comunidades indígenas. u Nesse cenário, os dois países lideram em número de mortes. Diante disso, a análise examina as condições que influenciam a liberdade de imprensa de ambas as regiões, destacando a importância do jornalismo na produção de informações de interesse público. Em abril, o Instituto Vladimir Herzog também publicou um relatório analisando a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência sofrida por comunicadores na Amazônia. u A Abraji e a Flip ressaltam que o objetivo do projeto não é impor um único ponto de vista sobre a situação no bioma, mas reconhecer suas nuances e debater maneiras de proteger os locais, os profissionais e garantir o acesso à informação para os cidadãos. u Confira o estudo aqui. Abraji e Flip lançam relatório sobre os obstáculos do jornalismo na Amazônia Silvio Luiz A família +Admirados da Imprensa cresceu Quer saber mais? Vinicius Ribeiro – (11) 9.9244.6655 conitnuação - Últimas

Edição 1.461 página 9 EM AÇÃO A Rede JP é uma rede de jornalistas negros, indígenas e periféricos do Brasil e do exterior focados em tornar a comunicação social mais diversa e representativa em toda a sua estrutura. Atuamos com os pilares de representatividade, educação e oportunidade. Conheça o nosso banco de talentos e acesse as nossas redes: @RedeJP | Linktree. Construir vínculos e inspirar as pessoas: é para isso que existimos. Faça parte da nossa rede: [email protected] R E D E Esta coluna é de responsabilidade da Jornalistas Pretos – Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação Nataly Castro, jornalista da zona norte de São Paulo, está desafiando fronteiras culturais e raciais por meio de seu jornalismo de viagem. Sua carreira, repleta de conquistas e superações, reflete o papel crucial do jornalismo na promoção da diversidade e equidade. Em entrevista à Rede JP, Nataly compartilhou suas experiências e reflexões sobre representatividade e jornalismo. Ela lidera um projeto de bolsas de intercâmbio para jovens de baixa renda, enquanto compartilha suas viagens no Instagram. Apesar de evitar abordar questões raciais em suas postagens, Nataly promove diversidade e equidade, enfrentando desafios, como episódios de racismo vivenciados durante suas viagens. Ela destaca a falta de investimento no jornalismo negro no Brasil e a necessidade de criar mídias independentes para ampliar a representatividade. Nataly Castro emerge como uma voz poderosa na luta pela diversidade e equidade no jornalismo brasileiro, inspirando outros a seguirem seus passos. Confira a entrevista! Nataly Castro Jornalista brasileira quebra barreiras culturais e raciais com jornalismo de viagem

Edição 1.461 página 10 De Londres, Luciana Gurgel Para receber as notícias de MediaTalks em sua caixa postal ou se deixou de receber nossos comunicados, envie-nos um e-mail para incluir ou reativar seu endereço. Uma nova pesquisa feita nos EUA pelo Pew Research Center confirmou duas tendências que preocupam o jornalismo: o enfraquecimento da imprensa local e o desaparecimento da mídia impressa. Um dos aspectos interessantes desse estudo é a diferença entre o que os entrevistados relatam como sendo importante para eles e o que fazem na prática. A grande maioria dos adultos (85%) afirma que os meios locais são importantes para o bem-estar da comunidade, enquanto 44% afirmam que é extremamente ou muito importante. Só que os mesmos que dão valor ao jornalismo local preferem acessar notícias sem pagar. Apenas 15% dos entrevistados afirmaram ter pago por notícias locais no último ano, apesar de acharem que a imprensa da região está fazendo um bom trabalho. A percepção de que os jornalistas estão em contato com as pessoas que vivem na comunidade até aumentou. Quase sete em cada dez adultos norte-americanos ouvidos pelo Pew afirmam que os jornalistas locais na sua área estão em contato com a sua comunidade, contra 63% que tinham essa percepção em 2018. Os entrevistados destacam quatro aspectos positivos da cobertura local: a precisão das notícias (71%), a atenção aos fatos importantes (68%), a transparência (63%) e o escrutínio sobre