Jornalistas&Cia 1438

Edição 1.438 página 44 ou não, que desejem trabalhar com temas de interesse público de maneira independente. As inscrições devem ser feitas após a leitura do regulamento. n Veículos feministas prestaram apoio a Shirlei Alves, condenada por expor juiz e promotor do caso Mari Ferrer. Shirlei denunciou em 2020 as humilhações que a influenciadora digital Mariana Ferrer sofreu durante audiência judicial sobre um caso de estupro. O episódio gerou a Lei Mariana Ferrer, que pune atos contra a dignidade de vítimas de estupro e testemunhas do processo nos julgamentos. O promotor e juiz do caso processaram a repórter por danos morais. Em texto, Revista AzMina, Portal Catarinas e Gênero e Número ressaltam que a decisão afeta a liberdade de imprensa e estimula autocensura e alertam para a importância da mobilização contra ela. conitnuação - Curtas Acordei hoje (25/11) com a notícia do falecimento do Seu Batista (ver Goiás, na pág, xx). Era assim que chamávamos o Batista Custódio, fundador do Diário da Manhã, veículo onde iniciei minha carreira de jornalista, em Goiânia. Corpulento, voz alta, o bigode característico que sempre o acompanhava. Era um homem temido, respeitado e divertido. Quantas vezes fui chamada à sala dele, uma sala de vidro no meio da redação, para comer um pão de queijo. Mas a piada sempre vinha junto: você é tão magra que vai dar para ver o pão de queijo descendo para sua barriga. Certa vez eu iria entrevistar uma figura controversa e ele estava me brifando. De repente, olhou para a minha blusa e disparou: “Mas você vai com essa blusa? Se te derem um tiro nem vai ficar bom na foto”. Em outra ocasião, me ligou antes das 7h da manhã. Eu, que tinha ficado na redação até a 1h, reclamei. E ele: Rejane, gente importante neste Estado já está acordada há muito mais tempo que isso. E eu, do alto dos meus 22 anos: tudo velho, igual a você. “Ah, menina, você não tem jeito” e se acabou de rir. Esse era o seu Batista. Capaz de brincadeiras e, ao mesmo tempo, de broncas homéricas. Capaz de se relacionar como ninguém entre os poderosos de Goiás. Guardo dele esse senso de humor, mas também uma das cenas mais tristes que já presenciei, quando chegou ao velório do filho, Fábio, vindo do interior do Mato Grosso. Aquela tristeza que vi me fez pensar que um pai (e uma mãe) nunca deveria perder um filho na vida. Batista Custódio foi um homem do tempo dele e abriu caminho para várias gerações de jornalistas. Hoje queria deixar o meu singelo agradecimento. n A história desta semana é de uma estreante neste espaço, Rejane Braz, “goiana de nascimento, mineira de coração e flamenguista por herança”. Começou a carreira em redações, mudou para a comunicação corporativa em 2003 e caiu no mercado financeiro. Antes de embarcar no Banco BS2 – onde é responsável por Comunicação Corporativa e ESG −, atuou em instituições como Unibanco, Itaú e Santander. Formada em comunicação social pela UFG, tem especializações na PUC- SP, na Syracuse University e na Escola Aberje. Rejane Braz Entre brincadeiras e broncas Batista Custódio

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