Jornalistas&Cia 1456

Edição 1.455 página 38 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. O consumo de áudio, rádio e mídias sonoras tem passado por transformações significativas, especialmente entre os jovens, tanto no Brasil quanto no mundo. Por aqui, pesquisas recentes têm apontado para um aumento no consumo de áudio digital, impulsionado principalmente pelo crescimento de plataformas de streaming de música, podcasts e audiolivros. Segundo dados da pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media em 2022, os jovens brasileiros estão entre os principais consumidores de podcasts, representando cerca de 60% do público total desse formato no País (Kantar Ibope Media, 2022). No entanto, o consumo de rádio tradicional entre os jovens brasileiros tem apresentado uma tendência de queda, com preferência por formatos mais personalizados e sob demanda, como os podcasts e playlists customizadas. Essa mudança de comportamento pode estar relacionada à busca por conteúdo mais segmentado e adaptado aos interesses individuais dos jovens (Rádio, Televisão e Internet, 2022). Globalmente, o cenário do consumo de áudio e rádio entre os jovens também tem sido marcado pela ascensão das plataformas digitais. De acordo com a pesquisa da Edison Research, realizada nos Estados Unidos em 2023, os jovens adultos entre 18 e 34 anos são os maiores consumidores de podcasts, representando mais de 50% do público total desse formato (Edison Research, 2023). Mas, novas tendências de mudanças já estão no horizonte. Entre elas as emissoras de rádio, brasileiras e estrangeiras, devem ficar atentas a uma alteração significativa no comportamento dos jovens. As plataformas sociais Instagram e TikTok ultrapassaram o Google como serviços mais utilizados pela Geração Z para buscar empresas locais, revela um estudo da SOCi. Enquanto o Google ainda é predominante entre usuários mais velhos, 67% dos jovens preferem o Instagram e 62% escolhem o TikTok para descobrir locais para compras presenciais. O relatório da SOCi, uma plataforma de marketing, indica que o Google, com 61% da preferência, caiu para a terceira posição entre os jovens, embora mantenha sua força com as gerações anteriores. As redes sociais estão ganhando terreno como recurso de busca por empresas locais em todas as faixas etárias. A pesquisa aponta que o ChatGPT pode representar uma nova ameaça ao domínio do Google nas buscas. Isso ocorre em um momento de atualizações significativas no serviço de busca do Google, incluindo a integração do modelo de IA Gemini ao Google Ads. Os dados da SOCi corroboram a suspeita de que o monopólio do Google nas buscas está em risco. Apesar de as buscas continuarem Mudança do perfil de busca dos jovens indica novas tendências de consumo sendo o maior segmento da empresa, com um aumento de 12,7% no último trimestre, para US$ 48 bilhões, relatórios internos vazados sugerem que a Geração Z está se voltando cada vez mais para as redes sociais para realizar buscas. Além da Geração Z, definida pela SOCi como indivíduos entre 18 e 24 anos, a mídia social está crescendo como ferramenta de pesquisa em outras faixas etárias. Google Search e Google Maps lideram a busca por empresas locais em geral, seguidos por Facebook, Instagram, TikTok e Snapchat. O Facebook é a principal plataforma de busca local para consumidores entre 35 e 44 anos e para aqueles entre 25 e 34 anos, enquanto o Instagram atrai 50% e 54% desses grupos, respectivamente. O relatório também destaca o ChatGPT como um disruptor potencial no mercado de buscas. Enquanto isso, o Google investe em sua própria tecnologia de IA, Gemini, que começou a ser implementada no Google Ads em janeiro. Os primeiros testes indicam que os anunciantes conseguiram criar campanhas de pesquisa mais eficazes com menos esforço. No entanto, o Gemini enfrenta desafios relacionados à desinformação, um problema comum em ferramentas generativas de IA. Apesar desses desafios, o Google continua sendo o principal serviço de busca local para usuários mais velhos, com uma lealdade de 79% entre aqueles de 55 a 64 anos, 76% de 35 a 44 anos e 74% de 45 a 54 anos. O Google Maps também se destaca, sendo referência para 60% dos consumidores de 55 a 64 anos e 57% dos de 45 a 54 anos. Essas informações são parte do Índice de Comportamento do Consumidor de 2024 da SOCi, que analisa a interação dos consumidores com empresas locais tanto no ambiente online quanto off-line, baseado em uma pesquisa com mais de 1.000 consumidores americanos. Diante destes dados, temos que considerar que os mais jovens estão se concentrando em outras ferramentas de busca e que, para ter a atenção deste grupo, as emissoras de rádio e outras instituições de mídia deverão entender às tendencias e novas formas de consumo. As tecnologias de busca e IA estão em franco desenvolvimento e cada vez mais transformando o percurso de consumo dos usuários na web. Vale acompanhar!!!! Referências: Kantar IBOPE Media. (2022). Pesquisa Podcasts no Brasil: Panorama 2022 Rádio, Televisão e Internet. (2022). Pesquisa Brasileira de Mídia 2022 Edison Research. (2023). The Podcast Consumer 2023 Ofcom. (2022). Media Nations: UK 2022. Médiamétrie. (2023). Étude Global Audio 2023 Smith, J., et al. (2022). Generation Gap in Audio Consumption: A Comparative Study. Journal of Media Studies, 25(3), 45-58 Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

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