autoridades da região (61%), longe do radar de veículos nacionais. Até os que se declaram eleitores do Partido Republicano, inclinados a demonstrar opiniões mais desfavoráveis sobre a imprensa tradicional, disseram-se confiantes na precisão do jornalismo local: 66% deles pensam assim. Esse valor ficou evidente na edição 2024 do Prêmio Pulitzer, em que veículos regionais e nativos digitais derrotaram Jornalismo local: muitos gostam, mas poucos pagam por ele, mostra pesquisa grandes organizações de mídia em categorias importantes. No entanto, esses vencedores são gotas d’água em um oceano de cortes de vagas, suspensão de impressos e fechamento total de veículos, provocando o que ficou consagrado como “desertos de notícias”. A culpa da crise pode ser atribuída em parte justamente à pouca disposição do púbico de pagar pelo conteúdo, aliada ao declínio de interesse nos formatos tradicionais. A pesquisa do Pew constatou que os americanos são agora mais propensos receber notícias locais online, seja em sites de notícias (26%) ou redes sociais (23%). Ambos os números aumentaram em relação a 2018. E menos pessoas dizem agora que preferem se informar por um aparelho de TV (32%), em comparação a 41% que disseram o mesmo há seis anos. Entretanto, as TVs não saem totalmente perdendo, pois parte da audiência que migra para seus canais digitais. Já o papel não migra. Os impressos declinaram de 13% para 9%, e sua audiência geral também, incluindo suas versões digitais. Um terço dos americanos afirma que pelo menos às vezes recebe notícias locais de um jornal diário, seja por via impressa, online ou pelos canais oficiais nas redes – uma queda de 10 pontos em relação a 2018. A parcela dos que se informam localmente por jornais está no mesmo nível da taxa dos que recebem notícias locais de agências governamentais locais (35%) ou boletins informativos locais (31%). Já as redes sociais não têm do que reclamar. Grupos do Facebook ou o aplicativo Nextdoor são os preferidos: 52% dos adultos nos EUA dizem que recebem notícias locais desses fóruns, um aumento de 14 pontos em relação a 2018. Segundo o Pew, ao serem perguntados por que não pagam por notícias, a resposta dos entrevistados foi óbvia: a oferta de conteúdo gratuito em sites ou nas redes. Na conta das perdas da imprensa local entra também a evasão do noticiário. A taxa dos que acompanham notícias locais muito de perto nos EUA passou de 37% para 22% desde 2016, ainda que a maioria dos entrevistados (66%) tenha dito que acompanha pelo menos um pouco o que acontece na região. Se serve de consolo, o percentual está em linha com o desinteresse dos americanos sobre notícias nacionais e internacionais, lembrando que o problema da imprensa vai além do declínio da mídia local. https://outraspalavras.net/outrasmidias/a-funcao-politica-do-jornalismo-local/

Edição 1.461 página 11 conitnuação - MediaTalks HÁ 10 ANOS APERFEIÇOANDO O MERCADO DE COMUNICAÇÃO VOCÊ TEM QUE ESTAR AQUI! A MAIOR FERRAMENTA DE ENVIO DE RELEASES DO BRASIL! MAIS DE 55 MIL JORNALISTAS NO MAILING DE IMPRENSA! O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO PARA CONTRATAR? Livre? − Um dia após a data marcada para a libertação da jornalista chinesa Zhang Zhan, condenada a quatro anos de cadeia por transmitir notícias dramáticas sobre os primeiros dias da Covid em Whuan, seu paradeiro é desconhecido e não houve sequer confirmação oficial de que ela tenha sido solta. Advogada, ela se tornou jornalista-cidadã motivada pela crise do coronavírus, deixando Shangai, onde vivia, para fazer a cobertura dos acontecimentos na cidade que foi o epicentro da pandemia, usando as redes sociais. Apesar de protestos internacionais, Zhang Zhan foi condenada em dezembro de 2020 pelo crime de “fomentar discórdia e causar problemas”, fez greves de fome na prisão e sua saúde deteriorou- -se gravemente. Mas os apelos pela sua libertação antes do fim da pena, em 12 de maio, não foram atendidos pelo governo da China. Sentir na pele − Uma pesquisa feita pelo Centro de Políticas Públicas da escola de comunicação Annenberg, da Universidade da