Edição 1.458 página 32 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. No aguardado evento NAB Show 2024, a Futuri, empresa líder em tecnologia de mídia, compartilhou os resultados de um estudo pioneiro sobre o papel da inteligência artificial (IA) no cenário midiático. Daniel Anstandig, CEO da Futuri, e o coapresentador Ameca, um humanoide impulsionado por IA, revelaram insights importantes obtidos por meio de uma colaboração com a CMG Custom Research. O estudo, que entrevistou cerca de 5.200 consumidores de notícias de rádio e TV nos Estados Unidos, desafia as abordagens tradicionais de produção de conteúdo. A principal conclusão? A mídia está pronta para abraçar a IA como parceira na criação de conteúdo. Segundo Anstandig, o público já percebeu a presença da IA no rádio e na televisão. “Acreditamos que a IA pode tornar o conteúdo mais relevante e envolvente”, afirmou. No entanto, ele ressaltou a importância de informar o público sobre o uso dessas ferramentas e garantir que elas sejam aplicadas nos momentos certos. Essa mudança de paradigma revela uma indústria disposta a explorar todo o potencial da tecnologia. Com a demanda por conteúdo atingindo níveis sem precedentes, a colaboração humano-IA capacita as equipes de transmissão a gerar volumes massivos de conteúdo para múltiplas plataformas, mantendo o público satisfeito e informado. A integração da inteligência artificial na mídia está avançando a passos largos, com 20% dos americanos acreditando que já escutaram estações de rádio operadas por IA, embora isso não corresponda à realidade atual. Cerca de 49% dos espectadores de notícias televisivas estão convencidos de terem visto âncoras virtuais gerados por IA, um indicativo da crescente presença dessa tecnologia no setor. Na pesquisa sobre a adequação da IA, consumidores atribuíram altas pontuações à compatibilidade dela com suas marcas favoritas, sugerindo uma prontidão maior do que se previa para aceitar conteúdo gerado. A distinção entre vozes humanas e sintetizadas por IA está se torA colaboração humano-IA na mídia nando cada vez mais tênue. Em testes com amostras de áudio, 60% dos ouvintes confundiram vozes de IA com humanas. Avatares de vídeo de IA também foram apresentados, mostrando promessa, mas ainda não estão prontos para o horário nobre, sendo mais adequados para canais digitais e sociais. As redes sociais emergiram como a principal fonte de notícias para o público, superando os meios de comunicação locais em 50% em termos de frequência de acesso. Isso reflete uma mudança significativa no consumo de informação e destaca a necessidade de adaptação dos meios de comunicação tradicionais. A personalização de apresentadores de IA é uma tendência crescente, com 45% dos entrevistados expressando interesse em personalizar apresentadores de rádio ou podcast baseados nesta tecnologia. Além disso, 41% gostariam de adaptar o tipo de conteúdo entregue, evidenciando um desejo por experiências de mídia personalizadas. A confiança no potencial da tecnologia para melhorar o conteúdo de notícias é alta, com 45% dos espectadores acreditando que o programa pode selecionar notícias de forma mais eficaz e 54% confiando na capacidade da IA de aprimorar previsões meteorológicas. Por fim, a transparência no uso da IA é uma demanda clara do público, com 90% dos entrevistados desejando ser informados quando o conteúdo ou os apresentadores são impulsionados por esta tecnologia, sublinhando a importância da divulgação e da ética na nova era da informação. De modo geral a pesquisa revelou que os consumidores de mídia estão mais abertos para receberem conteúdos feitos com Inteligência Artificial do que os empresários do setor esperavam. Desta forma, abre-se um largo caminho para a implantação desses recursos nas emissoras de rádio e TV, mas ainda há o temor de que o uso de IA seja uma forma de reduzir custos cortando pessoal. O mercado brasileiro ainda está longe desse tipo de discussão, mas temos de nos preparar pois em breve será uma realidade inevitável por aqui. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link. Daniel Anstandig e o humanoide Ameca
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