Jornalistas&Cia 1452

Edição 1.452 página 22 Centro-Oeste Brasília n Jornalista e cronista dos mais conhecidos em Brasília, Paulo Pestana morreu aos 66 anos, em 11 de março. Ele passou mal na noite de domingo e foi levado para um hospital da Asa Norte, com suspeita de dengue, mas a causa da morte não foi revelada. No DF desde 1973, Pestana trabalhou em veículos como Rádio Nacional, Rede Globo e os jornais O Estado de S. Paulo e Correio Braziliense. No CB, ultimamente assinava crônicas em dois suplementos, tendo publicado a última no domingo (10). Trabalhou por lá em diversas editorias, de repórter especial a editor executivo. u Sobre a perda, o governador Ibaneis decretou luto na cidade por três dias e declarou: “Uma perda muito grande. Um excelente articulador, profissional excepcional. Perco um dos meus principais mentores políticos”. O Sindicato dos jornalistas do DF também lamentou, em nota, a morte de Pestana. O velório foi realizado no Cemitério Campo da Esperança e o corpo foi cremado em Valparaíso de Goiás. u Paranaense de Ponta Grossa, Pestana deixou a mulher Zelinda Lucca, dois filhos e dois netos. n A EBC celebrou em 11/3 os 50 anos do seu Parque do Rodeador, com a transmissão, ao longo do dia, diretamente do local, dos programas da Rádio Nacional da Amazônia. A cerimônia incluiu homenagem aos empregados do parque, a exibição de audiodocumentário que reconta a história do complexo e uma edição especial do programa Ponto de Encontro. u Inaugurado em 11/3/1974, próximo a Brazlândia, região administrativa do DF, o parque abriga um dos maiores complexos de transmissão radiofônica do País, incluindo os transmissores em ondas curtas da Rádio Nacional da Amazônia, a única emissora do País que consegue ter alcance nacional e até internacional. A área abriga quatro conjuntos de antenas gigantes. São as únicas que permitem a transmissão radiofônica em vastas áreas da superfície terrestre, ultrapassando fronteiras. O Parque é decisivo para fazer chegar informação e prestação de serviços a comunidades ribeirinhas, indígenas e áreas mais isoladas da Amazônia. u “O Rodeador impacta o cidadão na ponta, no dia a dia das populações, e por isso é uma peça fundamental no fortalecimento da radiodifusão pública brasileira”, destaca Jean Lima, diretor-presidente da EBC. Maíra Bittencourt, diretora-geral da empresa, aponta que “além da comunicação pública, esse tipo de estrutura serve como forma de comunicação alternativa em casos de impossibilidade de outras formas. Em 2022, tivemos o exemplo da BBC, que retomou o serviço em meio à guerra, transmitindo para Ucrânia e Rússia em ondas curtas. Desse modo, ter o parque em funcionamento é também uma maneira de defesa nacional”. O adeus e as homenagens a Paulo Pestana As homenagens de alguns amigos “Sou amigo e fã do conhecimento geral dele, do conhecimento humano. Falam muito sobre o conhecimento musical dele, ele também tinha uma memória fabulosa, um vocabulário vastíssimo.” (Luís Natal) “Dono de uma elegância e de uma correção incríveis e inigualáveis. Sempre acessível, sempre honesto, sempre cabeça aberta e boa. Que coisa mais triste. Meus sentimentos à família e aos muitos amigos que ele tinha.” (Daniela Lima) “Com o Paulinho foram muitas pautas, muitas noites de edição, madrugadas de uísque e de papos. Foram duas Copas do Mundo lá no Lago Norte, uma delas com um festão pelo penta, e lá se vão 22 anos. Culto, tinha uma biblioteca invejável, uma coleção de vinis absolutamente completa e um vasto conhecimento sobre tudo. Era calmo ao se expressar, por isso resolvia muitas brigas com a mais absoluta diplomacia. Fará falta para a família, para os amigos e para este quadradinho aqui. Estamos todos órfãos dele.” (Jorge Eduardo Antunes) n Um jornalista nato, tratava com genialidade e sutileza os mais diversos temas de nosso cotidiano. Conhecia como poucos a política e as peculiaridades do nosso DF. Abrilhantou durante muitos anos a redação do nosso jornal. Uma inestimável perda!” (Guilherme Machado, presidente do CB). “Era inevitável. No que se metesse a fazer, fosse crônica, edição, reportagem, imagem, direção de jornal, campanha eleitoral, texto publicitário, o que fosse, Paulo Pestana era o melhor. Na sua carreira, muito menos longa do que todos esperavam, brilhou em tudo. Deu uma nova feição ao Jornal Nacional, inventou no Correio Braziliense uma editoria de Cultura que até os mais refratários gostavam de ler, abriu caminhos inesperados no venerando Estadão, salvou da extinção um Jornal de Brasília corroído por duas gestões suicidas, falou de música como ninguém, publicou até dois dias atrás crônicas que lembravam os anos áureos desse tipo de texto, construiu do nada equipes brilhantes, ganhou eleições perdidas. Seria possível prosseguir nessa história por muito tempo. Mas aí não haveria tempo para dizer que Paulo Pestana fez tudo isso se divertindo. Mais ainda, fez tudo isso de modo a quem com ele trabalhava – trabalhava? – também se divertia. Era capaz de fazer uma avaliação política surpreendente com a mesma alegria com que escrevia sobre música. Tudo isso é uma forma disfarçada de dizer que só tinha amigos. Em um segmento social em que a maledicência é a regra, nunca se ouvia ninguém criticá-lo. Todo esse relato poderia ser interpretado como forma de dizer que Paulo Pestana só deixa saudades. Mas não é. É para dizer que não conheço ninguém como ele e acho que nunca conhecerei. (Eduardo Brito da Cunha) Curtas-DF Parque do Rodeador da EBC completa 50 anos Complexo é um dos maiores parques de transmissão da América Latina Fabio Giacomelli/MKT/EBC Paulo Pestana

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