Pensilvânia, constatou que a exposição direta a condições meteorológicas severas – como a tragédia no Rio Grande do Sul – está diretamente associada ao apoio a políticas que abordam os efeitos do aquecimento global, desafiando até visões partidárias. O estudo feito pela Annenberg, divulgado na abertura da conferência anual da Sociedade de Jornalistas Ambientais, envolveu mais de 1,5 mil adultos nos EUA, e não deixa dúvidas sobre a percepção de que algo mudou no clima até mesmo entre os menos inclinados a acreditar nisso – um passo adiante em comparação ao passado em que mais gente se recusava a admitir as alterações. Embora seja positivo constatar que o negacionismo pode ser revertido por experiências pessoais, o resultado do estudo é um sinal dos efeitos das fake news nas redes sociais e da desinformação climática propagada por veículos de imprensa de orientação negacionista, como a americana Fox News. Vencedores do Pulitzer − Os vencedores do Prêmio Pulitzer 2024, que desde 1917 reconhece anualmente os melhores trabalhos jornalísticos e literários dos EUA, foram divulgados pela Universidade Columbia, em Nova York. Embora seja restrito a jornalistas e veículos americanos, o prêmio sempre foi uma referência para o jornalismo internacional, por homenagear o trabalho de grandes organizações de mídia com alcance global. O Washington Post e o New York Time ganharam três Pulitzers cada este ano. Mas houve também organizações menores e inteiramente digitais que ficaram entre os três finalistas ou venceram em categorias importantes, como o californiano Lockout Santa Cruz e o Invisible Institute, de Chicago. Ordem de boicote − Depois de uma onda de atos de intimidação e até de violência cometidos contra jornalistas de um canal iraniano baseado em Londres considerado subversivo pelo regime, uma rede independente de notícias sobre o Afeganistão também com sede na capital britânica e operada pela mesma empresa virou alvo do governo Talibã. A Comissão de Reclamações de Meios de Comunicação e Violações de Direitos do Talibã, que governa o Afeganistão desde 2021, publicou no dia 8 de maio uma resolução proibindo jornalistas, analistas e especialistas de participarem de debates ou cooperarem com a rede de TV e rádio Afghanistan Internacional, baseada em Londres. A Comissão determinou aos cidadãos que boicotassem a rede e proibiu as pessoas de fornecerem recursos para a transmissão do canal em locais públicos dentro do país. “Agente estrangeiro” − Um projeto de lei visto como inspirado nas práticas de censura à imprensa e à liberdade de expressão adotadas pela Rússia de Vladimir Putin levou desde domingo (12/5) milhares de pessoas às ruas em Tbilisi, capital da Geórgia, em protestos contra medidas que podem adiar os planos de a ex-república soviética entrar para a União Europeia. Aprovada pelo Parlamento nessa terça-feira (14), a lei dos “agentes estrangeiros” exigirá que organizações que recebem mais de 20% do seu financiamento de fora do país registrem-se como “agentes de influência estrangeira”, medida que afeta diretamente ONGs e veículos de imprensa independentes que contam com apoio de fundações, assinantes ou doadores de fora do país. Lei semelhante existente na Rússia desde 2012, antes da guerra com a Ucrânia, tem sido largamente utilizada para exterminar a imprensa independente do país, não poupando sequer Dmitry Muratov. o jornalista vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2021. Esta semana em MediaTalks

Edição 1.461 página 12 Como vimos, os números demonstram que tanto os jornalistas quanto o mercado receberam muito bem a iniciativa. E, da nossa parte, não envidaremos esforços para surpreender a audiência. “A premiação que confirma o trabalho de jornalistas negros(as) e mídias negras em um país onde o racismo estrutural tem raízes profundas é muito mais do que apenas uma celebração de conquistas individuais”, diz Oscar Luiz, publisher do portal Neo Mondo. “Ela carrega consigo um significado simbólico que transcende o mundo do jornalismo e alcança o cerne da luta por igualdade e justiça racial. Em um contexto onde o racismo