Jornalistas&Cia 1438

Edição 1.438 página 32 100 ANOS DE RÁDIO NO BRASIL Por Álvaro Bufarah (*) (*) Jornalista e professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e do Mackenzie, pesquisador do tema, integra um grupo criado pela Intercom com outros cem professores de várias universidades e regiões do País. Ao longo da carreira, dedicou quase duas décadas ao rádio, em emissoras como CBN, EBC e Globo. Dados da pesquisa The Spoken Word Audio Report 2023, produzida por NPR (National Public Radio) e Edison Research, indicam que houve um aumento na audição dos conteúdos em áudio falado (Talk), formato que engloba notícias, esportes, programas de personalidades e audiobooks. Esse relatório dá mais atenção aos locais de audição e exploração do consumo de áudio em casa, no trabalho, no carro e em outros locais. As descobertas foram divulgadas por Lamar Johnson, vice-presidente de marketing de patrocínio da National Public Media (NPM), e Megan Lazovick, vice-presidente de pesquisa da Edison. As principais conclusões do relatório incluem: • A quantidade do público de áudio falado e o tempo de audição atingem níveis recordes: quase metade (48%) − aproximadamente 135 milhões de pessoas – dos ouvintes nos EUA com mais de 13 anos acompanham algum tipo de áudio falado diariamente, um aumento de dois pontos percentuais em relação ao último ano (46%). • Esses ouvintes gastaram 31% do seu tempo diário de áudio com áudio falado, o que representa um aumento de 55% em relação a nove anos atrás (20%). • A audição cresceu dramaticamente em casa: 60% do tempo total diário gasto com áudio é em casa, 24% no carro, 13% no trabalho e 3% em algum outro local. O tempo gasto ouvindo esse tipo de conteúdo em casa aumentou para 41 minutos diários em 2023, de 27 diários minutos em 2014. • A escuta de conteúdos falados no carro mudou após a pandemia, mas a rádio AM/FM continua no topo. O tempo diário gasto no carro diminuiu de 36% em 2014 para 24% em 2023. Mesmo assim, 62% do formato Talk é consumido por meio do rádio AM/FM, incluindo formatos on air e streaming. Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores foi que pela primeira vez os dispositivos móveis são a principal forma de acesso das pessoas a esse conteúdo de áudio Talk, sendo que 39% do áudio consumido diariamente por pessoas com mais de 13 anos nos EUA está em um dispositivo móvel, seguido por 35% em um AM/FM nos receptores de rádio. Em casa, a situação não muda muito: 41% do conteúdo de áudio falado é consumido em um dispositivo móvel e no trabalho, 47%. Já nos carros, os receptores de rádio AM/FM ainda Sobe o tempo de escuta de rádios faladas nos Estados Unidos dominam o cenário de escuta desse tipo de áudio, pois 60% dos ouvintes afirmam acessar os conteúdos pelos rádios automotivos. Os podcasts representam uma parcela grande e crescente da audição de áudios falados: eles agora representam mais de um terço (36%) do tempo gasto com esse tipo de conteúdo e nos automóveis 40% da escuta vai para podcasts. No grupo de ouvintes nos carros 28% do tempo de audição é com materiais da NPR/Rádio Pública. Lamar Johnson, da NPM, expressou otimismo diante dos resultados, afirmando que o aumento no número de ouvintes e no tempo dedicado ao Spoken Word Audio em 2023 cria uma oportunidade poderosa para marcas expandirem e envolverem seu público. Já Megan Lazovick, da Edison Research, ressalta a mudança cultural para o digital impulsionando o sucesso dos podcasts, observando que a excitação crescente por esse formato está moldando a cultura digital de maneira significativa. O estudo, conduzido pela Edison Research, baseou-se no Share of Ear, uma pesquisa trimestral que pede aos participantes para manterem um diário detalhado de um dia sobre seu uso de áudio. A amostra, representativa nacionalmente, foi composta por 4.193 participantes com 13 anos ou mais. Esses dados revelam não apenas o presente vigoroso do áudio de palavra falada, mas também apontam para um futuro em que os podcasts desempenharão um papel cada vez mais central na forma como consumimos conteúdo auditivo. Com dispositivos móveis liderando a carga e os números de público e tempo de audição níveis recordes, o panorama do áudio falado nos EUA está passando por uma transformação gigantesca. Importante destacar que a pesquisa foi desenvolvida por duas grandes empresas do setor: a NPR, conhecida por suas reportagens rigorosas e narrativa envolvente, alcança diariamente milhões de americanos através de diversas plataformas − seja no rádio, online ou pessoalmente. Com uma extensa rede de jornalistas premiados e 17 escritórios internacionais, a empresa oferece uma variedade de podcasts, incluindo NPR One, NPR News Now e Visual Newscast. E a Edison Research, renomada por suas pesquisas estratégicas, atende a clientes em todo o mundo, incluindo marcas como Apple, Disney e Google. Especialista em pesquisa de podcast, a empresa colabora para NPR, Spotify, ESPN, entre outros. Seu alcance não se limita aos Estados Unidos, estendendo-se por América do Sul, África, Ásia, Austrália e Europa. Você pode ler e ouvir este e outros conteúdos na íntegra no RadioFrequencia, um blog que teve início como uma coluna semanal na newsletter Jornalistas&Cia para tratar sobre temas da rádio e mídia sonora. As entrevistas também podem ser ouvidas em formato de podcast neste link.

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