sistêmico permeia todos os aspectos da sociedade, incluindo a mídia, a consideração e a celebração de jornalistas negros(as) e mídias negras é uma forma poderosa de desafiar e questionar o status quo. Essa premiação não apenas destaca o talento e a dedicação desses profissionais, mas também confronta a narrativa dominante que muitas vezes marginaliza as vozes e perspectivas da comunidade negra”. Só com essa maior diversidade é que o jornalismo conseguirá ser também diverso em suas pautas, em suas equipes e em seu olhar da sociedade. Já podemos adiantar que, graças à parceria com a consultoria GSS Carbono, do Paraná, vamos mitigar todas as emissões geradas nas diversas etapas do Prêmio, tornando-o um evento carbono zero. Esperamos encontrá-los novamente em novembro! Celebrar a diversidade e a valorosa contribuição de homens e mulheres negras é sempre importante. Aliás, é vital. Afinal, apesar de este contingente representar cerca de 55% da população brasileira (segundo dados do IBGE), seu trabalho e sua trajetória nem sempre receberam o devido reconhecimento e valorização. Foi com este espírito que nasceu em 2023 o Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, iniciativa conjunta da newsletter Jornalistas&Cia, do portal Neo Mondo, do site 1 Papo Reto e da Rede de Jornalistas Pretos Pela Diversidade na Comunicação (Rede JP). Fazemos hoje (15/5/2024) o lançamento simbólico da edição 2024 do Prêmio + Admirados Jornalistas Negros e Negras da Imprensa Brasileira, cuja mecânica obedecerá ao mesmo ritual já consagrado em todas as iniciativas de Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas. Avançar nesta iniciativa sempre foi nosso desejo e o maior desafio. Afinal, sabemos que a perenidade não é uma característica marcante dos projetos comandados ou direcionados aos afro-brasileiros. Boa parte dos prêmios e homenagens surgem e se apagam rapidamente, por falta de patrocínio ou apoio institucional. Sabemos que para estes brasileiros a jornada é sempre mais difícil. Contudo, o sucesso obtido já na primeira edição do Prêmio nos enche de esperança e nos alimenta da força para seguir adiante. “Desde o início, observamos uma forte adesão tanto dos participantes quanto do público jornalístico, evidenciando a demanda significativa e a lacuna a ser preenchida no cenário”, diz Marcelle Chagas, coordenadora da Rede JP. “Para a segunda edição, nosso objetivo é garantir que consigamos manter a mesma beleza e impacto, de forma sustentável, como alcançamos na primeira edição. Ao longo da história, muitos prêmios semelhantes enfrentaram desafios de sustentabilidade devido à falta de apoio das grandes empresas, destacando a difícil realidade que os projetos destinados a destacar figuras negras enfrentam. Estamos comprometidos em superar esses obstáculos e continuar valorizando e reconhecendo a excelência dentro dessa comunidade”. O empenho dos realizadores está amparado em valores institucionais e no compromisso com a luta antirracista, como destaca Eduardo Ribeiro, diretor de Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas: “Desde 2021, quando tivemos a oportunidade de realizar o Censo Racial da Imprensa Brasileira, que constatou com evidências tudo aquilo que já intuíamos sobre a presença dos negros nas redações jornalísticas do País (ampla minoria), tínhamos a ideia de fazer uma ação ainda mais propositiva de realçar e valorizar a presença dos jornalistas negros e negras na imprensa brasileira”. Eduardo conta que esse foi um dos mais concorridos prêmios organizados por Jornalistas&Cia/Portal dos Jornalistas, desde 2014, quando as premiações começaram a ser realizadas. Outro dado que merece destaque é que as mulheres ocuparam a dianteira em todas as categorias. Para chegar aos 117 jornalistas classificados, foi indicado um total de 347 profissionais. Entre os finalistas, a predominância foi das mulheres, com 73 classificadas. O Sudeste foi a região com maior número de representantes no geral, 84, seguido de Centro-Oeste (13), Nordeste (10), Sul (6) e Norte (4). Já entre os profissionais de imagem, foram 107 indicações para chegar aos 15 mais bem classificados. Na eleição dos veículos, foram lembradas 194 publicações diferentes na soma das duas categorias: mídia geral e mídia fundada ou comandada por afro-empreendedores. Foi dada a largada para a edição 2024 dos +Admirados Jornalistas Negros e Negras Flagrantes do Prêmio em 2023: Eduardo Ribeiro, Oscar Luiz, a grafiteira Sheila Raiana, Marcelle Chagas e Rosenildo Ferreira Homenageados Confraternização Fabio Risnik

Edição 1.461 página 13 Anuário da Comunicação Corporativa Foi lançada nesta quarta-feira (15/5), no programa Comunicação S/A, da Mega Brasil, ancorado por Marco Rossi, a versão digital do Anuário da Comunicação Corporativa, com 354 páginas e o apoio de perto de 80 organizações. Com ela o mercado celebra um feito histórico: pela primeira vez na história o segmento das agências de comunicação atingiu faturamento anual de1 bilhão de dólares. Em reais, as receitas de 2023 superaram os R$ 5,1 bilhões, com um crescimento nominal de 4,45% sobre 2022, desempenho ligeiramente abaixo da inflação oficial medida pelo IPCA, que foi de 4,62% no período. Outro feito do setor deu-se na empregabilidade: as agências fecharam 2023 com praticamente 20 mil colaboradores diretos, atingindo também aí um patamar inédito na história da atividade. Apoiada institucionalmente por Aberje e Abracom − entidades que, inclusive, assinam os editoriais ao lado dos editores −, a publicação reúne oito reportagens especiais: • Emergência socioambiental - COP30 já começou • Diversidade racial - O caminho é longo • Olhar comunitário - O ‘S’ do ESG • Fairplay em baixa - As concorrências multiplicam-se e desafiam o bom senso • Imprensa e RP - Bora lá fazer essa pauta? • Convergências e divergências - Relações públicas e marketing digital: unir para conquistar • A força do engajamento - Diz-me quem segues e eu te direi quem és • Desembarque programado - Expatriado sem romantismo A reportagens são assinadas por Carlos Henrique Carvalho, Cristina Vaz de Carvalho, Fernando Soares, Lena Miessva, Martha Funke, Maysa Penna, Renato Acciarto e Rosenildo Ferreira. Adriana Teixeira, editora executiva, completa o time de profissionais convidados, que atuaram ao lado dos diretores da Mega Brasil Célia Radzvilaviez, Eduardo Ribeiro e Marco Rossi. Informação é da edição 2024 do Anuário da Comunicação Corporativa, lançada nesta quarta-feira (15/5) em versão digital Agências de comunicação chegam ao seu primeiro bilhão de dólares e aos 20 mil empregos diretos Ranking das Agências – quatro grupos superam os nove dígitos O Ranking das Agências de Comunicação contou com a participação de 124 agências, 54 delas no segmento das grandes e médias e 70, no das agências-butique. A exemplo do ano anterior, quatro grupos superaram a marca dos R$ 100 milhões de faturamento, sendo que a agência líder pela primeira vez na história rompe o patamar dos R$ 500 milhões de receita. Assessoria de imprensa continua o carro-chefe da atividade Contando com a participação de 211 agências, a Pesquisa Mega Brasil, coordenada pelo Instituto Corda – Rede de Projetos e Pesquisas, sob a supervisão do diretor Maurício Bandeira, traz novamente uma série de indicadores setoriais que contribuem para jogar luzes na atividade da comunicação corporativa brasileira. Entre os produtos mais comercializados pelas agências no mercado, o mais antigo, Relacionamento com a mídia, contou com 77,7% de citações. Curiosamente, ele convive com um dos mais novos, Gestão de redes sociais, que foi o segundo, citado por 45% das agências. Corrobora esse resultado a indicação das três principais áreas em que foram feitas inovações em 2023: Redes Sociais, Mídias Sociais (54,9%), Produção de Conteúdo (52,5%) e Mídia Digital, Marketing Digital (48,8%). Sobre os colaboradores: presença dos negros ainda não chega a 30% As mulheres mantêm participação amplamente majoritária na composição da força de trabalho das agências no País, com 71,5% do total de empregados nelas. Na segmentação por raça/etnia, mulheres brancas predominam, com 50% de participação, seguidas por homens brancos, com 21,3%.

Edição 1.461 página 14 Menos de 30% das vagas de trabalho no setor são ocupadas por pessoas pretas ou pardas, que são maioria na população brasileira. Jornalismo é a formação predominante entre os profissionais atuantes nas agências de comunicação corporativa, com 45,3% dos funcionários, sendo este, porém, o menor índice relativo já detectado na série histórica. Relações Públicas, com 11,2%, e Publicitários/Marketing, com 10,5%, são as duas formações que vêm a seguir. Inteligência artificial chega quase como um tsunami no setor Com apenas um ano de intervalo, a presença da inteligência artificial (IA) explodiu no segmento das agências de comunicação e o Anuário retrata de forma excepcional essa transformação − seja nos indicadores da Pesquisa, em que o tema já se mostra como um dos mais influentes na operação do dia a dia e no planejamento das agências, seja nos depoimentos e entrevistas, que acentuam a preocupação e os investimentos que já foram e continuarão a ser realizados com vistas a aprimorar, agilizar e melhorar a produtividade dessa cadeia. Para se ter uma ideia, dentre as tendências tecnológicas e/ou de negócios mais influentes no setor, a IA liderou a Pesquisa, com 73,9% de citações entre os entrevistados. As outras três indicações mais citadas foram Marketing de influência/Uso de redes sociais, com 36%; ESG/Pautas de sustentabilidade, com 28,9%; e BI/Análise de dados/ Analytics/Big Data, com 25,1%. Esses resultados apontam para um setor que se mantém atualizado e participando do desenvolvimento de novíssimas tecnologias. Confirmando essa perspectiva, 69% das agências pesquisadas indicaram ter feito uso de inteligência artificial nos seus processos de trabalho no período. A área de Produção de conteúdo é a que mais demandou essa utilização: 77,9%. As outras áreas indicadas foram Relatórios, com 42,8%; Produção audiovisual, 32,4%; e Pesquisas sobre consumidores, 20,7%. Vem aí também a edição impressa Está marcado para 30 de maio o lançamento da edição impressa do Anuário da Comunicação Corporativa, em tiragem limitada, que poderá ser adquirida e retirada na Mega Brasil pelo valor de R$ 120. No caso de envio, o custo de postagem será de R$ 25,00. Informações com Bruna Valim ([email protected]) ou Clara Francisco ([email protected]). Aqui o link para a versão digital, aberta e gratuita: https:// www.virapagina.com.br/megabrasil/anuario2024/. Para consumir sem moderação. Anuário da Comunicação Corporativa Marco Rossi, Adriana Teixeira e Eduardo Ribeiro

Edição 1.461 página 15 Comunicação Corporativa Junia Nogueira de Sá Internacional n Carolina Holler, que atuou na comunicação e marketing da Hughes do Brasil por pouco mais de 4 anos e meio, iniciou em março nova jornada profissional, mas no exterior, contratada como líder de experiência de marca no Neiman Marcus Group, em São Francisco (EUA). Brasília n Cecília Crespo começou em março na Oficina Consultoria, como diretora da unidade de negócios de Publicidade e Propaganda, área focada em estratégias de mídia, influenciadores, branded content e campanhas de causa. Ela foi por 9 anos e 4 meses da Calia Comunicação, atuando, por último como diretora-geral de mídia. Ceará n Lia De Carli despediu-se em março da Divulga Ação, em que esteve por quase 3 anos e meio na função de analista, e começou em abril como coordenadora no Hub Cultural Porto Dragão, parceria da Secretaria da Cultura do Ceará e do Instituto Dragão do Mar. Minas Gerais n Ana Paula Doné, analista sênior, deixou a Usiminas, em que ficou por pouco mais de 2 anos e meio, até fevereiro. Ela também já esteve em LVBA, n Milena Cosmo é a nova superintendente de Comunicação Externa da Neonergia, função que assumiu após despedir-se da FSB Comunicação, em que esteve por quase 15 anos e meio, os últimos 8 como diretora executiva da agência. Agora cliente, ela sucede a Marcus de Barros Pinto, que deixou a empresa em março passado. Carolina Holler Cecília Crespo Lia De Carli Ana Paula Doné Karla Soares José Luiz Sykacz FleishmnHillard, RP1 (atual RPMA) e InPress Porter Novelli. Pará n Karla Soares mudou de lado: deixou a agência Temple, onde esteve por 5 anos e meio, até abril, e foi para o cliente, a Norsk Hydro, em que chegou para ocupar a função de analista. Ex-repórter do Grupo O Liberal, em Belém, ela também esteve por 1 ano e meio como analista sênior na Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar. Paraná n José Luiz Sykacz, assessor de imprensa no Grupo Excom, despediu-se da organização em março, após 11 meses de casa. Antes, foi redator freelancer por 3 anos na Elefante Mídia & Marketing. Rio de Janeiro Milena Cosmo assume a comunicação da Neonergia Milena Cosmo

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